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sábado, dezembro 22, 2007

Nemo

E vem a patroa, a mãe mesmo, queixando.
- Eu queria saber quem tem deixado o portão aberto.
- Não sou eu.
- Nunca é ninguém. Estou de saco cheio com isso, Thiago.

No dia seguinte
- E hoje denovo acordei e o portão estava aberto.
- Mas eu fechei assim que saí pra trabalhar.
- Então alguém abriu.
- O Gustavo sai cedo também pro colégio.
- Eu acordo antes dele e o portão já está aberto.
- Mas...
- Não tem "mas".

No dia seguinte ao dia seguinte
- Thiago. O portão denovo...
- Aberto?
- É.
- Advinhei!
- Sem brincadeiras.
- Então tá. Vamos investigar. Deve estar ruim, sei lá.

E no dia seguinte ao dia seguinte ao dia seguinte lá pelas seis da manhã...
Meus dois cachorros rondavam o quintal. Eis que o crime foi solucionado. O criminoso estava alí. E o mal-caráter nem se pronunciava. Deixava que acusassem os inocentes.

- Viu?
- Vi. Esse cachorro realmente pensa que é gente.
- NEMOOOO! Sai daí. Nada de abrir o portão.
- É mole? Ele vai direto na maçaneta e abre o portão, dá uma saidinha e volta. Nemo e sua caminhada matinal.


Vá com Deus para o céu onde todos os cúmplices descansam.

Nemo (2004-2007)

segunda-feira, outubro 22, 2007

Eu

Quadrúpede ridículo.
Um mamífero ignorante.
Um primata indesejável.
Um repugnante ser
Um rastejante imoral
Um animal.
Mas eu me amo
O coisa normal.

quinta-feira, maio 03, 2007

Linda nos meus 16 anos


Lembro de quando era mais eu. Era eu sendo ela, e ela era ela sendo eu. Éramos um. Dois e um. Era mais homem. Não era mais um. Lembro das facetas de quando nos entreolhávamos. Me metia a pintá-la, tolice. Era no escuro mesmo. Também, nem precisava. Ela lumiava tudo.Lembro de quando contávamos estrelas (todas amigas dela). Lembro de muito, nem tudo.

Lembro que eu era um. E ela era uma comigo. O resto? Ah, o resto pouco importava. Me chamavam babaca. E eu me chamava feliz. Agora sou dois, três, até quatro. Nenhum apaixonante. Nenhum melhor. Todos agonizantes. Do mesmo tamanho, com o mesmo rosto, e tão diferentes. Sofríveis, isso sim. Iguaizinhos nisso, sofríveis.Lembro que nunca tiramos retrato juntos, que nunca beijei nem toquei em seus lábios; sequer os vi. Mas ela sorria rigorosamente todo início de mês.

E ela reapareceu ontem. Me fez lembrar de tudo. De quando eu era mais. Será que nada mudou? A vi de longe. E parecia mais longe que naquela época. De certo, enxergo menos hoje em dia. Afinal, passaram-se 6 ou 7 anos, se não me falha a memória.

Ah! Antes que eu me esqueça, te amo. Te amo linda Lua Cheia.

terça-feira, abril 17, 2007

Vôo de rotina.


Agora mesmo bateu uma puta vontade de comer pipoca, vendo Diários de Motocicleta ou A Balada do Pistoleiro (às vezes me sinto meio Antônio Bandeiras nesse filme, El Mariachi), deitado na minha cama. E quem disse que tenho dado atenção a ela? Traduza isto como uma falta de tempo pra realmente dormir.
Estou sentado numa cadeira desconfortável (tá, desconfortável mesmo é estar digitando um texto com um olho no monitor e o outro no saguão) preso a um sistema estranho de "faça esta porra", "Mas eu não sei", "Foda-se, faça esta porra. Eu não perguntei se você sabe." E eu vou e faço... errado. Aqui é assim. Exatamente assim.
De um lado uma senhora desbocada e estranhamente extrovertida da OceanAir. Do outro um senhor caladão da Team, também uma empresa aérea. Na minha frente passa o Alemão do BBB e umas dez mulheres numa mescla de vontade de agarrá-lo e vergonha para abordá-lo. Do lado de fora uma barulheira sem igual dos aviõs do RedBull Air Race fazendo provavelmente o equivalente aos treinos livres da Fórmula 1. Sobrevoam o aeroporto de cabo a rabo obrigando a curiosidade de todos esticar os olhos para os céus.


E chega um colega de trabalho. Ele é estranho, fala enrolado. Aliás, aqui todos são meio exóticos. Espanhol, holandês, americano, argentinos, todos numa linguagem arrogante chamada dinheiro. Dos companheiros de labuta eu falo somente que tudo que é pode ser ou não. Os sorrisos são frágeis demais. As piadas fazem chorar. A cooperação faz é machucar. E quanto mais gente chega, mais parece que a consequência principal é ficar sozinho.


Espera um pouco! Inrrompeu o meu raciocínio uma beldade da Embratel (um daqueles estandes de informações que não informam nada), loira, sorridente e muito simpática. Ela quer uma torta salgada. E veio perguntar logo pra quem? Respondi coisas que nem lembro mais. E olha, fazem somente dois minutos que ela se foi.


No monitor, orkut e blog abertos. Recado da irmã que foi pra Portugal, recado da menina avisando da aula, da pessoa especial somente marcando presença e a janelinha piscando da amiga informando o horário do RedBull Air Race.


Daqui a pouco o check-in começa. Pra quem não sabe, é aquele ritual em que se atende o passageiro, pesa bagagem, lacra, etiqueta e manda cada um pra um canto. Passageiro pra sala de embarque e bagagem pra esteira.


Ali, logo atrás, o supervisor com cara de mau. Do lado o colega de trabalho esperando um furo seu. E por aqui, por ali, mulheres, loiras, confiantes, morenas, exaustas, ruivas, sorridentes, educadas à espreita do serviço aéreo.


Também não é de todo um mal. Recebo (mal) por isso. Acordo (mal) pra isso. Mas continuo escrevendo, vejo coisas novas, novas sensações. Até para o lado ruim, existe o lado bom. Para escrever isto, apenas vivenciando.





- Ei, saia do orkut. Aquele que vem ali é o Comandante do Avião.


- Ta ok.





E depois do vôo eu vou pra casa, uma hora e meia de viagem. Nem dará tempo de almoçar. Um banho no máximo e faculdade. Pronto.





- Vamos Thiago!


- Ta ok. Estou indo. São quantos passageiros hoje mesmo?

sexta-feira, março 30, 2007

Vovó já dizia...

Tenho orgulho de ter a mulher mais sábia que pude conhecer, como minha avó. Um dia fui comer manga com leite. Vovó já dizia...

Já ouvi também que "se um camaleão te morder, beba água antes que ele beba senão você morre." Mas, como assim? Eu me pergunto.

Sensacional era ouvir "não deixe o chinelo virado senão sua mãe morre."
Até hoje não consegui relacionar mamãe com o chinelo. Pé? Cheiro?

Até hoje levo esporro porque "fiquei gripado por causa da garoa".
Mas gripe não é virus?

"Se varrer o pé não casa mais".
É verdade. Vassoura, casamento, tudo haver. Inclusive mandei queimarem as vassouras do mundo. Viva o casório.

"Quebrar espelho dá 7 anos de azar".
Porque sete? Ainda estou analisando essa.

Um dia ouvi que "se andar de costas minha mãe morre".
Ô coitada. E se andar de lado? Agoniza? Ó paciência.

"Noivo não pode ver a noiva antes do casamento que dá azar".
É pra não desistir? Pra não se desesperar?

"Contar estrelas dá rugas".
E eu contava até duas porque achava que o "ser regulador" disso seria tolerante com quem contasse tão pouquinho.

"Quando o marido tem dor de dente, sem razão de ser, é porque a mulher está grávida".
Vai nascer o quê? O nome da filha será Cárie?

"Criança que brinca com fogo à noite, faz xixi na cama".
É, realmente fogo tem muito haver com água. As vezes até bebo fogo e queimo com água.

"Menino que passar por debaixo do arco-íris vira mulher e menina vira homem".
Essa foi horrível. Vai ver daí vem a bandeira do homossexualismo.

"Passar em baixo de escadas dá azar".
Siiim. Lá no mundo das escadas, passar por cima de gente também dá azar.

"Deve-se dar três pancadinhas na madeira quando uma pessoa roga praga".
Voce não sabia que a madeira absorve?

"Moça, que come em panela não casa".
Sensacional!

"Não saltar por cima das crianças senão elas não crescerão".
Eu me sentia até mal se alguém pulasse por cima de mim e não "despulasse". Dava até briga.

Vovó já dizia...

As maiores confusões da história aconteceram porque certas coisas foram levadas demais a sério.

Pau que nasce torto nunca se endireita...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Domingo hilário


Sábado a noite. O nervosismo de pré-vestibular me fez ter idéias de métodos mirabolantes para fazer uma boa prova no domingo de manhã. Não vou contar a ninguém. Assim não há pressão (sim, porque até um "Boa sorte" é uma forma de pressão). E assim o fiz.

Domingo acordei cedo - até demais - bebi água e pronto. Saía calmamente pelo quintal. Cheguei no portão e vi o jornal jogado. Peguei-o e levei até a janela da sala. Lá estava a criatura mais linda e engraçada com a cara amassada e embriagada de sono perguntando onde eu ia àquela hora. Eu disse para minha mãe que estava indo fazer uma das milhões de provas. E só.

Fui. Minha caneta falhou na hora H, implicaram com meu boné, a prova tava complicada, enfim, foi uma prova normal. Pouco importa a prova em si.

Cheguei em casa por volta de meio dia e pouco e logo encontrei meu irmão perguntando onde eu tava que demorei esse tempo todo.


- Ué, fazendo prova.

- Prova? E você avisou?

- Quando saí de casa falei pra minha mãe. Ela tava toda torta de sono.

Os dois se entreolharam e ao mesmo tempo:
Ahhh tá explicado.
Assim que entrei na cozinha ela berrando que eu não tinha ido comprar pão, que era muito estranho, que demorei demais e que eu nunca mais faria isso. E falou, falou, falou...


- Poxa, você foi comprar pão. Fiz o café, sentei na mesa e fiquei esperando. ATÉ AGORA, THIAGO!

- É mãe, voce já é meio surda e com sono então. Eu fui fazer prova do vestibular e te falei na hora que saí.- Ih, entendi errado.