terça-feira, dezembro 05, 2006

Conversa de mesa

(...)

- E então é isso - eu disse completando o raciocínio.

"Por favor, fale algo...
Você aí numa ponta da mesa e eu na outra, mudos. Depois do meu discursso
você nada disse. E eu aqui pensando. Pensamentos que enlouquecem.

Fale mal dos meus olhos silenciosos ou bem da minha preguiça, da minha cara
de retardado, do meu jeito romântico enjoativo, do meu lado piegas, da ironia de
escrever e ser burro. Mas fale. Fale ao menos que me odeia.
Fale do presidente da Venezuela, da mãe da sua vizinha, da gravidez da sua
cadela, dos sonhos fantasiosos de infância, do conservadorismo do novo velho
Papa, mas fale, por favor.
Fale bem do seu ex-namorado, do tempo que não me conhecia, das pessoas que
eu não conheço, e do que não queria ter conhecido em mim, mas fale.
Fale mal do meu cabelo escondido por detrás de um boné maltrapilho, da
falta de tesão que dá ao ver meu corpo, do desagradável sorriso, mas fale.
Fale logo algo, diz-me asneiras e futilidades. Abra logo réplica a qualquer
coisa. Diga logo que desgosta de mim a cada centímetro de palavra ou que me ama.
Mas diga logo que meus pensamentos me consomem. Minha mente atabalhoada não me
permite nada. Estou longe de me dar alta da minha análise.
Diz algo, pois o seu silêncio me deixa surdo."

- Eu te amo - disse ela.

terça-feira, novembro 28, 2006

Externet


Internet é uma coisa linda. Inter, interior, net, rede. Dentro da rede, grande rede. Outro mundo, virtual. Vamos deste para aquele, resolver naquele o que há neste. Pago contas, revejo amigos dos tempos de colégio, conheço novos, novos amores, leio notícias, oportunidades, outra vida. Tudo em um monitor. Tudo simples, fácil e, sobretudo, veloz.
Tenho um amigo importante que me aconselha e me entende. Ele mora em Portugal. Ele sabe da menina que estou apaixonado. Ela é linda, simpática e tem um olhar que seduz. Pelo menos digitando e pelas fotos, é o que parece. Tá certo, não vou a um show ou a um teatro tem tempo, mas como irei ficar longe dos meus amigos? O computador é meu melhor amigo.
Sei a comida preferida da minha amiga virtual mas não sei porque minha mãe só chega em casa dez da noite. Sei pra quem meu amigo escreve poesias mas não sabia que meu irmão parou de treinar handbol por amar a namorada do amigo. Sei que o cachorro do rapaz que esqueci o nick morreu e não sei nem se aqui em casa tem cachorro.
Que maravilha é a Internet! Caí na rede e não sei (nem quero) sair. Estranho é ter amigo virtual e desconhecer as pessoas que moram em minha própria casa.Inventem, por favor, a EXTERNET.

terça-feira, novembro 21, 2006

Desordem

Inteligência limitada ou burrice livre?
Pequenez do quarto gostoso ou amplidão perigosa e desconhecida?
Riqueza infeliz ou pobreza alegre?

Estes contrapontos ou a falsa ilusão de que tudo está em ordem?

segunda-feira, novembro 06, 2006

Homem


Não basta apenas sorrir pra lá e fechar a cara pra cá. Tem que ser sincero. Não só falar palavras bonitas, mas tirá-las de dentro.
Porque ser homem não é ter aquilo grande, mas ter aquilo. Não é ter músculos, mas ser forte. Não é ser bruto, mas saber ser bruto e sensível nas horas certas. Não é ter várias mulheres e histórias pra contar, mas sim, ter feito tudo com amor. Ser homem não é mijar em pé, jogar futebol e dirigir o carro. Mulheres jogam e também dirigem. Ser homem é não ter vergonha de chorar, não ter medo de arriscar e ,sem dúvida, compreender que a mulher é uma com TPM e outra sem.Ser homem não é beber no bar, falar de mulher ou de carros ou futebol. Ser homem é fazer isso tudo e admitir que também gosta de poesia e frequenta teatro e exposições.
Nem sempre o beijo combina de primeira. Mas combina de segunda ou de terceira. É ter paciência.Não é ir ao motel toda semana. É fazer bem feito, e se não o fizer, ser sincero e tentar outra vez.Não se precisa de muito. Ser homem é entortar o pescoço por uma quando solteiro, e entortar todos os dias pela mesma quando enamorado. Ser homem é apenas dar mais importância pra cabeça mais sensata. É abrir o pote de azeitona e não reparar no novo corte de cabelo.Ser homem é ser príncipe e plebeu ao mesmo tempo.É amar perdidamente e se perder se for desamado.É entender que mulheres nunca serão compreendidas.
Ser homem é chegar à lua e disfarçar.Sou homem é ser safado e santo na dose certa. E saber errar pra poder acertar depois. Como vocês, mulheres, pensam, ser homem também não é tão fácil e nem tão difícil como, nós homens, pensamos.

terça-feira, outubro 31, 2006

O meu Terceiro Caderno

Peguei a madrugada fria lendo jornal. E lia com gosto o caderno de desgraças e tragédias, no melhor estilo “Caderno de Política”. E se ria, e chorava, e fazia o verdadeiro espetáculo da falsa vivência, ou seria o incrédulo espetáculo da verdadeira vida? De qualquer forma, era madrugada fria.
Sonolentos os olhos aqueles que como os meus faziam do céu negro um dia qualquer e mais tranqüilo. Mal ou bem, pensava nos rumos e atrasos a que se atende as segundas e terças-feiras. Hoje não escrevi, não estudei, não disse sequer que amo alguém. Mas li um pedacinho de jornal, dividido com a madrugada. Esta por si só caiu no sono das crianças. Ela preferia sonhar com peixes falantes em campos verdes que com a reeleição de Lula e a catástrofe em nome de descobridor, Cabral. Já este aqui não dormiu.
Fui ler. Do jornal ao virtual. De crônicas à literatura de e-mails, flogs e blogs.Eu ria de mim. Do que diziam por eu escrever bem. Oras sou filho do português, da literatura e, sobretudo, da filosofia em forma de poesia. Meus olhos enxergam perfeitamente tais coisas, essas de saber os meandros da linda língua pátria. Mas a falta de critério e teoria é que fazem das minhas críticas duvidosas. Até mesmo eu duvido delas de vez em quando. Essa coisa de dom é muito mal explicada mesmo. Eu vejo e sinto que é ou não é. Não sei explicar, perdoem-me.
Entretanto, é terrível ver que nem a madrugada sabe ler. Você acha que o certo é tranqüilo ou tranquilo? E qual é a incorreta entre as palavras discrição e descrição? Qual a sua língua?A minha tem acentos e recheios. A minha não tem um álibi chamado Internet. E creio que, sem preguiça, a vossa também.E o que é a palavra? As palavras estão perdendo espaço pras sensações. Vale mais um rostinho chamado smile que uma frase de poucas e intensas palavras. Ou seríamos nós mesmo os erros de português?

Boa noite, madrugada.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Voto nulo ou consciente?

A um tempo atrás escrevi sobre voto nulo e suponho não ter sido claro. Nem
defendi quanto não queria, nem ataquei o quanto podia. Mas ainda fica uma
intimidação mesclada com preconceito quando se trata de votar nulo.
- Em
quem irá votar? No candidato populista-barato ou no falso paizão dos ricos?
- Voto nulo!

(Momento de revolta generalizada)

Afinal, o voto nulo é atestado de covardia?

Não, justamente por um simples argumento. O voto é um direito cívico valioso no qual se escolhe um candidato a um cargo de importância para a sociedade. E se eu não quiser votar em determinado candidato por este soar falso e sem fundamentos? E
se eu não quiser votar no segundo por não concordar com a maneira absurda de não responder perguntas e de fazer populismos superficiais? E se eu não tiver sequer um candidato? Tenho direito sim de votar nulo. Sei muito bem que o Nulo não sobe a rampa do Planalto mas o direito à uma escolha consciente me permite isto.
Está não é uma campanha para anulação de voto mas sim pela consciência. Não concordo em escolher entre dois candidatos que se sentem numa mesa redonda de acusações e ironias esdrúxulas. Não aceito escolher entre um candidato dos ricos e outro dos pobres. Entre um e outro eu vou votar com uma mão no teclado e a
outra no nariz.

quarta-feira, outubro 18, 2006

O poder de inventar

Um quadro mal acabado só vale quando é póstumo. Isso vale também pros escritores, e pra tantas outras coisas. Porque os valores póstumos se seria mais digno dar valor no momento presente? Picasso que o diga.
Muitos grandes homens morreram sem um grande reconhecimento. Imagine nesse mundão cada pequena estupenda história de vida. Um grande pai de família no interior da Índia, outra grande jovem solitária à beira do Mar Morto, um capial dos pampas, uma senhora viúva em seu casebre no Peru. Levante a noção de espaço, voe com os olhos até os céus e imagine cada canto que se pode chegar, cada história. E cada história no prazer de seu anonimato. Não é aceitável a fabricação de apenas uns contos, modernos, sucessos e cinematográficos insucessos.
Até em relações pessoais os valores são trocados. As mulheres dão valores quando sentem a real perda. Os homens também. Os filhos falam tão pouco que amam as mães, que só decidem dizer quando se dão conta de que a presença materna não é pra sempre. Os mais belos afetos se escondem por detrás das vergonhas e orgulhos. Já tive mais vergonha de dizer que amo. Já tive vergonha de parabenizar alguém por algo. Já tive, sim. Agora, menos.
Se alguém fez o mundo, fez mal acabado. Só para termos o delicioso gosto de enfeitar e aperfeiçoar. Se alguém inventou o amor, deve-se usar.
Se ninguém inventou a felicidade, a gente inventa.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Não é?

Outra vez eu abri a geladeira para pensar. É involuntário, mãe. E na filosofia geladinha da mãe geladeira eu tive uma grande idéia. O mundo poderia ser mais amável não é mesmo? Tive a idéia de os mais desavisados tomarem a pílula do dia anterior. Talvez assim as ardências furiculares não permitiriam enfeiar o mundo.

E o avestruz com leite corre, corre.
Porque porco só vira leitão quando morre.

E se por um acaso não ver o vídeo, eu vou te suicidar.

segunda-feira, outubro 09, 2006

As coisas andam doidas

As coisam meio doidas mesmo.
  • Fidel Castro afastado do poder;
  • Schumacher longe do último título da carreira;
  • Avião caindo (um caso em um milhão, diga-se de passagem);
  • Dunga comportado e controlado;
  • Gilberto Gil ministro;
  • Garota de programa autora de best-seller;
  • Collor voltando à cena como "grande homem";
  • Brasil perdendo Copa;
  • O melhor do mundo na reserva;
  • Eleição justa;

Tudo bem, eu exagerei. Mas não acha que tudo anda torto demais não?

E ainda tentam me convencer a não acreditar em viradas!

Tudo é uma deliciosa revanche do dia bom sobre o dia ruim. E assim tudo segue, torto, mas segue.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Um texto intimista

Saudosa Cosmorama

Para matar a saudades
Nada como um caderno velho
Um suco de amizade chiclete
Uma fita azul de amor cego
A que a memórias nos remete.

Uma música do toca fitas, exaustiva
Que eu escutava todo dia
E que calou quando o tempo passou
Fazendo voltar à vida
A vontade de fazer tudo denovo.

Inclua neste saudosismo
Os dias de futebol no campo de chão
Ou até no chão de asfalto
Também a queimada, garrafão
Tempo do melhor caudo.

Da gude que insistia não bater na outra
Do Chaves depois vespertino
Do ônibus escolar, hilárias músicas
Do tempo que só acompanhava
Já que hoje eu é que decido pra onde ir.

Vai ver é isso.
Não deixei as coisas para lá.
Ainda não sei decidir por mim
Para o destino que devo ir.
Só pra matar saudades, Cosmorama.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Os coroas

O negócio é ser coroa.
Keith Richards (sim, aquele mesmo guitarrista dos dedos estranhos dos Rolling Stones) parou de usar drogas. O motivo, segundo ele, é que as drogas de hoje em dia são muito fracas.
Rita Cadilac primeiro, e agora Gretchen. Atrizes de filme adulto (leia-se pornô).
Os coroas são mais liberais que a nova geração. Ser coroa já não parece ser um crime.
Independentemente do que fazem, são corajosos. Keith se rende. As dançarinas só estão fazendo uma espécie de especialização.
Agora aquela coisa de dizer "vai devagar que ele é velho" nao cola mais. Os novos são mais velhos até. Deliciosa ironia.
Enquanto isso remando contra a maré...
Tom Cruise abusa cada vez mais do direito de ser excêntrico. Afinal, comer placenta, proibir toques na filha, fazer propaganda exagerada para sua Cientologia e tentar mudar o nome da mulher não é bem normal.
Thiago Kuerques

segunda-feira, setembro 18, 2006

Todos deveriam quase morrer!

Sei não mas acho que todos deveriam experimentar uma experiência de quase-morte* para maior entendimento do que é viver. O valor dado seria maior. Assim não se perderia sorrisos por distinção de cor de pele, de mágoas, de torcida, de origem, de propriedades e nem de credo.
Quase perdendo a vida daríamos maior valor a ela e não nos perderíamos com banalidades. Porque eu não negaria um copo d'água, nem um abraço e nem impediria felicidades eternas.
Quase morrendo o mundo deixaria de quase viver.
Entretanto, comecei aqui dizendo que não sei. Seja paciente comigo. Leve em conta a minha ignorância, por favor. Me julgue mas não ignore.

* As EQM (experiência de quase-morte) referem-se às sensações causadas quando, na maioria dos casos, a morte clínica do paciente foi atestada pelos médicos, mas em nenhum deles houve a confirmação de morte cerebral. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_quase-morte)

terça-feira, setembro 12, 2006

Entrevista do seu candidato

Entrevista do seu candidato:

- Qual o plano para a SAÚDE?
- Deve-se levar em conta a conjuntura real para diagnosticar e introduzir qualquer emenda.
- E as propostas para a área SOCIAL?
- A irrelevância da ignorância brasileira é tão importante quanto meu café no meu bule: tenho que usufruir dia-a-dia.

Chega a ser engraçado. Se não é trágico, deve ser cômico. E a conjuntura sempre ao relento. Não canse das palavras difíceis e da falta de respostas. Canse as suas bochechas, rindo.
É de um lado os que já estão governando prometendo mais, os que estão querendo entrar distribuindo idéias mirabolantes e nós morrendo, de rir ou de fome.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Independência ou...

Independência ou... ou o quê mesmo?
Ah, me perdoe a ignorância. Eu nao sei história do Brasil porque não consigo estudar.
Ah, me perdoe. Eu nao consigo falar em independência sendo escravo dos interesses, da sorte, da história, da cultura e do sono desse país.
Independência ou o quê mesmo?

Nota: Aqui na minha cidade, Nova Iguaçu, a comemoração de 7 de setembro foi antecipada para o dia 6 de setembro numa solenidade indigna na Vila Olímpica com cinco crianças carregando bandeiras sabe-se lá do quê na frente do prefeito pop-star bonitinho. O ato durou menos de uma hora e passou despercebido diante de tudo.

terça-feira, setembro 05, 2006

Crenças e gnomos

Um bando de meninos voadores vieram me buscar no meio da última noite. Entraram segurando o riso pela janela e eu, apesar de todo o frio, resolvi acompanhá-los mesmo sem saber pra onde. Vi tudo de bem alto. Era tudo resplandescente, fluorescente, até indescente.

- Alto lá!

Eu acordei com algumas lágrimas grossas descompondo meu rosto. Fui beber um bocado só sem nem querer entender o vazio da alma. A sabiência é comparável aos campos agrícolas. Até semana passada, fértil e com boas colheitas. Desde anteontem esse campo não produz. Isso enlouquece. Eu até vejo meninos pequenos, veja só. E, no meu caso, escrever é usar de meu campo fértil um eficiente fertilizante para tantos outras mentes.Eu acredito em gnomos. Ironia eles serem tão menores e feios, e serem tão melhores e mais felizes. Eu acredito em tantas outras coisas que se eu tornasse públicas tais crenças a chacota tomaria conta. Mas, oras. Eu acredito em gnomos e acabei de vos declarar isso. Não se ria de mim.Eu acredito que estive voando por cima das nuvens numa noite dessas. Acredito no outro; na eternidade; no perdão; no Lula não. Acredito que plantas conversam; que flores não gostam de serem flores; e que ninguém sustenta por todo o sempre uma convicção. Acredito num futuro melhor; em político honesto e até em ex-corno, basta provar que não. Acredito até em você. Então porquê não podes acreditar em mim?


Ironia eu ter que apelar pra crenças a fim de explicar que o motor é acreditar em algo, seja qual for. Em Zeus, Alá ou qualquer coisa. Só não me pergunte porque não somos capazes de sermos felizes descrentes. Isso eu não sei.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Joseph Kimbler, não ria dele



Vos escrevo após meia hora de tentativas desesperadas de contenção do riso e da desordem que este recinto se tornou após a exibição da triste história de vida deste homem. a vida é realmente uma caixinha de surpresas.
Acabei de virar fã de Joseph Kimbler.

domingo, agosto 27, 2006

Consultoria

A realidade entortou a todos. A realidade do time do Flamengo, que só jogará bem quando deixar de achar que é um time, e aí sim será um time. Que o Vasco joga feio mas ganha. Que o Fluminense é o maior desastre depois do Corinthians/MSI. A realidade é que não existe mais futebol. Existe mesmo algo muito parecido, mas futebol, não.

E voltando à consultoria...

Abrimos nossos serviços para atendimento virtual. Fale o que sente que soltamos as palavras mais ordinárias possíveis. Só não sei no que vai dar. Eu sou sério demais pra levar isso a sério. E o senhor Paulo Fernando é cômico demais para ser sério.
Será essa mistura o segredo das mais belas tragicomédias?

PS: Vídeo famoso mas vale a pena ver denovo.

sábado, agosto 26, 2006

Realidade entre aspas

Li outro dia um desabafo sobre o paradoxo de se viver na realidade e não poder querer sonhar. Meti no fundo da minha ignorância a repensar as idéias que ,não eu, mas os outros achavam por mim. Porque viver na realidade significa viver sem sonhos?
É mais uma coisa que sobrepõe verdades e inverdades. É mais uma coisa fora dos padrões, mesmo que seja popular. Sonhador é representante dos moradores distantes da realidade. E realista é o pedacinho que cabe aos que vivem famintos por sorrisos e, que se sorrirem, deixam de o ser. "Ora, ries porque? Não há motivo algum para felicidade".
O segredos dos segredos eu vos conto sem cobrar nada. Atente à minha teoria (que nem é tão minha e nem tão teoria assim): seja criança. É bem simples. Os adolescentes pecam nas extremas sensações e os adultos na extrema "des-sensação"(com licença, meu neologismo significa "pessoa que não sente sensação alguma). Falta competência de se ter equilíbrio. E a criança, bela ironia, equilibra fantasia com realidade. O segredo é o equilíbrio. Nem muito sã, nem muito ridículo. Nem muito derrotado, nem tão utópico.
Arnaldo Jabor disse numa entrevista que "a realidade se tornou mais inverossímel que a própria ficção". Concordaria, se a realidade não fosse pessoal e intransferível. Só não ouse gritar, porque aí a realidade se torna social e, acredite, se torna tão mais sem graça que não quererás deixar de ser sonhador. Sendo assim, acabou-se o equilíbrio. E volta tudo ao irreal real demais que estamos cansados de saber como é.

quarta-feira, agosto 23, 2006

As tardes prenhes

Queria uma pessegueira bem bruta e imponente. E que a sombra desse abrigo fosse amiga minha pela toda tarde triste. É porque todas as tardes são tristes.
Almoço atrasado. Horário eleitoral. Depois o descanso, o descanso de mais um bocado, a visita habitual no orkut, e quando vejo já não vejo. Fim da tarde, prenhe e triste. Prenhe pelo simples fato de ser tarde, mãe dos desolados desocupados; e quando se é tarde, mesmo nunca sendo tarde, é tarde. E assim sendo, é triste.
Com isso e por isso e nisso eu quero uma pessegueira. Nesse mundo corrido tudo é desmundo, sujismundo. Antes comendo manga(aquela mesma que se metia ora açucarada ora amarga), eu desejo pêssegos. São mais suaves, mais raros e desfaz a merda triste.
Digo merda porque não consigo avançar nos palavrões no meio dessa tarde prenhe e triste. E nem grudar qualquer sentido a isso.
Prenhe e triste...triste...
Até a noite.

sábado, agosto 19, 2006

No popular

Deus entende?

Diga-se do povo, o brasileiro.
Diga-se de Deus, Ele mesmo.
A voz do povo é a voz de Deus.
O povo não sabe falar, quanto mais votar.
Logo, Deus não é tão...

Nem sempre a sabedoria popular tem razão. Mas como comigo é no popular um punhado de sal debaixo da língua resolve.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Palpite sobre o incerto

Acertei nos palpites de ontem. Empate! Mas não pense que eu entendo de futebol. Esse esporte é tão imprevisível quanto todo o resto do que está pensando agora. O hezbolah pode decidir atacar agora. O dia ensolarado pode ter chuva no fim da tarde. Como um gol injusto pode surgir um alento no meio de qualquer guerra. Um alento.
Em suma maioria as coisas acontecem por que devem assim ser, mesmo que seja surpreendente. São esquinas onde não se sabe o que há a frente que despertam o medo e a coragem. Os medrosos deixam alguém ir adiante. Os corajosos, já se sabe. Mas pode o corajoso ganhar a descoberta de uma riqueza ao dobrar a esquina ou pode morrer com o desconhecimento do perigo. O covarde pode se poupar do risco ou pode ter perdido a chance de virar um rico corajoso.
O inesperado, infortúnio, surpreendente, é que dá o sabor. Quem diria que Heloísa Helena incomodaria tanto os caciques da política? A expulsão que quase feriu o Inter ontem, quem diria?
De certo mesmo, só que tudo é incerto.

[Ps: Luiz Roberto e Sérgio Noronha falam a palavra evidentemente até pra se despedir. Irritante!]

quarta-feira, agosto 16, 2006

Dia gaúcho

São 18:33 e por despropósito não vi e não sei o resultado do jogo de estréia do Dunga(gaúcho) com cara de Parreira no comando da seleção brasileira de futebol, assim como não dirá nada se o time jogou bem ou mal. Vamos ver sim, no próximo Brasil e Argentina (que por sua vez passa por uma situação meio complicada com a renovação).
De bom mesmo é a final da Libertadores. Não sou Mãe Dinah, então falo depois do resultado. E ainda me perguntaram se verei o jogo do Flamengo que (dizem) passará na Record. Dá-lhe gauchês no jogo com o Inter e depois com a minissérie da casa das sete mulheres que tem oito.
Será que o São Paulo vai usar a arma mais natural quando se trata de confronto contra o povo la debaixo, com o perdão do trocadilho. É só aparecer bem "armado" que os gaúchos mostram a principal virtude: a boiolagem, tchê.
Mas o jogo será duro. Bambis não fariam isso. Vai dar empate!

terça-feira, agosto 15, 2006

Caneladas

Por breve que seja não fujo da idéia mais óbvia que dá título a este blog: futebol.
  • Copa do Brasil não serve de base para times extraordinários. Mas, créditos ao time arrumadinho e esforçado do Flamengo.
  • O Fluminense deve se decidir se quer ser uma empresa de marketing ou clube de futebol.
  • Este campeonato brasileiro é tão broxante. É um time jogando nada ali, outro jogando coisa alguma acolá.
  • É bem triste perceber que as vendas sem critério continuam: Jônatas (razoável) já se despediu; Morais (inconstante) nao desfilará por muito por aqui; Ricardo Oliveira; Marcelo (flu); Wagner (Cruzeiro), Maicossuel (Paraná). Chorar por falta de ganhos em cima de Adriano, Deco, Ronaldo Gaúcho não trará dinheiro aos pobres cofres e parece não dar lição alguma para o futuro.
  • Nem argentino brilho este ano.
  • Cariocas nas últimas posições, como de costume.
  • O provável campeão sairá entre São Paulo, Cruzeiro, Internacional e Grêmio.

Num todo, idolatro a fidelidade dos torcedores ainda crentes no futebol. Palmas!

segunda-feira, agosto 14, 2006

Real noção de votar

Nascemos bons, sim, independentemente da categoria do berço. Nascemos bons e o resto é que nos molda. Políticos nascem maus, e são moldados para serem cada dia piores até provarem que são bons. E é essa coisa que nos faz repudiar a política. E se soubéssemos o tanto de coisas que são atreladas a isso não destrataríamos por preconceito infantil. Política é como a matemática colegial, como a vitamina da infância, coisas chatas e necessárias. Ao contrário do que todos crêem, a política se faz desde sempre e dela ninguém foge, e longe dela ninguém vive.Respeita-se a opção de um cidadão em ser apolitico. Se não há jeito, respeite. O desrespeitoso é a ignorância esta que faz do voto artifício de benefícios próprios. A ignorância não está em quem não sabe, não está no analfabeto, mas sim naqueles que são ignorantes por opção. Lembre-se de que não escolher já é uma escolha.A coisa é tão mais simples que política pode ser chamada de arte. Controlar desavenças com vizinhos, arrumar um time de futebol, negociar convidados para uma festa, comprar, vender, ou seja, a política está em todos os cantos, desde sempre.São tantas coisas ruins, e nós pagamos tudo. Foi a ditadura, tempos difíceis. Foi a democracia nada democrática pós-ditadura que controlava preços, que abafava informações, que até hoje põe rédeas nos brasileirinhos filhos da era da tevê que por sua vez cria os personagens para consumo desse ódio popular. Não acredite que os escândalos conhecidos são os piores. Acredite sim, que são oportunos criados a cada momento para vender notícias e alimentar o descontentamento. Se apenas reclamar mudasse algo seríamos o melhor país do mundo. E não somos. Defendo mudanças através do voto, mesmo que vá de encontro a idéia de democracia ao votarmos em meia dúzia de rostos que se julgam a cada eleição serem os melhores. Se elegem, nada muda e depois voltam prometendo mais.Mudar, ao contrário do que os sonhadores julgam, não é fácil e simples. Começar é. Votar e cobrar é. Promessas de campanha são documentos. Voto é arma. Mesmo que este ano a porcentagem de eleitores jovens entre 16 e 18 anos(idade em que o voto é facultativo) tenha subido de 3% da última eleição para 10% nesta, ainda crê-se que é pouco. Mas é belo.Política é arte. É a arte de quem deixa de lado o egoísmo para viver em sociedade. Segundo um célebre pensador, política é plantar uma árvore com 80 anos de idade mesmo sabendo que nunca poderá se aproveitar da sombra dela.
Vote, plante.
O futuro nos reserva a cadeira de heróis.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Vovó já dizia...

Tenho orgulho de ter a mulher mais sábia que pude conhecer, como minha avó.
Um dia fui comer manga com leite. Vovó já dizia...

Já ouvi também que "se um camaleão te morder, beba água antes que ele beba senão você morre." Mas, como assim? Eu me pergunto.

Sensacional era ouvir "não deixe o chinelo virado senão sua mãe morre."
Até hoje não consegui relacionar mamãe com o chinelo. Pé? Cheiro?

Até hoje levo esporro porque "fiquei gripado por causa da garoa".
Mas gripe não é virus?

"Se varrer o pé não casa mais".
É verdade. Vassoura, casamento, tudo haver. Inclusive mandei queimarem as vassouras do mundo. Viva o casório.

"Quebrar espelho dá 7 anos de azar". Porque sete?
Ainda estou analisando essa.

Um dia ouvi que "se andar de costas minha mãe morre".
Ô coitada. E se andar de lado? Agoniza? Ó paciência.

"Noivo não pode ver a noiva antes do casamento que dá azar".
É pra não desistir? Pra não se desesperar?

"Contar estrelas dá rugas".
E eu contava até duas porque achava que o "ser regulador" disso seria tolerante com quem contasse tão pouquinho.

"Quando o marido tem dor de dente, sem razão de ser, é porque a mulher está grávida".
Vai nascer o quê? O nome da filha será Cárie?


"Criança que brinca com fogo à noite, faz xixi na cama".
É, realmente fogo tem muito haver com água. As vezes até bebo fogo e queimo com água.

"Menino que passar por debaixo do arco-íris vira mulher e menina vira homem".
Essa foi horrível. Vai ver daí vem a bandeira do homossexualismo.

"Passar em baixo de escadas dá azar".
Siiim. Lá no mundo das escadas, passar por cima de gente também dá azar.

"Deve-se dar três pancadinhas na madeira quando uma pessoa roga praga".
Voce não sabia que a madeira absorve?

"Moça, que come em panela não casa".
Sensacional!

"Não saltar por cima das crianças senão elas não crescerão".
Eu me sentia até mal se alguém pulasse por cima de mim e não "despulasse". Dava até briga.

Vovó já dizia...

As maiores confusões da história aconteceram porque certas coisas foram levadas demais a sério.

Pau que nasce torto nunca se endireita...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Naturalmente difarçado

"Me lembre de falar daquilo, não posso esquecer. Quando chegar na frente dele eu tenho que me comportar como um gentleman. E quando eu sair com os amigos não posso demonstrar meu gosto por poesia, eles não entenderão. Por enquanto, são essas as impressões que devo passar."
E essa pessoa não está incluída no grupo dos falsos entre nós. São pessoas normais que habitam qualquer nicho do nosso viver. Está ali no rapaz que sonha em silêncio ser padre, na menina que quer jogar futebol profissionalmente e na curvatura forçada de índole em cada um. A naturalidade não parece existir. Eu mesmo, confesso, por muitas vezes me pinto de borrado pra não parecer certo demais. É natural não ser sempre natural. Isso não existe.
Estamos sob a batuta de regras cruéis onde o preconceito esbarra na parece invisível do "não é comigo mesmo". Até escrevendo com infidelidade semanal, pois demoro e sou desorganizado. E, pela formalidade engano com pinta de culto.
Existem pessoas que destoam da verdade que são, e conseguem crer que são o que tentam parecer. Mas nessa coisa de parecer ou simpático, ou culto, ou inocente, ou competente esquecemos que nenhum disfarce dura eternamente.
Os rostos andam como políticos, bem vestidos a procura de boa imagem. Mas nenhuma imagem sobrevive à paisagem da alma.
Não fui natural, mas essa já é uma outra história.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Envelhecemos nos tornando ignorantes

Ao passo que o mundo envelhece a ignorância cresce. Efeito bem
controverso ao da vida, que despista a elegância da beleza dos
rostos e corpos para embelezar a alma, tornando-a sábia. O mundo,
o Brasil principalmente, anda a passos largos rumo ao degresso.Não precisa-se ir longe para entender. A fotografia roubava almas;
"éramos" todos concordantes com o escravismo; a maioria condenava
tantas coisas que hoje são absurdas; a ditadura esteve por esses
lados e traz seqüelas até este século corrente.Na história jovens russos morreram pela revolução, os franceses,
idem. Grandes personagens históricos foram jovens com ideais.
Fomos "caras-pintadas", e só. Falta ideologia pros jovens.Lutar contra o quê? Não há guerra iminente, pelo menos para o
Brasil. Mas riem da nossa dignidade os "sanguessugas", "mensalões"
e "pizzas" Brasil afora, ou a dentro. Dentro da ferida de sermos,
a cada dia, ignorantes.A Era da internet tão aclamada das idéias difundidas com
velocidade relâmpago. No entanto, idéias tão banais.Jovens, não reclame da falta de ideologias. Quem as escondeu atrás
do pano sujo do progresso mal sabe que eles ainda são fortes. Basta toma-la para viver.

quinta-feira, julho 27, 2006

Superman

O homem sempre quiser ser super.
É assim, absurdamente redundante que começo esse perqueno artigo sobre um personagem idolatrado a anos. Quando era miúdo e inocente acreditava que podia voar, queria vestir minha roupa azul e não ser notado por ninguém mesmo sem qualquer tipo de mascaramento. Acreditava com certa paixão que ao apertar os olhos com força sairia uma visão gelada ou em chamas. Queria salvar o mundo.
Esqueceram que crescemos, eu e os fãs. O homem da capa vermelha se divide entre o amor e um mundo eloqüente, existente apenas naquele pedaço de país. O herói é, por falta de melhores palavras, ridículo.
Não me esticarei sobre o filme exatamente. Jorra pelas minhas entranhas ter sido fã de um herói que nada representa. Clark fantasiado busca somente o status de ser herói e tem o prazer de sofrer por seu amor. Nunca vi um herói tentar se levar a sério e demonstrar tanto prazer em ser pop. Triste. Triste a dúvida entre o certo e a tentação. Não é uma história católico-holywoodiana.
Evitar roubos de bancos, acidentes de carros, furtos a pedestres foi belo na década de 60. Mesmo assim é inaceitável um herói não tentar salvar realmente o mundo. Desastres banais ou crimes huumanitários? E a fome? E a miséria? E as guerras? De bom mesmo foi ouvir novamente a música-tema.
O maior pecado de "Superman" é nao se definir entre herói infantil ou herói do século XXI. Ainda precisa comer muito heijão com farinha.

segunda-feira, julho 24, 2006

Richthofearam na nossa cara

Cheguei à conclusão de que essa coisa de imprensa é mesmo um espelho de sociedade. Existem, em grande escala, como em nosso contidiano, pessoas de má e boa índoles. E convenhamos, o caso "Richthofen" é mais um nescau consumido no imenso mercado.
Com tantos horrores, crianças morrendo de fome, pessoas crescendo burras, emissoras (melhor ser direto e dizer GLOBO) nos alienando das verdades, chacinas dos sertões e interiores que não tomamos conhecimento, doenças graves em quem não merece uma gripe, me assolam com um caso isolado de trama novelesca.


Porque tanta repercussão? Sim, é peculiar uma menina bonita de classe alta matar os pais por dinheiro que já possuía. Sim, também, é assustador a banalidade com a qual a vida humana tem sido vivida. Mas, porque Suzane se tornou estrela às avessas, num caso de inimiga de toda uma pátria? Foi a imprensa utilizando de si mesma pra vender notícia. Basta ler alguma manchete do jornal "O Povo" que será ainda mais chocante.
Portanto, esse caso só serve pra vermos que temos memória curta, que em menos de 4 anos essa menina estará livre e que os mais pobres estarão trancados. O que se tornou incompreensível? A penetração de criminosos na classe média ou na mente estranha da menina?
O horror mesmo cabe na telinha da tv da sala...
Mas creio que nem todos somos Suzanes, Mensalinos, Dançarinos das pizzas ou sanguessugas...

quinta-feira, julho 20, 2006

Insensibilidade daquele início de tarde


Outro dia andava por andar, tinha meia hora pra surrupiar o tempo que havia de sobra até o compromisso seguinte. Andava por andar e o ócio da caminhada despretenciosa me fez refletir através do que enchergava. Via e via muito. Era um mulato vendendo laranja na esquina, era um magrelo de uns doze anos de idade entregando folheto de um candidato hipócrita qualquer ao governo do Estado, era uma senhora a passos firmes e ligeiros demais pra essa vida moderna. O tempo pra ela passa e ela nem percebe. O tempo anda passando rápido pra quem só pensa em capitalizar ou pra quem espera o capital chegar. Mas continuei nas reflexões.
O sol nao rachava a cuca mas fritava quem detesta calor. Eu abstenho de escolher dia frio ou dia quente, afinal, é relativo. Ora prefiro dia quente, ora prefiro dia frio. Me convém dizer que os dias andam quentes demais e pronto. Era mais ou menos uma e meia, pela tarde e eu continuava caminhando.
Num estranho acaso parei numa vitrine como vítima da exposição de um DVD do Biquini Cavadão que desejo a mais de um ano e acabei fatalmente ouvindo uma conversa que retrata a essência fedorenta das relações humanas:
- Aquela ação foi terrível. A Brasil (avenida) estava muito movimentada. (Nós militares)Trocávamos tiros com eles (bandidos) o tempo inteiro. Até que...
-Até que o quê?
-Até que o Paulão perdeu a noção e foi atropelado. Perdeu o braço na mesma hora. Falei pra ele pegar o braço e levar poque eu tinha que acertar um.
...
O DVD ficou preto, o vidro embassou, era melhor continuar andando. Mas a falta de sensibilidade me fez pensar profundo. O que se tornou a vida humana? Banal. Não importa se há mães, filhos e amores. Amor? O ódio bradou num repente eterno. Não adiantaria somente pensar que como estes senhores existem milhares. As histórias são inúmeras e piores que uma simples conversa perto de uma vitrine de cidade grande.
A sensibilidade que havia nos seres, notando a tristeza sem palavras, oferendo ajuda sem súplicas, não existe mais. A sensibilidade parece se restringir aos poetas e sonhadores dos pesadelos mais reais.
Alguém aí têm a sensibilidade de me dizer o que um senhor pouparia a minha vida por um trocado?

O tênis da nike com molas vale mais...

sexta-feira, julho 14, 2006

Rock

Hoje não é muito um dia pra textos cheios de teorias. Mesmo porque, falarei rapidamente de uma coisa que não permite teorias. Falarei de uma coisa que surgiu na década de 50 e estourou no mundo inteiro com efeitos ideológicos sem precedentes. Falo de uma coisa que... ah, solta o som da guitarra. Rock and Roll!!!
Num canto qualquer desse mundarél um ser divino resolveu experimentar saxofone e uma formação com mistura de blues e outros ritmos. Vem outro anjo e acrescenta a guitarra. Pronto! Estava feito o novo mundo. Não é apenas um ritmo. É uma ordem desordenada de poesias cantadas, melodias sem letras ou até palavras sem sentido com som esmeado de sentido completo. Elvis da voz de ouro, Mick e os Rolling Stones, o quarteto de terno Beatles, animação dos Beach Boys, a qualidade fantástica do Pink Floyd, e vários e vários como Hendrix, Joplin e Doors e The Woo. Dos antigos para os mais "novos", porque rock mesmo é aquele que rejuvenece, ou vai me fazer crer que os admiradores do rock são velhacos? Não me venha com essa.
Rock é uma corrente de vida. Muitos dizem não gostar mas cantam Renato Russo. Rock é a vertente mais nova do conceito de juventude. Apesar dos seus 60 anos se renova a cada década, grunges, punks, progressivos, pops ou, apenas, rock.
Foi a reinvenção do mundo.

Eu quero uma guitarra elétrica, montar uma banda, fazer sucesso. Mas o meu sucesso serão nas palavras. Quero ser amigo do Bono Vox e companheiro na história de Lennon e Russo. Obrigado a quem inventou essa musicalidade, seja lá quem for.

Perdoem-me a nostalgia e admiração. Estou escutando Twist and shout, dos Beatles.

quarta-feira, julho 05, 2006

Chaves e a educação


Eu tinha poucos anos. Poucos mesmo. Era eu, aquele pedaço de pessoa tímida, chegar da escola e pular onde fosse pra entrar num mundo tão simples e rico como o de um seriado de TV. Era sem almoçar mesmo, e isso valia tenebrosos esporros que pouco importavam. "Vá almoçar!". Não, mãe. Afinal, era a hora de ver Chaves. Tenho 21 anos de idade e até hoje o seriado mexicano é sucesso. O que explica?
O que explica uma série de TV da década de 70 fazer tanto sucesso mesmo com as super-produções do século XXI? O que explica uma programa tão simples fazer sucesso ainda que não tenha um capítulo inédito desde a década de 80? Não é dificil deparar-se com montagens dos personagens em páginas de fotos pessoais na internet. Os sites dedicados são surpreendentemente numerosos e bem trabalhados. As comunidades são milhares e detalhistas com adeptos desde os saudosistas a membros com pouca idade. Equivale a pessoas de vinte e poucos anos dizerem que foram "baixinhos da Xuxa".
A razão é muito mais clara do que parece. Crianças éramos, e crescemos com essa mania de vê-lo. A única vez que alguém ri de uma piada repetida é no seriado. Mas erra quem atribui o sucesso às piadas. Vai além. O sucesso se dá na conversação que o seriado faz bem intimamente com o público, numa linguagem universal (humor) com um enredo esmerado no problema social da personagem principal e na narrativa ágil e tranquila ao mesmo tempo. Quem não conhece um Chaves órfão e pobre? E quem não conhece um vizinho mal humorado? São tipos comuns que se tornam carismáticos. E mais profundamente...
Um cenário bem comum dos brasileiros, intrigas corriqueiras bem próximas do dia-a-dia e, principalmente, trabalhando em cima de críticas singelas que infelizmente fazem sentido até hoje. A produção quase que artesanal aproxima mais ainda, pelo "voar" dos sonhos, pelas músicas que habitam o lado inocente dos já adultos adoradores. Aquela roupa minguada, a cara de "cão arrependido"(desculpe o trocadilho). Boas lembranças.
O sucesso vai além de Roberto Bolaños e seu grande potencial de ser o palhaço Carequinha aliado ao meio de comunicação mais poderoso. Não existe mais vergonha de ainda ser reprisado e ainda sim ser um fenômeno.
Já tenho em mente que meus filhos irão assistir as estripulias de Chaves e Chapolin. Foi assim que aprendi história, costumes e curiosidades.
E senhores, aprender rindo é o melhor modo.
Entendido?


Isso! Isso! Isso!

sábado, julho 01, 2006

Time vendido, povo fu#$%...


A pernas ainda estão trêmulas. Acabo de ver um fantasma na minha frente. O fantasma mais assustador que todos os fantasmas. E ele é corruptível. Coitado, foi assustar um grande empresário mas foi convencido com generosas doses de notas verdinhas de que era pra assustar aquela outra pessoa. Assim termina a Copa do Mundo para o escrete brasileiro.
O Brasil é pentacampeão mundial, presente nas últimas três finais, atual campeão da Copa das Confederações (Uma espécie de pré-copa que a FIFA organiza um ano antes do evento maior) e dotado dos melhores e mais bem sucedidos jogadores do mundo. Quem disputaria brincadeirinha de perguntas sobre o sistema windows com o Bill Gates? O selecionado de futebol chegou assim à Alemanha. Mas como eu lhes digo, a Copa é na Alemanha.
Alemanha que perdeu a final da última competição desta contra o, sim, Brasil. Vamos às evidências: copa na Itália em 34, anfitriã e campeã; assim como Uruguai em casa em 30, Inglaterra em Londres, 66; Argentina em 78, anfitriã e campeã; França em 98 e Alemanha em 74. Não vamos dizer que a força da torcida a favor conduz uma seleção razoável ao título. Pode ser apenas um fator a favor mas não muda muito um time. Na França em 98 e os estranhos fatos da final. E por aí vai. Em casa o Brasil foi incapaz de ser campeão em 50. Os títulos vieram em locais onde as seleções anfitriãs nao eram times ainda, como Chile, EUA, México, Suécia e Japão/Coréia.
Vou ser mais direto. Pela cara do elegante e fino Parreira, pela insistência em "recordes" de gols em Croácia, Japão, austrália e Gana. Pela monstruosa campanha publicitária pelo HEXA. Pela apatia planejada eu digo com veemência que tudo não passou de uma venda bem sucedida. Creio que não vivi pra ver uma Copa do Mundo sem influência do capitalismo doentia que assola o mundo.
Ahhh, Brasil denovo? Ah não. Melhor contratar o técnico. É só ir um pouco distante, que as vendas estão garantidas, comércio já faturou, transmissões também, mas com apresentações normais. Se os jogadores quiserem mostrar o seu lado excepcional, tranque-o. Tranque-o num esquema tático. Mas não pode ser a vista de todos. Cautela senhor Parreira, cautela. Bote seu jogador mais mágico e desobediente a vinte minutos do fim da partida. Mas ganhe, ganhe até eu quiser.
Dia 1º de julho, Brasil e França em Frankfut (ironicamente, estádio que presenciou a fantástica final contra a Argentina em 2005). Chegou a hora de perder. Põe o kaká com o joelho ruim mesmo. E o resto do time jogando do jeitinho que eu gosto, nem lá nem cá. Mal mas alimentando esperança do povo. Pronto, certinho. Fingimos bem Parreira. Amanhã será tudo depositado. Não se preocupe que o carrasco de hoje é o santo homem de amanhã, no Brasil.
O futebol é venda e compra e aposta e roda, roda de dinheiro. Nada dessa coisa de homens atrás de uma bola. É muito mais. A ironia domina. Justamente depois da veiculação do comercial "Joga Bonito" o time joga feio.
Portanto, um fantasma assustou o Ronaldo e seus quilos que nem corria, nem andava. Assustou o Kaká (futura capitão), o Cafú batedor de recordes e símbolom vejam só, do espírito da equipe. Acho que talvez uns desavisados, Lúcio, Dida e Juan jogaram com vontade. E devem ter perdido a bocada. A bocada da venda do jogo.
Cuidado, podem vender até a sua alma daqui a pouco. Mas só se vende quem quer.

Copa 2006 - Alemanha campeã.

domingo, junho 25, 2006

Pobrezas e riquezas distintas

A idéia que se tem de riqueza, distinção tal de pessoas com muito dinheiro, e de pobreza, definição parecida com a de viver em condições miseráveis, não são tão delineadas assim. O que se tem é a ideia de que um é um e outro é outro assim, superficialmente. Não é bem desse jeito.
Existem os pobres-ricos, os ricos-pobres e por aí vai. É bem fácil de entender. Os pobres-ricos são aqueles fúteis da grana, que movimentam a industria cultural que de nada vale. São os ricos mal educados, que cospem na rua, compram revistas de fofocas, gastam muito com grandes carros e tvs. São esses que votam nos amigos que lhes agradam, que moram em Ipanema com serviços funcionando bem. São esses que moram onde os buracos na rua duram horas até serem tapados. Ou seja, os que têm dinheiro e não se sentem necessitados de movimentarem a cultura.
Os ricos-pobres têm cultura, movimentam o mundo com o esforço e o talento. Esses "pobres" têm noção de cidadania, são educados e movimentam a parcela mais criativa da sociedade. Querem realmente mudar o mundo, senão o estado, o município. Não frequentam os melhores lugares, mas sentam educadamente, não jogam lixo pela janela de algum AUDI, e criam as boas idéias de artesanato, de reciclagem e decidem reiventar a sociedade.
Então dinheiro pode até ser um pouco de felicidade, mas não dá educação, nem sempre está nas mãos certas e, principalmente, se torna combustivel da engrenagem fútil.
Nem todos ricos são assim, existem os cultos, os que produzem, escrevem, tentam a cultura. Mas a grande maioria prefere ser alguém pelo tênis que usufruem do que pelo que sabem produzir.

terça-feira, maio 23, 2006

Utopia do voto nulo

Já pensou em ser querido por todos? Já pensou ter a idéia mais genial do mundo? Já pensou tirar a foto mais bela do mundo? Ou então, já pensou ser unânime? Vamos a famosa frase, "nem jesus agradou a todos...". Somos assolados todos os dias com notícias sobre corrupção políticas e outras mazelas causadas por OPÇÃO de quem manda em nós. E qual a solução? O que fazer se todos candidatos que nos aparecem transformam nossa em esperança em medo? Contrário ao que imaginava-se, surgiram idéias interessantes.

Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações.

Não precisa ser ativista político para ter conhecimento da intenção de uma grande parcela dos jovens de votar nulo no preito eleitoral deste ano. As dircurssões são intensas na mídia mais democrática, a internet. São idéias sadias e bem defendidas. Muitos contra e bem outros muitos a favor. Vamos à questão.
A nulidade em questão segue a seguinte premissa: a eleição com mais de 50% dos votos nulos, teria resultado sem efeito e obrigaria a realização de nova eleição com candidatos diferentes. Os argumentos plausíveis se somam à insatisfação antiga, ao crescente do interesse pelo rumo do país e por suas explicações.
Os argumentos da turma que é contra a nulidade do voto pesam ao defender o desconhecimento dos perfis dos candidados pela parte dos que votam nulo e ao atribuir a tal situação a idéia de que é radicalismo.
Um importante dado é o da má leitura da legislação eleitoral brasileira. O artigo descrito acima diz respeito a tal NULIDADE que consta detalhada na legislação. Os detalhes derrubam todos os argumentos já que a nulidade se deve a pequenos erros como os já conhecidos nas eleições (autenticação, ofensas contra a lei, realização em dia, hora e local diferentes do geral, tentativa de votação fraudulenta e etc).
Deixando todos os argumentos de lado juntamente dos sonhos e revoltas com a regência do Brasil, a razão nos leva a crer facilmente que votar nulo com a tentativa de mudar os candidados ou mudar algo é utópica.
Nem sempre pode-se viver de sonhos. Nunca conquistarão a obtenção da maioria dos votos para o lado do nulo porque somos analfabetos em quase todos os sentidos. Nunca mudaremos o país lendo trechos de legislação. Nunca seremos um país se pensarmos individualmente.
Talvez nem tão cedo sejamos até mesmo civilizados.
No estado pré-civilizatório em que vivemos, votar continua sendo nada.

sábado, maio 13, 2006

Copa do Mundo soluciona problemas


Chega a ser ridículo mas é fato. Nas entrelinhas de declarações políticas, no tom de mobilização nacional e na celebrização de jogadores de futebol da seleção brasileira o discursso é de que a Copa do Mundo muda o Brasil. E pior ainda, nesse ano de 2006 se o Brasil for hexacampeão o Lula certamente será reeleito. Nao riem. A conclusão é simples. Somos 160 milhões de brasileiros, praticamente 75% eleitores potenciais. Desses, 45% analfabetos ou semi-analfabetos apaixonados pela seleção canarinho e que confundiriam a felicidade do título com patriotismo, e sendo assim, com o governo Lulinha de ser.
Não digo que é errado esse movimento que pára até repartições públicas durantes os jogos do selecionado local no mundial. E nem que ser campeão é errado. Admito até que sou um fanático torcedor. Admito que é lindo o efeito Copa no comércio, no sentimento patriota e na representação da cultura brasileira mundo a fora.
Mas, espera aí. A troco de que o presidente recebe times de futebol em Brasília? A troco de que a seleção de 94 foi a Brasilia? A troco de que o atual presidente sempre oferece aos amigos de outros países as camisas da seleção e do Corinthians? Simples. Em 94 o presidente governista se elegeu. Com Juscelino foi a mesma coisa.
Tudo é tão absurdo que a ironia bate à nossa cara como uma mão cortante. Justamente quando formos virtualmente campeões mundiais, quando seremos os melhores do mundo em alguma coisa, seremos os piores em outra. Ganhando uma Copa estaremos perdendo quatro anos. Fatalmente a festa do hexa vai se espalhar com a festa da pizza.
Os coitados ronaldinhos, Kakas, Zé Robertos, Edmilsons e Cicinhos serão meros fantoches.
Como nós!
Que venham piores gols que esse.

Sexo não vem do instinto

"Sexo não vem do instinto. Aprendemos com os animais, livros e filmes."

Porque você sente prazer pelo ser do sexo oposto? Porque deve ser assim? Porque o instinto é masculino, ou feminino, certo? Errado. A coisa é bem menos óbvia do que parece.
Analisando o comportamente de uma criança, nota-se que ela não tem definição sexual. Dizem os mais engraçadinhos que até os 12 anos se "está em cima do muro". Logo essa afirmação contradiz com a tal coisa do instinto.
Aprendemos culturalmente a ser do jeito que "deve" ser. Casarmos, construirmos uma família, termos filhos, que nos esforçamos para que sejam boas pessoas, que sigam o mesmo ciclo. Até aí não discordo, pois meu ideal de vida segue basicamente o mesmo encanto. Só que a definição não pode ser imposta.
Os meninos devem se descobrir sozinho com aquela coisinha que os diferenciam das meninas. Já as meninas devem se descobrir também. A única coisa que desfaz o encanto é o momento. Meninos já chamam uma senhora de "gostosa" e desfolham revistas masculinas com seus longos 6 ou 7 anos. Como o nome diz, masculino é para homens. E crianças, são só crianças. Meninas já se apaixonam pelo ator que aparece desnudo na novela das 8. Meninos e meninas brincam de namoradinhos antes dos dez anos. Oras...
Tenho comigo que crianças são crianças, jovens são meninos ou meninas, e adultos são homens ou mulheres. Não devemos impor a sexualidade com medo de termos filhos aquém das regras culturais. Não devemos impor regras e tal coisa que desemboca para coisas proibidas. Seria mais ou menos como a maconha a uns anos atras. Quando proibida, virou sucesso. Agora perde o a fama para outras, digamos, mais probidas.
O sexo é aprendido com os animais, esses sim instintivos. Aprendido com os livros, revistas "especializadas". E filmes, esses sim, sem palavras. Não digo que devemos defender bandeiras de sexualidade. Digo que devemos defender a bandeira da liberdade vigiada de coisas tão delicadas.
Numa sociedade onde todos os caminhos estão ditados, o prazer de ser único está condenado a uma extinção cada vez mais cruel. Talvez mesmo, nunca conseguiu existir. Talvez mesmo, isso nunca vá existir.
Que venha o próximo gol feio.

sexta-feira, maio 12, 2006

Gol feio também conta.


Gol feio também conta. Gol feio entra no placar. Gol feio pode até ser bizonho, mas pode decidir um jogo. Por isso veio o título estranho do blog.
Acabei de ver no wikipedia a definição de blog.
-> Um weblog ou blog é um página da Web cujas atualizações (chamadas posts) são organizado cronologicamente (como um histórico ou diário).
Quase uma ferramenta do mundo moderno que permite a qualquer um ser "jornalista" ou relator de qualquer coisa.
Como ainda sou um pseudo jornalista esportivo vou me meter a escrever por aqui. Escreverei coisas sobre o meu flamengo, a nossa seleção e de vez em quando, assuntos irrelevantes.
Espero ter o reconhecimento de bons e assíduos leitores. Espero ser agradável, ser um bom espaço para se aprender e para ser ensinado.
Acredito que uma das melhores invenções do mundo foi essa mistura de midias, uma mescla de televisão, rádio, diário, jornal e videogame.
Que venham os nossos gols feios e tantos outros golaços.
Conto com a participação de vocês.