terça-feira, junho 07, 2011

Tentei pegar o sonho pelo rabo

O céu reclamou que eu estava me despedindo. Não estava mais estrelado como há dois dias. Tinha uma lua tímida, meio que obrigada a trabalhar. Não sei explicar como em um dia eu estava distraído e em outro, talvez três ou quatro dias depois, eu estava de frente pra um par de olhos apertados e verdes. Apertados quando riam e verdes a toda hora. Adorava vê-los de perto, como naquela noite. A voz sussurrando coisas que não posso dizer, aquele lago num brilho fosco, o vento bem fraquinho. Tudo parado como que assistindo aquela cena. E a boca? Era mais do que eu imaginava. E olha, senhores, que eu imaginava demais. Por ela eu lembro morangos e coisas mil. E os morangos nunca foram tão doces. Eu não sei explicar e nem sei o que pode ser. Desisti de pensar na hora que eu vi que o céu estava mesmo certo e era uma espécie de despedida. E no beijo mais forte, no fogo mais... não existia definição para o fogo fora e dentro de qualquer corpo naquela hora. Parecia carnal mas quando os olhos faziam tudo parar, até tudo parar de girar, encontravam um olhar penetrante num espaço de três centímetros tudo se transformava em...
- Acorda, rapaz! Acorda!
Abri os olhos, dei meio sorriso, meio educado. As outras duas metades é melhor eu não dizer quais foram. Tentei dormir novamente, pegar o sonho pelo rabo feito cometa ou recuperar a transmissão pelo sinal. Sonhos não são cometas que passam e nem transmissões que se recuperam. Me recuso a acreditar que tenha sido apenas um bom sonho.

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