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quarta-feira, junho 20, 2007

Nor...

...mal. Muy mal.

Lembro da série, da fina ironia de que "Os Normais" eram os bitolados da
vez. O que é normal? Diga-me quem é normal que te direi que não és.Não me peça pra pensar como um homicida para entender a sua visão de
normalidade de um crime. Matar é anormal, ou já se tornou normal demais pra
ser barbarizado. Um corpo estirado já é tão normal quanto uma folha de
bananeira caída. "Acontece...", diz a ironia dos céticos.Eu não vou à faculdade hoje. Está em greve novamente. Contei à mamãe. Ah,
e ela fez uma cara de normalidade (ou cara de cú em dia de frio suado, como
diz meu afilhado). E é natural. Faculdade e greve. Normal seria passar um
ano com aulas. Normal.Menino com menina: normal. Menina com menina: anormal. E pra uma dessas
duas meninas, estando feliz, normal é. Morte: normal. Morte de ente querido
gera tanto choro que eu me pergunto se quem inventou isso está errado. Pra
mim está. O normal é relativo mas nem o relativo é normal.Normal é as coisas acontecerem como sempre foram mesmo que a um bom
tempo atrás não terem acontecido da forma como acontecem hoje. O habitual
é costume. Então não me chame de normal, sou insano. Então o normal, por
esses tempos, é o costume a longo prazo.Pra normal, sugiro mais. Sugiro que vejas que tem tanta gente diferente, que
todos são diferentes. E assim sendo, ser diferente é ser normal. Tem tanta
gente excentrica por aí que ser excentrico, ou louco, ou desmiolado, é normal.
Somos todos os normais às avessas do que nossos avós entendiam por normal.Pra mim, normal não é nada. Normal é uma coisa de outro mundo esperando
tradução e, porque não, por comentários dos meus belos normais.

terça-feira, junho 05, 2007

Vinte e dois


Entre berros e sussurros escorrego na ponta passional que tem sido meus dias frios de junho. Belíssimo mês, outono cintilante, gélido e, por assim ser, tão mais quente. É onde desde sempre minhas histórias acontecem mais, onde eu deixo de ter vergonha pra dançar quadrilha, inventar festas e comemorar o que não deveria ser comemorado. É quando as pessoas ficam mais bonitas, se vestem melhor, e as roupas, casacos e tudo mais, são mais bonitos que a diferença entre corpos belos ou não.

Esperei cinco dias para me pronunciar. Em todos os anos era exatamente assim. A partir do segundo dia do mês me batia uma tal coisa má, crise existencial e perguntas martelando no dolorido consciente: o que sou? Mais um ano de vida, o que fiz?

E, no pior, a tristeza. Afinal, não é mais um ano de vida comemorado. Veja sob outra perspectiva. Veja de frente para tras. Sim, menos um ano de vida. Menos um ano pra ser vivido.

Mas o mês é belo. E a cada ano fica melhor. Tonteia os olhos, agita de cá e dali. Violenta qualquer trejeito de tristeza logo após o primeiro sorriso. É um grande dia, triste dia alegre. O vento faz baile à minha porta.

E eu, no final das contas, sou apenas mais um louco. Vinte e dois anos dia oito de junho.

quarta-feira, maio 30, 2007

O que você vai ser quando crescer?

E quem já não foi pequeno? E quem não entrou no banheiro errado? E quem não se apaixonou pela profissora? E quem já
não teve aquele sonho louco? E pior, quem não sonhou em realizar o sonho
louco? Pois bem...


Quando pequeno sonhava em ser um grande homem, trabalhador e feliz.
Nobre homem me tornei, modestia à parte. É certo, com a visão infantil que
deveria ter ficado não fiquei. Restou os olhos por hora meio puxados, meio
esbugalhados.




- Thiago, o que vai ser quando crescer?


- Eu quero ser pipoqueiro!


- Ahahahahah


- Não ri, não. Eu andei pensando. Já que gosto tanto de pipoca e terei que
ganhar dinheiro irei, então, trabalhar como pipoqueiro. Mas minha barraquinha
será a mais bonita.






Cresci sonhando com isso. Porque não? Ganhava dinheiro e ainda comia pipoca.
Com o passar do tempo fui exercitando meu lado inventivo. E era pipoca com
bacon, óbvio. E depois foi pipoca com grill de temperar carne; pipoca com queijo-ralado, queijo minas direto na panela; sal direto na panela; até
tempero de mijo rolou nisso; sem contar que depois de pronta misturava com fandangos, cheetos ou qualquer derivado. Depois era só sentar na frente da TV e ver trapalhões.
A propósito eu teria o sofá e a TV vendendo pipoca? Quando pequeno o
pipoqueiro era o meu herói. Agora, crescidinho pra caramba ser pipoqueiro
significa ser covarde.


Meu sonho agora é ser jornalista. Mas não deixo de fazer a minha pipoquinha
de vez em quando.

quarta-feira, maio 09, 2007

Substitui. E ponto.

O ponto, só pra início de conversa, pode servir de beijo. Ou o beijo serve de ponto? Numa conversa áspera, logo um ponto/beijo termina tudo.
Troco um atacante por outro; uso sua barriga de travesseiro; troco pra abril as férias de janeiro; vem o meio que eu finjo ser inteiro.
Troco a cama de lugar; você em cima do meu pé pra brincar de andar; no mar sobe em mim e pula pra parecer voar; tropeça de propósito só pro meu beijo sarar.
Às vezes troco seis por meia dúzia; ônibus das cinco por trem das seis; galinha de casa por frango de restaurante; cachorra por amante.
Ou troco ABC por 123; troco o nome da professora; chamo avó de tia (e ela adora parecer mais nova); a mãe de irmã (e ela adora parecer mais nova);
Troco o a colher pela mão; o tchau pelo então; o grandão pelo anão; o primo pelo irmão; o bolo pela manteiga com pão.
Troco a hora de acordar; o turno no trabalho; o dia do aniversário; meu nome, Thiago; e se me chamam de otário...
Troco de humor; troco a música no rádio; mudo de lado no armário; troco a meia da sorte no jogo do Flamengo;torço contra o Romário;
... e o coração...
Mas a vida não é um jogo de futebol. Certas coisas são insubstituíveis. Não é um atacante num mal dia, nem um goleiro com mão escorregadia. Certas coisas ficam. Ou melhoram ou pioram.
Perduram, e são passageiras. Umas são todo o tempo, já outras faz perder o tempo.
Certas coisas nos fincam no peito.
Já outras...substitui. E ponto.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Eu perdi


Perdi a idéia do que ia escrever. Deve ser a falta de sentidos. Coisa de louco. Coisa do mundo.

É natural, tudo anda se perdendo mesmo. Não é mais o que parece. Os inteligentes não perdem a idéia. Logo não faço parte desse grupo. Nem Cleópatra era bonita. Sabia? Beleza inventada por Shakespeare. E a paz? E as uvas? A primeira é somente uma pomba branca de final de ano em vinhetas da Globo; a segunda se iguala em importância à primeira. Uvas e paz, pombas e frutas... João Hélio e uma criança pedindo dinheiro no trem.

Perdi também a sensibilidade com o barbarismo. Perdi a paciência com o "Paraíso Tropical" (nova novela das oito, não tá sabendo? Não perca!). Perdi o tesão pelo esquerdismo utópico que normalmente os jovens fazem transbordar no estilo "Igualdade, empregos, justiça e etc!".

Fernando Gabeira, sim, aquele maconheiro viado gente fina mais digno que qualquer homem que se intitula homem por aí, disse assim:
"No passado, a esquerda era o bem e a direita, o mal. Mas a esquerda chega ao poder e faz as mesmas coisas. Então, um não é o bem absoluto, nem o outro é o mal absoluto."
É justamente assim. Chico, o Buarque, é excelente compositor. Não necessariamente uma pessoa acima de qualquer suspeita. Nem quem vos escreve, o é.
Todos encenam. Vivemos num grande estúdio de cinema, de TV ou palco de teatro bem exagerado. Antigamente ibope era conquistado com historinhas singelas, marchinhas ingênuas de carnaval, moças que eram mesmo moças, futebol com gols apenas, ordem praticamente em ordem. A necessidade faz o ladrão. A necessidade aumentou a carga de adrenalina e realidade. Fez-se mais uma vítima do Rio de Janeiro.Não suporto filmes mentirosos. Tudo cada vez mais real. O mundo, aquecido. E eu, cada vez mais perdido.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Tudo é proporcional

Tudo é proporcional. Sim, sei que a afirmação é perigosa. Mas qual afirmação não é perigosa?

A bolinha na pele feita pela mordida do mosquito corresponde ao valor do seu sangue, doce ou amargo.

A festa é proporcionalmente boa se há pessoas que fazem de qualquer momento bom.

O tempo que duram os olhos fechados viajando numa música é o que corresponde àquela vez que o beijo foi perfeito.

O grito de gol é tão forte quanto a necessidade de se ganhar.

A sua paciência de ler certos blogs é proporcional ao que você entende por suco de maracujá.

A alegria é proporcional ao que você quer pra frente e não ao que você têm agora.

A influência do passado no presente é proporcional ao grau de satisfação atual. Satisfeito = passado pouco influente. Insatisfeito= passado bastante influente.

A boa gripe difere da má gripe quando a primeira é adquirida num banho de chuvas com amigos e amores e a segunda é adquirida quando se volta de um dia estressante de trabalho debaixo de chuva.

Um "Puta que paril" é proporcional à alegria ou à irritação.

Tudo é proporcional. Basta saber a quê.

Basta também saber que volta, proporcionalmente. Ah, se volta

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Um dia

Um dia a gente muda tudo
O rapaz que era calado resolve falar
E quem fala demais resolve ficar quieto
O rapaz que nunca toma atitude resolve tomar
E o que trazia repúdio e voce dizia "Nunca farei", voce faz.
E o que sempre fazia, nao faz mais.
Um dia voce resolve ser noite"Serei diferente", voce diz
E age igual a todos que tentar ser diferentes.
Um dia voce fala que vai na casa da menina dos seus olhos
No outro o medo nao deixa.Um dia voce torce pro amigo
No outro voce torce pela vida.Um dia torce pelo amor
No outro tá lá, desamando.Num dia voce ri da piada
No outro se arrepende de nao ter gargalhado mais.
E um dia voce descobre
O rapaz que faz isso e depois aquilo
É voce.
Um dia voce diz que errou e nao sabe porque
No outro acerta e sabe porque.
Aí voce descobre:Somos feitos de céu e inferno.

terça-feira, novembro 28, 2006

Externet


Internet é uma coisa linda. Inter, interior, net, rede. Dentro da rede, grande rede. Outro mundo, virtual. Vamos deste para aquele, resolver naquele o que há neste. Pago contas, revejo amigos dos tempos de colégio, conheço novos, novos amores, leio notícias, oportunidades, outra vida. Tudo em um monitor. Tudo simples, fácil e, sobretudo, veloz.
Tenho um amigo importante que me aconselha e me entende. Ele mora em Portugal. Ele sabe da menina que estou apaixonado. Ela é linda, simpática e tem um olhar que seduz. Pelo menos digitando e pelas fotos, é o que parece. Tá certo, não vou a um show ou a um teatro tem tempo, mas como irei ficar longe dos meus amigos? O computador é meu melhor amigo.
Sei a comida preferida da minha amiga virtual mas não sei porque minha mãe só chega em casa dez da noite. Sei pra quem meu amigo escreve poesias mas não sabia que meu irmão parou de treinar handbol por amar a namorada do amigo. Sei que o cachorro do rapaz que esqueci o nick morreu e não sei nem se aqui em casa tem cachorro.
Que maravilha é a Internet! Caí na rede e não sei (nem quero) sair. Estranho é ter amigo virtual e desconhecer as pessoas que moram em minha própria casa.Inventem, por favor, a EXTERNET.

quarta-feira, outubro 18, 2006

O poder de inventar

Um quadro mal acabado só vale quando é póstumo. Isso vale também pros escritores, e pra tantas outras coisas. Porque os valores póstumos se seria mais digno dar valor no momento presente? Picasso que o diga.
Muitos grandes homens morreram sem um grande reconhecimento. Imagine nesse mundão cada pequena estupenda história de vida. Um grande pai de família no interior da Índia, outra grande jovem solitária à beira do Mar Morto, um capial dos pampas, uma senhora viúva em seu casebre no Peru. Levante a noção de espaço, voe com os olhos até os céus e imagine cada canto que se pode chegar, cada história. E cada história no prazer de seu anonimato. Não é aceitável a fabricação de apenas uns contos, modernos, sucessos e cinematográficos insucessos.
Até em relações pessoais os valores são trocados. As mulheres dão valores quando sentem a real perda. Os homens também. Os filhos falam tão pouco que amam as mães, que só decidem dizer quando se dão conta de que a presença materna não é pra sempre. Os mais belos afetos se escondem por detrás das vergonhas e orgulhos. Já tive mais vergonha de dizer que amo. Já tive vergonha de parabenizar alguém por algo. Já tive, sim. Agora, menos.
Se alguém fez o mundo, fez mal acabado. Só para termos o delicioso gosto de enfeitar e aperfeiçoar. Se alguém inventou o amor, deve-se usar.
Se ninguém inventou a felicidade, a gente inventa.

segunda-feira, outubro 09, 2006

As coisas andam doidas

As coisam meio doidas mesmo.
  • Fidel Castro afastado do poder;
  • Schumacher longe do último título da carreira;
  • Avião caindo (um caso em um milhão, diga-se de passagem);
  • Dunga comportado e controlado;
  • Gilberto Gil ministro;
  • Garota de programa autora de best-seller;
  • Collor voltando à cena como "grande homem";
  • Brasil perdendo Copa;
  • O melhor do mundo na reserva;
  • Eleição justa;

Tudo bem, eu exagerei. Mas não acha que tudo anda torto demais não?

E ainda tentam me convencer a não acreditar em viradas!

Tudo é uma deliciosa revanche do dia bom sobre o dia ruim. E assim tudo segue, torto, mas segue.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Os coroas

O negócio é ser coroa.
Keith Richards (sim, aquele mesmo guitarrista dos dedos estranhos dos Rolling Stones) parou de usar drogas. O motivo, segundo ele, é que as drogas de hoje em dia são muito fracas.
Rita Cadilac primeiro, e agora Gretchen. Atrizes de filme adulto (leia-se pornô).
Os coroas são mais liberais que a nova geração. Ser coroa já não parece ser um crime.
Independentemente do que fazem, são corajosos. Keith se rende. As dançarinas só estão fazendo uma espécie de especialização.
Agora aquela coisa de dizer "vai devagar que ele é velho" nao cola mais. Os novos são mais velhos até. Deliciosa ironia.
Enquanto isso remando contra a maré...
Tom Cruise abusa cada vez mais do direito de ser excêntrico. Afinal, comer placenta, proibir toques na filha, fazer propaganda exagerada para sua Cientologia e tentar mudar o nome da mulher não é bem normal.
Thiago Kuerques

segunda-feira, setembro 18, 2006

Todos deveriam quase morrer!

Sei não mas acho que todos deveriam experimentar uma experiência de quase-morte* para maior entendimento do que é viver. O valor dado seria maior. Assim não se perderia sorrisos por distinção de cor de pele, de mágoas, de torcida, de origem, de propriedades e nem de credo.
Quase perdendo a vida daríamos maior valor a ela e não nos perderíamos com banalidades. Porque eu não negaria um copo d'água, nem um abraço e nem impediria felicidades eternas.
Quase morrendo o mundo deixaria de quase viver.
Entretanto, comecei aqui dizendo que não sei. Seja paciente comigo. Leve em conta a minha ignorância, por favor. Me julgue mas não ignore.

* As EQM (experiência de quase-morte) referem-se às sensações causadas quando, na maioria dos casos, a morte clínica do paciente foi atestada pelos médicos, mas em nenhum deles houve a confirmação de morte cerebral. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_quase-morte)

terça-feira, setembro 05, 2006

Crenças e gnomos

Um bando de meninos voadores vieram me buscar no meio da última noite. Entraram segurando o riso pela janela e eu, apesar de todo o frio, resolvi acompanhá-los mesmo sem saber pra onde. Vi tudo de bem alto. Era tudo resplandescente, fluorescente, até indescente.

- Alto lá!

Eu acordei com algumas lágrimas grossas descompondo meu rosto. Fui beber um bocado só sem nem querer entender o vazio da alma. A sabiência é comparável aos campos agrícolas. Até semana passada, fértil e com boas colheitas. Desde anteontem esse campo não produz. Isso enlouquece. Eu até vejo meninos pequenos, veja só. E, no meu caso, escrever é usar de meu campo fértil um eficiente fertilizante para tantos outras mentes.Eu acredito em gnomos. Ironia eles serem tão menores e feios, e serem tão melhores e mais felizes. Eu acredito em tantas outras coisas que se eu tornasse públicas tais crenças a chacota tomaria conta. Mas, oras. Eu acredito em gnomos e acabei de vos declarar isso. Não se ria de mim.Eu acredito que estive voando por cima das nuvens numa noite dessas. Acredito no outro; na eternidade; no perdão; no Lula não. Acredito que plantas conversam; que flores não gostam de serem flores; e que ninguém sustenta por todo o sempre uma convicção. Acredito num futuro melhor; em político honesto e até em ex-corno, basta provar que não. Acredito até em você. Então porquê não podes acreditar em mim?


Ironia eu ter que apelar pra crenças a fim de explicar que o motor é acreditar em algo, seja qual for. Em Zeus, Alá ou qualquer coisa. Só não me pergunte porque não somos capazes de sermos felizes descrentes. Isso eu não sei.

domingo, agosto 27, 2006

Consultoria

A realidade entortou a todos. A realidade do time do Flamengo, que só jogará bem quando deixar de achar que é um time, e aí sim será um time. Que o Vasco joga feio mas ganha. Que o Fluminense é o maior desastre depois do Corinthians/MSI. A realidade é que não existe mais futebol. Existe mesmo algo muito parecido, mas futebol, não.

E voltando à consultoria...

Abrimos nossos serviços para atendimento virtual. Fale o que sente que soltamos as palavras mais ordinárias possíveis. Só não sei no que vai dar. Eu sou sério demais pra levar isso a sério. E o senhor Paulo Fernando é cômico demais para ser sério.
Será essa mistura o segredo das mais belas tragicomédias?

PS: Vídeo famoso mas vale a pena ver denovo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Vovó já dizia...

Tenho orgulho de ter a mulher mais sábia que pude conhecer, como minha avó.
Um dia fui comer manga com leite. Vovó já dizia...

Já ouvi também que "se um camaleão te morder, beba água antes que ele beba senão você morre." Mas, como assim? Eu me pergunto.

Sensacional era ouvir "não deixe o chinelo virado senão sua mãe morre."
Até hoje não consegui relacionar mamãe com o chinelo. Pé? Cheiro?

Até hoje levo esporro porque "fiquei gripado por causa da garoa".
Mas gripe não é virus?

"Se varrer o pé não casa mais".
É verdade. Vassoura, casamento, tudo haver. Inclusive mandei queimarem as vassouras do mundo. Viva o casório.

"Quebrar espelho dá 7 anos de azar". Porque sete?
Ainda estou analisando essa.

Um dia ouvi que "se andar de costas minha mãe morre".
Ô coitada. E se andar de lado? Agoniza? Ó paciência.

"Noivo não pode ver a noiva antes do casamento que dá azar".
É pra não desistir? Pra não se desesperar?

"Contar estrelas dá rugas".
E eu contava até duas porque achava que o "ser regulador" disso seria tolerante com quem contasse tão pouquinho.

"Quando o marido tem dor de dente, sem razão de ser, é porque a mulher está grávida".
Vai nascer o quê? O nome da filha será Cárie?


"Criança que brinca com fogo à noite, faz xixi na cama".
É, realmente fogo tem muito haver com água. As vezes até bebo fogo e queimo com água.

"Menino que passar por debaixo do arco-íris vira mulher e menina vira homem".
Essa foi horrível. Vai ver daí vem a bandeira do homossexualismo.

"Passar em baixo de escadas dá azar".
Siiim. Lá no mundo das escadas, passar por cima de gente também dá azar.

"Deve-se dar três pancadinhas na madeira quando uma pessoa roga praga".
Voce não sabia que a madeira absorve?

"Moça, que come em panela não casa".
Sensacional!

"Não saltar por cima das crianças senão elas não crescerão".
Eu me sentia até mal se alguém pulasse por cima de mim e não "despulasse". Dava até briga.

Vovó já dizia...

As maiores confusões da história aconteceram porque certas coisas foram levadas demais a sério.

Pau que nasce torto nunca se endireita...

quarta-feira, julho 05, 2006

Chaves e a educação


Eu tinha poucos anos. Poucos mesmo. Era eu, aquele pedaço de pessoa tímida, chegar da escola e pular onde fosse pra entrar num mundo tão simples e rico como o de um seriado de TV. Era sem almoçar mesmo, e isso valia tenebrosos esporros que pouco importavam. "Vá almoçar!". Não, mãe. Afinal, era a hora de ver Chaves. Tenho 21 anos de idade e até hoje o seriado mexicano é sucesso. O que explica?
O que explica uma série de TV da década de 70 fazer tanto sucesso mesmo com as super-produções do século XXI? O que explica uma programa tão simples fazer sucesso ainda que não tenha um capítulo inédito desde a década de 80? Não é dificil deparar-se com montagens dos personagens em páginas de fotos pessoais na internet. Os sites dedicados são surpreendentemente numerosos e bem trabalhados. As comunidades são milhares e detalhistas com adeptos desde os saudosistas a membros com pouca idade. Equivale a pessoas de vinte e poucos anos dizerem que foram "baixinhos da Xuxa".
A razão é muito mais clara do que parece. Crianças éramos, e crescemos com essa mania de vê-lo. A única vez que alguém ri de uma piada repetida é no seriado. Mas erra quem atribui o sucesso às piadas. Vai além. O sucesso se dá na conversação que o seriado faz bem intimamente com o público, numa linguagem universal (humor) com um enredo esmerado no problema social da personagem principal e na narrativa ágil e tranquila ao mesmo tempo. Quem não conhece um Chaves órfão e pobre? E quem não conhece um vizinho mal humorado? São tipos comuns que se tornam carismáticos. E mais profundamente...
Um cenário bem comum dos brasileiros, intrigas corriqueiras bem próximas do dia-a-dia e, principalmente, trabalhando em cima de críticas singelas que infelizmente fazem sentido até hoje. A produção quase que artesanal aproxima mais ainda, pelo "voar" dos sonhos, pelas músicas que habitam o lado inocente dos já adultos adoradores. Aquela roupa minguada, a cara de "cão arrependido"(desculpe o trocadilho). Boas lembranças.
O sucesso vai além de Roberto Bolaños e seu grande potencial de ser o palhaço Carequinha aliado ao meio de comunicação mais poderoso. Não existe mais vergonha de ainda ser reprisado e ainda sim ser um fenômeno.
Já tenho em mente que meus filhos irão assistir as estripulias de Chaves e Chapolin. Foi assim que aprendi história, costumes e curiosidades.
E senhores, aprender rindo é o melhor modo.
Entendido?


Isso! Isso! Isso!

sábado, maio 13, 2006

Sexo não vem do instinto

"Sexo não vem do instinto. Aprendemos com os animais, livros e filmes."

Porque você sente prazer pelo ser do sexo oposto? Porque deve ser assim? Porque o instinto é masculino, ou feminino, certo? Errado. A coisa é bem menos óbvia do que parece.
Analisando o comportamente de uma criança, nota-se que ela não tem definição sexual. Dizem os mais engraçadinhos que até os 12 anos se "está em cima do muro". Logo essa afirmação contradiz com a tal coisa do instinto.
Aprendemos culturalmente a ser do jeito que "deve" ser. Casarmos, construirmos uma família, termos filhos, que nos esforçamos para que sejam boas pessoas, que sigam o mesmo ciclo. Até aí não discordo, pois meu ideal de vida segue basicamente o mesmo encanto. Só que a definição não pode ser imposta.
Os meninos devem se descobrir sozinho com aquela coisinha que os diferenciam das meninas. Já as meninas devem se descobrir também. A única coisa que desfaz o encanto é o momento. Meninos já chamam uma senhora de "gostosa" e desfolham revistas masculinas com seus longos 6 ou 7 anos. Como o nome diz, masculino é para homens. E crianças, são só crianças. Meninas já se apaixonam pelo ator que aparece desnudo na novela das 8. Meninos e meninas brincam de namoradinhos antes dos dez anos. Oras...
Tenho comigo que crianças são crianças, jovens são meninos ou meninas, e adultos são homens ou mulheres. Não devemos impor a sexualidade com medo de termos filhos aquém das regras culturais. Não devemos impor regras e tal coisa que desemboca para coisas proibidas. Seria mais ou menos como a maconha a uns anos atras. Quando proibida, virou sucesso. Agora perde o a fama para outras, digamos, mais probidas.
O sexo é aprendido com os animais, esses sim instintivos. Aprendido com os livros, revistas "especializadas". E filmes, esses sim, sem palavras. Não digo que devemos defender bandeiras de sexualidade. Digo que devemos defender a bandeira da liberdade vigiada de coisas tão delicadas.
Numa sociedade onde todos os caminhos estão ditados, o prazer de ser único está condenado a uma extinção cada vez mais cruel. Talvez mesmo, nunca conseguiu existir. Talvez mesmo, isso nunca vá existir.
Que venha o próximo gol feio.