segunda-feira, julho 13, 2009

Romance das meias verdades

Quando ela perguntou a minha idade fui logo dizendo vinte. Disse que era advogado. Eu sei, só comecei a três dias na faculdade mas posso me considerar. Tô certo? Ela, afinal, é alta, linda, gerente comercial de cervejaria, loira, já morou na Itália, fala três línguas e gosta de futebol. Eu vou dizer tudo de mim? Eu pensei em fazer mistério. Mas ela tem o poder de me fazer falar. Achava injusto dizer nada de mim. Tudo bem, leitor e torcedor, sofredor como eu, é injusto mentir. Mas quem disse que eu menti? Apenas antecipei os fatos. Nos conhecemos na fila do metrô. Pensei comigo em como uma mulher tão interessante poderia ser tão simples assim. De fato eu sabia que ela era exatamente assim. Só não sabia sambar. Que tem de mal nisso? Quando contou que já tinha ido ao Maracanã de convidada do Romário eu disse que o Ronaldo me deve uns favores. Quando perguntou se eu conhecia Bariloche eu contei algumas aventuras de Aspen. Quando contou que já estava no mestrado eu contei dos meus planos de doutorado. Pensei comigo se uma mulher poderia assustar um homem. Quando me dei conta não parava de pensar nela. E em como encará-la. Dizia-se autoritária, ciumenta e alcoólatra. Para não deixar barato eu confessei ser um pouco preguiçoso e também ciumento. Ressoava a última estação: Pavuna. Perguntei a ela o que faria na Pavuna. Ela disse que estava indo para casa de uma amiga. E eu disse estar indo visitar a minha avó. Marcamos de nos encontrarmos no dia seguinte. Acho que havia me batido a culpa. Era shopping mesmo. Detesto isso. Nunca posso comprar nada.

3 comentários:

Anônimo disse...

Um romance que já começa com meias mentiras pode se tornar uma verdade absoluta? Sei não...

Bia disse...

Já vou falando que quero continuação!

Adorei e aposto que ela tb tá mentindo né?

Beijoo graaande!

Tuilla disse...

Qro continuacao tambem.. ateh pq toda vez que entro aqui.. tenho vontade de voltar.. te amo..parabens