quarta-feira, junho 29, 2011

Guarda Chuva

Como diz o Ziraldo, o guarda chuva foi uma coisa que começou como guarda-sol, mas aí choveu. Isso aqui foi uma coisa que começou meio praia mas virou coisa de gordinho, porque choveu. O guarda-chuva serve não para te permitir secura na garoa forte mas para você se molhar com bastante ou pouco estilo. É parente bem próximo e meio bastardo do capuz fino do casaco branco. Se tem um guarda chuva apenas, certo que uma haste estará quebrada. Se ele anda nas mãos de outrem na rua, certo que irá nos seus olhos. O guarda chuva é feito de um tecido especial que resiste ao sol, ao calor, à foto, à sogra, menos à chuva. Daí a você querer saber porque o guarda chuva é tao eficaz e porque o guarda sol é tao eficaz na chuva é querer demais. O principal é que o guarda chuva serve para espada de criança, bengala do preguiçoso, item de dança de filme e até de para quedas de agente secreto. Mas para chuva, nem se for chuva de algodão.

terça-feira, junho 07, 2011

Tentei pegar o sonho pelo rabo

O céu reclamou que eu estava me despedindo. Não estava mais estrelado como há dois dias. Tinha uma lua tímida, meio que obrigada a trabalhar. Não sei explicar como em um dia eu estava distraído e em outro, talvez três ou quatro dias depois, eu estava de frente pra um par de olhos apertados e verdes. Apertados quando riam e verdes a toda hora. Adorava vê-los de perto, como naquela noite. A voz sussurrando coisas que não posso dizer, aquele lago num brilho fosco, o vento bem fraquinho. Tudo parado como que assistindo aquela cena. E a boca? Era mais do que eu imaginava. E olha, senhores, que eu imaginava demais. Por ela eu lembro morangos e coisas mil. E os morangos nunca foram tão doces. Eu não sei explicar e nem sei o que pode ser. Desisti de pensar na hora que eu vi que o céu estava mesmo certo e era uma espécie de despedida. E no beijo mais forte, no fogo mais... não existia definição para o fogo fora e dentro de qualquer corpo naquela hora. Parecia carnal mas quando os olhos faziam tudo parar, até tudo parar de girar, encontravam um olhar penetrante num espaço de três centímetros tudo se transformava em...
- Acorda, rapaz! Acorda!
Abri os olhos, dei meio sorriso, meio educado. As outras duas metades é melhor eu não dizer quais foram. Tentei dormir novamente, pegar o sonho pelo rabo feito cometa ou recuperar a transmissão pelo sinal. Sonhos não são cometas que passam e nem transmissões que se recuperam. Me recuso a acreditar que tenha sido apenas um bom sonho.