domingo, abril 24, 2011

Desconhecidos do consultório

Queria porque queria parar de perguntar pro amigo gay, pra amiga louca, pro amigo bêbado e contentado em querê-la e não tê-la. Queria mesmo era um especialista. Tentou um amigo de uma amiga que, diziam, sabia aconselhar como ninguém. Como ninguém mesmo. Tanto que terminou os conselhos na cama com ele. Isso fazia alguns anos. Por aí jogou a toalha como se estivesse num ringue deserto e pediu um analista, o analista, no caso. Anote, o analista, meu caro leitor.
- Não fique mendigando amor. Quem gosta de amor é romancista. Quem gosta de migalhas é pombo. E quem fica só por ficar é economista. Economiza tempo nas intermináveis conversas vazias entre casais.
Ela, deitada no divã, demorou mais dois minutos pra entender. Entendeu que essa coisa de amar não tem explicação. E antes de sair da sala em completo silêncio o doutor emendou:
- Tenho dito. E o que eu digo é coisa de mentiroso. Eu minto que sinto muito bem. - disse o doutor.
Ela parou de entrar no consultório do namorado para consultas quando brigavam. Essa coisa de fingir que eram desconhecidos, de vez em quando. Casaram-se em novembro de 2008, assim que acabaram com a mania do cérebro se meter em coisas do coração.

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