quarta-feira, julho 06, 2011

O maior conceito da comunicação moderna

Tantos pensadores falaram sobre a comunicação que, tantos já falecidos, devem se contorcer no refúgio dos sábios com tanta troca de informação que existe hoje em dia. E eu, cá com meus botões quase caídos, penso que cheguei ao ponto de ebulição da comunicação. E é simples: quanto mais perto, pior. Algum pensador disse que de perto todos são piores do que se imaginava, ou algo assim. Leitor, desconfio que tivera sido Nietsche o homem a escrever tamanho pessimismo. E eu comecei a concordar.
Quanto mais perto, pior. Esse é o maior conceito da comunicação moderna se levando em conta que a informação não apenas chega ligeira na sua televisão, no seu jornal, no seu computador e no seu celular. A informação chega rápida e cuspida. E é por isso que reparamos tanto no pior do homem. Não é o apressado que come cru. É que o apressado come mosca, tropeça na moça que é a verdade. O facebook te apresenta isso. O twitter te apresenta isso.
Pego como caso um ator famoso de novelas. Novelas não, filmes. O rapaz resolve almoçar sozinho na feira de São Cristóvão. Num determinado momento é visto conversando com uma vendedora de tapioca. Algum qualquer tira uma foto pela câmera do celular. Não preciso me esticar na suposição para dizer que terminou em divórcio um simples fato cotidiano. E olha que tapioca não é uma coisa boa assim.
Apenas acho que antigamente ao pedir a palavra o texto era melhor produzido, as falas eram mais pontuais, a informação era mais relevante e todos eram, de fato, informados. Nem toda palavra tem que ser dita. Nem toda hora é hora de falar. E nem tudo deve ser espalhado por í. Uma sociedade quase que sem segredos. Por tanta obscuridade sendo posta às claras nunca foi tão noite todos os dias. Por isso, caríssimo e único leitor, um dos males do mundo é a comunicação exarcebada. Afinal, todo mundo quer falar mas nem todo mundo quer ouvir. E acabamos ouvindo.

Semifelicidade

Outro dia li. Mas porque ainda insisto nisso eu ainda não sei. Me meti a ler uma revista qualquer. A qualidade anda tão sensata que qualquer dia a própria palavra revista vai pedir revisão por ser vinculada a publicações tão ruins. Mas, por fim leitor amigo, certa vez li que o novo padrão de relacionamentos é o de casais semifelizes.
Tá aí uma coisa a não ser entendida. Tem gente que mistura suco de manga e coca-cola não por dúvida mas por insatisfação com um ou outro somente. Os casais andam nessa coisa estranha de insatisfação passiva. Vovó dizia que em tempos de vacas tão magras (e ela não se referia a nada vulgar) ninguém troca o certo pelo duvidoso. Mesmo porque o certo, nesse caso, nem é tão certo assim. E o duvidoso, nesse caso também, é sinonimo de risco. O risco é a aventura, é a busca pelo que se quer mesmo que difícil, é a novela na vida, é a vida no filme, é o livro ao vivo.
A semifelicidade é invenção nova. Se isso vira moda o político seria semiladrão, semiperdoado; Jorge seria semisanto; o Rio de Janeiro seria semilindo; e eu, porque nao, seria semideus? Cada semi no seu lugar. Semi-final em Copa do Mundo e só.
Se o sufixo for mais utilizado seus parentes reinvidicarão participação nos lucros. Daí será um tal de sub, quase e por aí vai.
Casais semifelizes poderão ter semihistórias, semimúsicas, semiamor. É como se bola na trave fosse gol. É contentar-se com metade, com pouco. É pouco. Muito pouco. Pra quem é de plenitude semifelicidade é igual completa infelicidade. Não vim aqui ser semifeliz. Não vim passar frio no peito. O frio é na barriga.