quinta-feira, janeiro 31, 2008

Tito e Nôninha

- Tito, tito...
- Que foi?
- Sai da frente da tv.
- Tudo bem.

Ele senta ao lado dela. Disfarça. Arranha a garganta, tosse, esfrega a poltrona. Começa a fazer carícias nela.

- Nôninha, deixa esse jogo de lado. Vamos lá dentro que te mostro o campeonato pegando fogo.
- To vendo o jogo, Tito.

O homem vai para o quarto, pega uns pesos e malha por vinte minutos. O corpo fica convidativo (foi uma definição que ela mesma tivera dado antes para o corpo dele de musculos normais, suados e atiçados). Voltou para sala. Abraçou-a, beijou seu pescoço, parou na frente de tv de calça jeans, apenas ela.

- Titão, sai daí.
- Poxa, amor. Você sempre me troca por esse jogo aí. Nunca ví isso. Você tem que gostar de coisas femininas. Eu mesmo, que sou homem, não gosto de futebol.
- O que você quer, meu moreno?
- Atenção, carinho, amor...
- Tá carente é?
- Tô carente de você. - e faz aquela cara de cachorro com frio
- E não tem isso?
- Agora não to tendo. Quero mais romance, amor.
- Quer romance? Vai comprar um livro.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Coisas

Poc poc poc
- O que é isso?
Cof cof cof
- O que tá fazendo?
Snif snif snif
- O que é?
Crash crash
- Tem como voce me dar atenção?
Xiu xiu
- Xiu é o ca...
- Testando Onomatopéias. O nosso autor deve tê-las escrito muito bem.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Crônica do filho de amanhã

- Você não é de nada.
- Sou de tudo sim, tá?
- Só porque carrega esse I-pod gigante?
- Isso é um walk-man.
- E só porque fica guardando CD gigante?
- Isso é vinil.
- Você tem barba e joga uma espuma pra tirar com um metalzinho.
- Para barbear nada melhor que uma navalha.
- Você usa canetas!
- Mas já aprendi a digitar.
- Seu celular não tem nada mais que telefone.
- Celular é telefone móvel. E só.
- Pelo menos uma câmera...
- Detesto.
- Por falar em câmera. Poxa vida, ainda usa filmes, câmeras analógicas, das que revelam fotos ainda. Ainda tem gente que revela isso?
- É verdade que essa nem do meu tempo é. Mas eu gosto.
- Você é engraçado. E anda descalço.
- Sou livre, po.
- Vai ficar doente assim. Tem medo não?
- Não morrerei disso.
- Mas vai morrer de câncer com esses charutos aí.
- Só lá pra frente.
- Ai ai. Cinto na barriga. Nem separa o lixo, nem os recicláveis. Plantaçãozinha de pimenta e tomate no fundo da varanda.
- Você realmente acha estranhas essas coisas?
- Acho. E acho muito. E ainda canta Babado Novo...
- Era uma época boa.
- Devia ser mesmo.
- Deixa de ser irônico, menino.
- Você é engraçado. Aquelas tuas fotos...
- Melhor não falar mais nada. Somos de mundos diferentes, meu filho.
- Pai, você realmente tem umas coisas e manias muito esquisitas.
- Somos de outras e tantas gerações.
- Seus primos, meus primos, minhas avós, minha mãe, minha bisavó, no caso, sua tataravô...
- Tenho a impressão de que tem gente que nem é de geração alguma.
- Meu filho, isso já é outra história.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Os sonos terríveis

Nas últimas duas semanas acordo no meio da noite. Às vezes se sente um pesadelo, mas por todas essas não sinto isso. Sinto apenas tensão. Uma inquietação absurda. Sempre às duas, três da manhã. Apenas um despertar para voltar ao sono depois. Mas neste último eu tive um pesadelo. Por épocas sonho que levei um tiro nas costas, sempre nela. O pesadelo de agora fora ainda mais estranho. Nele eu caminhava pelo corredor da casa onde morei na infância - a qual eu não visito a mais de cinco anos - e ao passar por um espelho pendurado na parede da sala de jantar - espelho que por sua vez nunca existiu - e eu me via aparentemente normal. Olhos normais, nariz, pele, tudo normal. A boca é que parecia congelada, ressecada, morta. Eu me mezia e apenas a boca não mudava. Olhava mais de perto, os dentes pareciam podres, os lábios meio quebrados. Eu mexia mais e nada mudava no espelho. Eu sorria bem largo, bem reluzente e no espelho nada mudava. Foi nesse desespero que acordei. Ainda confio que acordei do pesadelo do sono para viver no sonho que é a vida. Dormir tem sido terrível.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Eram dez e vinte e sete da sexta-feira dezoito hoje do mês corrente

Tá legal. Foi sufocando aquele sufoco casual. O peito foi queimando aquela mesma fogueira. Foi tremendo absurdamente as pernas, mãos e músculos do braço. Os olhos recorreram às lágrimas para fazer valer o amor que sinto. Que tem? Lágrimas não a trazem aqui, não falam alto, não são atestado algum de sinceridade. Andava misturado àquelas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro eu e aquelas luzes amareladas e enfadonhas. Tivesse um padre ali eu noivava daquela luz tamanha a sua perseguição. E nisso, umas oito da noite, quis porque quis ligar para ela, resolver aquilo. Sou covarde. E quem disse que meu carro pegou? Nem no tranco. Nem na reza. Impaciente peguei o 100 para casa. Praça XV, mergulhão, rodrigues alves, perimetral, ponte Rio-Niterói, esse negro, Isabela, o mar, um casal à beira do mar, o céu, ela novamente. Meus pensamentos beiram ela, sempre. Saltei do ônibus fingindo taquicardia. Tive um surto. Fui à Tijuca atrás dela. De ônibus, claro.
Bati ao número 55. Era uma daquelas casinhas antigas, com varanda e potãozinho. Este, entreaberto. Entrei. Caminhei dois metros e vi a janela aberta deixando fugir uma luz. Esquece. Não, não esquece. Era meia luz. Uma cama, umas sombras, uma mulher sentada em cima de um homem deitado. Tive comigo, era ela e o paulista. Fugi.
Nem sei onde fui parar. Dei conta que eram dez e vinte e sete da sexta-feira dezoito do mês de janeiro mesmo. Era ano de dois mil e oito. Recordo de tudo em detalhes. Ao menos dos principais. Voltei para niterói no mesmo 100 com o mesmo trocador duvidoso, com o mesmo morotorista louco. Perguntaram da taquicardia. Chamei-a de Isacardia. Os ignorantes acreditaram.
Morava ali mesmo no Benfica, um bairro nobre da vizinha nobre do Rio de Janeiro. A rua era um pouco escura. Mas naquele dezoito de janeiro estava completamente escura exceto um brilho distinto lá pelo número 303, ao lado da padaria do Alceu. Meu caro leitor, eu moro à essa rua na altura do 303. Poderia ser cansaço, loucura ou coisa igual. O amor tem dessas. O desamor tem dessas piores. Estava sangrando com a cena anterior. Subi aos poucos os olhos. Era um vestido amarronzado tremulando a uma brisa leve. Uma gota também leve molhou o dedo segundo do pé dela. Sim, uma mulher.
- Terminamos.
- Isabela?
- Ele aproveitou a desconfiança e se desfez.
- Que se dane o paulista. Vamos ficar pelo rio mesmo. Posso?
- Pode o quê?
- Eu não quero ouvir mais nada.
- Então não tenho mais o que fazer.
À meia-noite, passagem do dia dezoito para o dia dezenove, depois de saber que não era ela na cena avistada - era a irmã com o respectivo namorado, um mineiro - usei a mão dela de travesseiro. O dia que não acabou.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Era meio-dia e dezesseis da sexta-feira dezoito de sei lá que mês

Meu inimigo número um reapareceu. Não que tivesse sumido. Mas resolveu aparecer nos seus mais inspirados momentos de vilania. Não entendo porque hoje, exatamente hoje, ela acordou das profundezas do que eu julgava morno. Claro que pensava nela. Mas hoje fervilhou tudo. Coração canalha. É um jogo de paciência. Meu coração em conluio com a cabeça, inimiga cruel, vai saturando a minha normalidade. Primeiro vem o nome. Depois as lembranças. E como numa encenação de Shakespeare o último ato, a depressão, a tragédia.
Almoço. Fui degustar da minha mais digna hora do dia. Essa coisa de trabalhar com pediatria cansa mesmo. Mesmo que eu seja um mecânico dos veículos bem arrumados. Mesmo que eu sempre esteja completamente esquecido no quintal fedido do Hotel torto que nem lembro o nome também lá perto do Forte de Copacabana, sou gente e mereço comer. Eram minutos após o meio-dia. Deixe-me ver ao celular. Sim, eram meio-dia e dezesseis da sexta-feira dezoito de sei lá que mês que eu caminhava ligeiro e tumultuado pela Rua Tonelero na altura de um prédio estranho – todos por ali o são. As pedras portuguesas são a cara do Rio de Janeiro. E são também a tortura dos meus pés. Pisei torto em uma delas, um buraco onde não havia a pedrinha dita. Sambei pelas bandas em frente ao self-service bonitinho e ordinário. Dei com as ancas num ferro à beira da calçada e beijei o chão. Nada que deixasse marcas a não ser a gargalhada do Almir.
- Machucou?
Não respondi. Juro que sou uma pessoa calma depois de ter deixado um rapaz três dias no CTI por ter me olhado diferente.
A mais viajada não devia estar em casa. Nem que fosse de prazer, uma excitação que me fere só de imaginar numa tórrida cena de sexo que meus olhos não verão jamais com o meu rival. Meu caro leitor, minha pior tortura é imaginá-la com ele. Pior que não tê-la é imaginá-la com outro. Pedi um filé de frango, arroz, farofa e uma coca-cola. O arroz estava ruim, grudento, cinzento. A farofa tinha aqueles pedaços de ovo e umas coisas indefectíveis. E o filé estava realmente bom. Nem tanto para me fazer vibrar. Era então o celular. Piscava na tela Isabela Casa.
- Você me ligou? Aliás, foi você que passou trote para minha casa de manhã cedo?
- Foi e não foi. Isabela. Tudo bem? Eu até liguei pra sua casa mas não tive coragem de falar e desliguei. Como soube?
- Meu celular tem um serviço de avisar quem ligou quando desligado. Apareceu seu número.
Ela desligou o telefone. Liguei novamente.
- Eu só queria dizer que não te esqueci ainda. Que você foi a coisa mais importante que me aconteceu nos últimos tempos. Que eu choro pelas circunstâncias. Queria dizer apenas que já, novamente ou ainda te amo.
- Quem é você, meu?
Eu desliguei dessa vez. Agora ele sabe. Agora ela sabe. Agora ele sabe que alguém a ama. Agora ela sabe que se houver algo, serei eu. Agora todo mundo sabe. E quem não sabia de nada era eu. Já tinha terminado a refeição. Paguei no crédito. Minto, foi no débito. Eles não aceitam crédito. Morreram esses R$18,60 que na conta do mês que vem demorarei três minutos para recordar. Isabela havia me ligado e nossa situação – que não existia, sumida que só – havia piorado. Estava naquele dilema. Ser ou não ser? É meu querido Shakespeare – olha ele aí novamente -, ser e não ser é ser e não ser ao mesmo tempo.

domingo, janeiro 13, 2008

Eram seis e trinta e dois da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês

- Alô?
- .
- Alô?
- .
- Qual foi, mano? Vai passar trote pra tua..
- Tu, tu, tu, tu..
Não me controlei. Não parei de lembrar da boca fina de Isabela. Sei lá se ela era ou não culpada por ter traído o namorado. Sei que não era qualquer uma. Era uma mulher nunca antes vista. Não à toa fez moradia na mente, no peito, na boca. Eram seis e trinta e dois da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês ainda e disquei o celular dela novamente. Havia feito a rotina de sempre. Depois do banho fazia o velho ritual. Primeiro a meia preta. Depois a blusa do uniforme da empresa. De blusa e meia eu ficava numa cena ridículamente engraçada. Depois vinha a calça e por último - óbvio - o sapato. Apago todas as luzes, ataco a chave do carro, saio ao portão, dou uma olhada no dia, se chuva, se cinza, se claro, se enganador, abro para fora o portão daqueles onde os ferros fazem desenhos oblíquos, tiro o carro como sempre quase batendo no poste e vou. Maldito de quem pôs aquele poste ali. Não sou mal motorista apesar do meu amigo me chamar de "maltorista".
Tinha bela no nome. Se não tivesse seria feio. Às vezes acho ruim. Parece que só tem para confirmar. Não é necessário. Até se fosse Georgina seria linda. Pus Leaving On A Jet Plane, Chantal Kreviazuk da Trilha sonora de Armageddon no tocador de mp3. Naquela maldita Via que nada tem de Light engarrrafei tudo. Engarrafei carro, paciência e pensamentos. Isabela, Isabela, mil vezes Isabela. Mas fora somente uma. Aquele beijo. No alto da solterisse dos meus trita e dois anos ainda me dou ao luxo de me apaixonar assim, caipira, adolescente, um beijo de moça comprometida. Parado no trânsito liguei para o celular que novamente deu desligado. Liguei para casa dela. Não tinha nenhuma desculpa. O paulista atendeu. Desliguei.
Maldita sorte a dele. Chegou primeiro e nem sequer perguntou se podia. Me desculpe, meu caro leitor. Todo "outro" acha o "outro" o pior dos inimigos. Eu que o era. Não telefonei mais. Eu era o outro. Eu que adentrava em outros mares. O céu estava mesmo impróprio para tão altos vôos e eu mesmo assim voei. Canalha mesmo era eu. Foda-se. Foi num dia que tomávamos suco de pêssego ao leite que ela me perguntou se eu preferia bicicleta a carro importado. E eu respondi para irmos à pé mesmo. Os dois rimos. E nos apaixonamos.
O trânsito andou. O carro, Fiat 77, morreu. Enganei. Era um Fiesta 96 mesmo. É que sempre achei Fiat 77 bem poético. Só que morrer o carro nessas circunstâncias - nem em circunstância nenhuma - tem graça. Fechei os olhos. Fui para desligar o rádio e começou a tocar Ratatuia, Zeca Pagodinho. Passou um carro e o motorista gritou "Vacilou". O rec rec ligou o motor. Fui trabalhar me culpando e achando o paulista ainda mais sortudo e boa pessoa. Afinal, ela está com ele e não deve ser à toa. Não ligo mais e esses seis meses que não mais nos falamos devem tê-la esquecido de mim.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Eram cinco e cinqüenta e cinco da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês

O despertador é meu inimigo número dois. O número um é a cabeça. Ando com o corpo tão cansado que a cabeça nem tenta funcionar. Ou, ao contrário, funciona por conta própria. Este fora o mais exausto dos sonos. Tantas e tantas roupas ao chão. Um prato em cima da cômoda. Um gato passeando pela janela. Perdi dois minutos. Tudo porque me veio o pescocinho de Isabela.
Resolvi gelar a água. Entrei dando pulos e mais pulos debaixo d'água. Sabonete, mais água. Toalha. Cinco minutos mais. Não tem como não pensar. O amor coexiste. É doença de várias faces. Fosse socióloga houvesse criado a razão para as equações mal resolvidas das nossas vidas. De todas as vidas. Mas não é socióloga, coexiste e me fez perder a hora.
Acho que penso demais nela. Olhos amendoados. Ah, meus suspiros tem dona, nome e sobrenome. Isabela de não sei o quê. A mais viajada. A pombinha que não voltou ainda. A comandante de um vôo absurdo e distante. Eu te amo.
Já era hora de sair. O elegante caminhar disfarça a inquietação. Eram cinco e cinqüenta e cinco da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês. Fui relembrando das coisas abusando de uma memória fracote. Lembro de quando um amigo foi internado. Era meu amigo. Isabela nem o conhecia. Sofreu o meu sofrimento. Mesmo não podendo. E quando ele recuperou-se satisfez comigo, se satisfez com a minha satisfação. Quando ela adoece eu sofro o sofrimento dela. E quando ela alegra fico só sorrisos no meio do mais quente dos infernos. Pode ser que não me ame. Mas não é sentimento efêmero. Um dia, lindo dia, beijou meu beijo. Não foi sem querer mas foi sem querer e foi sem querer, por querer assim sem querer. Ia acontecer. Não rejeitamos. E foi o melhor de todos.
Agora, cinco e cinqüenta e sete da manhã eu te ligo. Não quero sair de casa sem saber de você. Pena o seu celular estar desligado e eu não poder ligar para a sua casa. Vai que dou de encontro com a voz paulistana e sortuda do seu namorado?

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Profissão Jaime

- Tia Crisimara, de repente seremos assaltados bem aqui neste ponto de ônibus.
- De repente eu bato na sua boca pra parar de falar besteira. Detesto a sua mania de advinhar tragédias. Só de falar, atrai. Sabia? Criança tem que falar de coisas de criança.
- Desculpa Tia.
- Olá, com licença. Tudo bem?
- Oi moço, tudo sim.
- Desculpe o incômodo mas eu estou querendo assaltar vocês.
- Nos assaltar?
- É. Penso que gritos e intimidação não são necessários.
- Faz sentido. E o que quer assaltar? Tenho nada.
- Se não tem nada. Tudo bem. Mas a senhora poderia levar em conta a minha educação.
- Tudo bem. Tudo bem. Tenho cinco reais, um celular, uma câmera fotográfica e esta minha carteira aqui. A criança só tem o boneco do Buz Lighthear.
- Então me passa tudo.
- Tudo bem. Aliás, posso ficar com os documentos?
- Ah, pode sim. Não usarei mesmo. Chega de cartão de crédito. Mais, não.
- Você é muito gentil. Não querendo abusar muito mas posso ficar com os cinco reais? É o dinheiro do ônibus.
- Fique.
- Obrigado. Escute. Me sinto até um pouco honrada em ser assaltada pelo senhor...
- Jaime, ao seu dispor.
- Sim, Jaime. Crisimara, muito prazer.
- Então. A Senhora tem pilha na câmera?
- Tenho sim.
- Desculpe a ousadia, mas podemos tirar uma foto?
- Sim, claro. Juninho tire a nossa foto. Anda.
- ...
- Nossa como você é fotogênica.
- Que isso, você que é. Até que pra um assaltante você não é tão mal. Até leva jeito.
- Obrigado. Estudei muito pra isso.
- Então. Então. Acabou o assalto?
- Pois é. Coisas boas duram pouco. Pode me dar seu telefone ou MSN?
- Estranho isso.
- O quê? Acha-me estranho?
- Não. Você é agradável. Sua profissão que não combina com a sua doçura.
- Eu penso em mudar de vida. Só não sei ainda as opções.
- Você é educado, tem poder de persuasão e sabe ganhar dinheiro fácil usurpando dos outros. Que tal uma profissão condizente?
- Obrigado pelos elogios. E ainda me chamou de fotogênico, agradável e doce. Não sei se estou ultrapassando as barreiras, mas gostaria de sair comigo?
- Deus do céu, o que estou fazendo?
- Se não quiser...
- Sim. Aceito.
- Então. Vamos. Mas qual era a profissão que ia falar mesmo?
- Político.
- Boa idéia.