sábado, janeiro 21, 2012

Mar de Trindade

Já vi muita gente sair do mar. Já vi até o que não devia. Tanto lá quanto cá. Tanto Arraial quanto Itacuruçá. Já até passei por Ipanema e me apaixonei algumas vezes. Não sei se isso é maluquice por existir ou apenas sinceridade por eu dizer. Sempre poesia. Sempre águas calmas e uma mulher saindo do mar. Essa não. Eu que saía do mar. Ela que estava poética. Como se fosse ela o poeta e eu a poesia. Fica meloso demais por ler mas, se me permite, é só assim que posso dizer. E nunca pensei em como seria bom encontrar alguém na areia. Eu que via sentado da areia todas as garotas de Ipanema saírem envergonhando o sol e me tornando cada dia mais bobo não esperava ser esse que envergonhava o resto da orla por ser amado, por assim dizer. Eu que era tão imperfeito hoje sou apenas o mais gostoso defeito de alguém. E que bom é ser!
Quisera eu poder chegar perto dela. Quisera eu encostar naquela boa pequena e carnuda. Quisera eu poder formar com ela o casal mais bonito da praia. Mesmo que não houvesse quase ninguém. Quisera eu, meu amigo. Quisera eu.
O mar desse lugar parece que segura pelo braço e manda passear sem se afogar. Convida para um chopp e não deixa pedir a saideira. É como um lugar que só existe pra quem acredita. Chove e faz sol com uma facilidade como se trocasse de porteiro o prédio. Quando um está no poder, chove torrencialmente. Quando o outro está, faz sol de verão. Lá é assim, acredite em mim.
Saí da água assim despretensioso. Só que vi pretensão demais nessa morena de olhos puxados para que eu não acreditasse tolamente que não existe, ou que possa esgotar o amor. Existe sim e pode ser inesgotável. Pra mim ela veste negro. E nunca foi tão boa a combinação de sol, mar e mulher como vi em mais uma praia. Desta vez era Trindade, bem ao sul do estado do Rio de Janeiro.

Nenhum comentário: