quinta-feira, abril 26, 2007

Primeiro Tempo


- Sem dúvida nenhuma o Botafogo me parece o favorito para a grande decisão do campeonato estadual.- Acho o time do Flamengo um pouco inferior do meio pra frente. Comparando Souza e Dodô?

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E começa o jogo...

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Olha, eu até acho justo dizer patavinas do meu time de coração; entendo que realmente gosto não se discute. Outro dia li que "torcer para o tricolor deve ser muito bom" (sobre o fato de o Grêmio ter que ganhar de 3 e fazer 4). Isso me fez refletir sobre torcer.
Sempre há caminhos distintos e , muitas das vezes, opostos. Um frio, outro quente; um verdade, outro mente; um estranho, outro a gente entende. E as escolhas geralmente se dão por momento. Torcer hoje em dia é assim.
Torço para que chova amanhã só pra (eu!) ficar em casa, na cama. Torço para que o Vasco perca porque eu não gosto desse time. Torço para que aquele menino se dê mal com aquela menina porque ela é linda demais pra ele. Torço para que ele perca, pra eu poder ganhar.
O individualismo impera. O coletivo agoniza. Torcer, hoje em dia, é um chute que bate na trave da ordem, do bom, do sensato. Não penso duas vezes antes de torcer. Se chove amanhã, e quem não tem teto? E quem vive do sol? E se a renda de alguém depende inteiramente da vitória do Vasco? E se o menino está sinceramente apaixonado pela menina?O certo é torcer com o coração. Está bem, sei que pra um ganhar, o outro tem que perder. Mas não sejamos tão cruéis.
Vamos melhorar?
Estou na torcida.

"
- Fim do primeiro tempo. Tudo igual aqui no Maracanã. Que venha o segundo tempo!

terça-feira, abril 17, 2007

Vôo de rotina.


Agora mesmo bateu uma puta vontade de comer pipoca, vendo Diários de Motocicleta ou A Balada do Pistoleiro (às vezes me sinto meio Antônio Bandeiras nesse filme, El Mariachi), deitado na minha cama. E quem disse que tenho dado atenção a ela? Traduza isto como uma falta de tempo pra realmente dormir.
Estou sentado numa cadeira desconfortável (tá, desconfortável mesmo é estar digitando um texto com um olho no monitor e o outro no saguão) preso a um sistema estranho de "faça esta porra", "Mas eu não sei", "Foda-se, faça esta porra. Eu não perguntei se você sabe." E eu vou e faço... errado. Aqui é assim. Exatamente assim.
De um lado uma senhora desbocada e estranhamente extrovertida da OceanAir. Do outro um senhor caladão da Team, também uma empresa aérea. Na minha frente passa o Alemão do BBB e umas dez mulheres numa mescla de vontade de agarrá-lo e vergonha para abordá-lo. Do lado de fora uma barulheira sem igual dos aviõs do RedBull Air Race fazendo provavelmente o equivalente aos treinos livres da Fórmula 1. Sobrevoam o aeroporto de cabo a rabo obrigando a curiosidade de todos esticar os olhos para os céus.


E chega um colega de trabalho. Ele é estranho, fala enrolado. Aliás, aqui todos são meio exóticos. Espanhol, holandês, americano, argentinos, todos numa linguagem arrogante chamada dinheiro. Dos companheiros de labuta eu falo somente que tudo que é pode ser ou não. Os sorrisos são frágeis demais. As piadas fazem chorar. A cooperação faz é machucar. E quanto mais gente chega, mais parece que a consequência principal é ficar sozinho.


Espera um pouco! Inrrompeu o meu raciocínio uma beldade da Embratel (um daqueles estandes de informações que não informam nada), loira, sorridente e muito simpática. Ela quer uma torta salgada. E veio perguntar logo pra quem? Respondi coisas que nem lembro mais. E olha, fazem somente dois minutos que ela se foi.


No monitor, orkut e blog abertos. Recado da irmã que foi pra Portugal, recado da menina avisando da aula, da pessoa especial somente marcando presença e a janelinha piscando da amiga informando o horário do RedBull Air Race.


Daqui a pouco o check-in começa. Pra quem não sabe, é aquele ritual em que se atende o passageiro, pesa bagagem, lacra, etiqueta e manda cada um pra um canto. Passageiro pra sala de embarque e bagagem pra esteira.


Ali, logo atrás, o supervisor com cara de mau. Do lado o colega de trabalho esperando um furo seu. E por aqui, por ali, mulheres, loiras, confiantes, morenas, exaustas, ruivas, sorridentes, educadas à espreita do serviço aéreo.


Também não é de todo um mal. Recebo (mal) por isso. Acordo (mal) pra isso. Mas continuo escrevendo, vejo coisas novas, novas sensações. Até para o lado ruim, existe o lado bom. Para escrever isto, apenas vivenciando.





- Ei, saia do orkut. Aquele que vem ali é o Comandante do Avião.


- Ta ok.





E depois do vôo eu vou pra casa, uma hora e meia de viagem. Nem dará tempo de almoçar. Um banho no máximo e faculdade. Pronto.





- Vamos Thiago!


- Ta ok. Estou indo. São quantos passageiros hoje mesmo?

quinta-feira, abril 12, 2007

Se eu disser

Se eu disser que todo famoso é estúpido
Se eu disser que todo mar é salgado
Se eu disser que todo peixe machuca
Estaria mentindo.

Se eu disser que minha casa é uma bagunça
Ninguém entenderia que ela somente está uma bagunça.
E dizendo que eu estou confuso
Muito acreditariam que sou confuso.
Assim, estaria mentindo.

Se eu disser que quem ganha dinheiro é feliz
Se eu disser que alguém que ama e é amado, é feliz
Estaria vos enganando porque não é bem assim.
Feliz de quem acredita.

Se eu disser que sou honesto?
Acreditaria que menti?
Se eu disser que sou muito romântico
Acreditaria que já não fui assim?

Se eu disser que tudo começou lendo uma frase num blog qualquer
Se eu disser que o Murilo Benício tropeçou em mim
Se eu disser que já recebi cantada
Se eu disser que já cantei mulher.

Se eu disser que errei conta fácil
Que troquei abril por março
Acreditaria que aqui
Alguém seguiu meus passos?

Se eu disser que morri
Que nasci
Que cobri
O meu colorir

Se eu disser que você
Arroz bambolê
Rebolando nas letras daqui
É a coisa mais importante pra mim

Acreditaria?

Pois bem. Acredite.