segunda-feira, junho 29, 2009

Esse tal de Pop

Quem é esse tal de Pop?
É o rapaz famoso da escola?
É o pirulito de morango?
É o programa que não é nada super?
O discador de internet?

Esse tal de pop
É celebridade
Tem um rei morto
É de trás pra frente
Igual de frente pra trás

É moderninho e estiloso
Usa jaqueta de couro
Barba cerrada
E tem fotos sensuais por aí

Posou nu.
E numa boa
Canta de sádico
Bárbaro conservador
Pop por pouco

Polemiza qualquer pipa
E tem um papo bobo
Que todo mundo ri.

É mais ou menos assim:
Dança, faz bico
Fica de birra com os papais
Herói e Heroína
Vicia na noite
Paga calcinha
E morre pobre, louco

Afinal, quem é pop?

Pop é um garoto
Que como eu
Ama os Beattles, Rolling Stones
E Michael Jackson.

quinta-feira, junho 25, 2009

Intuição Masculina

É, não sou o senhor do tempo, nem das inverdades. Creio que há de rir-se um pouquinho com essa coisa de intuição masculina. Mas é, cá, diferente. E quem não acredita nela é mal do seio e crente em mané.
O homem é aquele que canta sem ter vergonha de ser escutado; que abre a porta sem ter de ser orientado; que sabe voltar naquela pousada em Engenheiro Passos mesmo só tendo ido uma vez na vida a anos atrás; que é o único que abre com facilidade o pote que todas tentaram com todas as forças; que sabe ser amigo do outro mesmo que o outro seja só o outro.
Mas é também aquele que não faz três coisas ao mesmo tempo; que não sabe entender a importância de um vestido naquela noite; que não sabe que qualquer palavra mesmo que na final da copa do mundo é de real relevância para ela.
O homem que sabe disso e daquilo tem o instinto. O homem que sabe que palavras valem mais que uma bolsa de grife tem a intuição masculina. O homem que tem os ouvidos aguçados para as mais tensas conversas tem a intuição. Intuição masculina é aquela que as mulheres fingem que não veem e que os homens fingem nao ter. Caríssimos e esgotados leitores, existe intuição masculina, sim. Mas é como vinil, saiu de moda.

segunda-feira, junho 22, 2009

Cinema Clichê

Faça da cena da sua vida inesquecível. E se não o for, tente denovo. Tente outra vez. Vá lá, faça. Seja o diretor. Mande e desmande em si. Mas em toda cena o filme tem de ser notório, uma arte. O amor cínico do Woody Allen e a voraz e sensual tomada do Pedro Almodóvar. Mas tem de ser a todo o instante. A dedicação pela glória individual, onipresente e silenciosa.
Faça da próxima cena da sua vida uma coisa melhor. A atuação é verdadeira, encare de frente o personagem mais difícil da vida de qualquer um. Encare o prazer irretocável de ser você mesmo, nesse clichê teatral e empoeirado. Vale tentar. Vale mesmo, acredite. E se não conseguir, tente denovo.
Tente sempre, novamente. Porque só faz bem quem faz com vontade, só faz direito quem erra primeiro. Errar não é nada ruim. A alma de quem erra é mais bonita, é mais real do que a alma de quem não erra. É mais forte a casca batida que a pela cremosa e alinhada. Vai logo, rapaz e moça, que tem uma hora que a cena acaba. Vai querer chorar no final do filme?

sexta-feira, junho 19, 2009

Debaixo dos meus Lençóis

Acho que o melhor banho de açude é aquele despretencioso. Tem coisa que não necessita de um lugar no espaço, de uma organização no tempo. Me acometi do mal de não ter mal algum. Não era lá um cobertor brasileiro, Lençóis Maranhenses, mas era doce e quente. Sabe? Não tem porquê? Até o porquê, agora, é sem acento.
Agora vou comer algodão doce na esquita canhota do mal lugar onde trabalho, esquina da Dr. Luiz Guimarães com a que não lembro o nome. E depois vou caminhar pelo verde que resta no meio da Via Light (se não mora em Nova Iguaçu, pesquise. Uma via expressa que atravessa a cidade). Atravesso sinais vermelhos, olho o poente nada doente. E depois vou dar boa tarde a cada um que merecer. E vou pegar o trem rumo ao centro do Rio de Janeiro. Esse trem merece menção algum outro dia. Topo com o aeroporto Santos Dumont. Claro que não é tão rápido. Mas para quê explicar os engarrafamentos que não me irritaram na rotina carioca? Sem porquê. Compro uma promocão para São Luiz. Desperto no final da viagem com a cidade. Observo cada contorno do sotaque, do jeito leve de rir. Vou para Barreirinhas. Tiro toda a roupa, caio no tal açude. O céu límpido, uma coleção sem igual de um amarelo transparente e o azul resplandescente. O que é que há de errado?
O celular toca uma daquelas coisas irritantes mas que eu, particularmente gosto. Ilarilarilariê, ô ô ô. Alô?
- Onde você está?
- O que tá fazendo aí?
- Porque foi?
Ei, meus três leitores assíduos, a questão não é de porquês. Porque oras bolas eu tenho que ter porquê para tudo? Eu simplesmente quero morrer de tanto viver. Pode?

terça-feira, junho 16, 2009

As "Índias"

Não sei se estou certo ou errado. Não gosto da moda. Nem menos de moda. Pensei que vivia no Brasil, o país do Lula, que está na moda. Saí de órbita em dezembro do ano passado e voltei em março. Lá em Marte a internet era wi-fi e a moda era ser mudo. Ser marciano não era a minha. Peguei o primeiro interespacial e voltei para a vida iguaçuana. E quem foi que disse que eu era extraterrestre? É um tal de canção em hindu, mulheres com uns panos esquisitos no lugar das blusas, uma gíria de habe baba que me cagoetou ao pé do ouvido que agora eu moro na Índia.
O sociólogo diria que o povo brasileiro é suscinto a novidades, há gosto pela quebra da anormalidade. O pessimista diria que o brasileiro é influenciável e não tem uma identidade formada. O historiador explicaria a construção do indivíduo como culturalmente heterogêneo e por isso rico. Na humilde opnião do trocador da Nossa Senhora da Penha (um protótipo de transporte público para o século XIX) o brasileiro não tem o que fazer e é, no mesmo conceito que os cientistas utilizam em relação ao macaco, parente bem próximo das Ienas por adorar "comer o lixo que lhes dão". Agora me digam, por favor, quem chegou ao lugar errado: eu ou o Cristóvão Colombo? O navegador errou as "índias" por bem pouco e na época errada.

domingo, junho 07, 2009

Uma pessoa feliz com lapsos de depressão ou um ser depressivo com espaços curtos de sorrisos sinceros?

Estou na ponta da faca dos açogueiros da madrugada; no amor da mais insensível das piranhas; no ator que não sabe mentir; no medo de altura do piloto; na timidez do presidente; da descrença do líder religioso; da rouquidão da cantora; na falta de talento para a natação do salva-vidas; num jogador burro; num economista que conta só até dez; num relógio que conta meses; numa anestesia malfadada que faz sentir tudo, até esse amor que sinto, vadio. Estou nisso tudo. E não existe. Estou no doce do Oceano Atlântico, na parafina do esquimó, na gaiatice do europeu; na honestidade do juiz. Estou ali, bem ali, pertinho e longinho. Sou a mosca morta ao teu pé. E nem tem pé. É um anjo com pequenas asas de grandes vôos. Que cai. Recai. Sou tudo que é invisível. Nada.
Uma pessoa feliz com lapsos de depressão ou um ser depressivo com espaços curtos de sorrisos sinceros?

sábado, junho 06, 2009

Papéis balzaquianos

Estou com uma intensa vontade de documentar tudo e todos. O rapaz chegando em casa junto do sol chegando ao dia, documento. A senhora metida a jovem menina acompanhada do jovem menino achando-se um senhor. Também documento. E vou entulhando tudo em gavetas transparentes reagentes a benevolências ou maledicências. Se mal, surge uma fluorescência verde-musgo. Se bom, surge uma fluorescência alaranjada-entardecer.
Tá bêbado, menino? Pois digo estar embebedado de inquietações sobre o que perco nas andanças. Andar preterindo buracos e tropeços, receoso do chão que piso, me distraio e permito assim passarem despercebidas vibrantes histórias estampadas nas blusas de Che ou de movimentos culturais. Chego a impensar, e lhes digo, isso não existe.
Vamos documentar que foi a melhor coisa que aprendi esse ano. A vida assim parece um grande crime quase-perfeito. Deverias tu, ou qualquer um, saber disso. A conta de água, o bilhete da namorada, a palavra refreada ou digitada, a promessa proferida ou a asneira engolida viram provas de algum crime cometido, farejado pela milícia do destino. Repare só nos papéis da mamãe e da vovó amarelando os boletins e enfins do já vivido. Sabe aquele não-sei-o-quê comprovante de não-sei-o-quê-lá? Quando o cobrarem, mostre-o. Mostre-o porque palavra por palavra, nem a minha nem a sua não provam nada.