domingo, setembro 14, 2008

Namorada da infância

Uma hora da tarde. O exato instante que a manhã escondeu as caras e a tarde assume o
controle do dia. E foi por aí que havia fechado o livro. Não guardei a página mas foi à
altura das artimanhas da Capitu pra cima de Bentinho, ainda novos. Quero uma manhosa, uma
artista, quero uma cheia de artimanhas. Quero que saiba exatamente a manha de ser e não
apenas de estar. Ser ou estar é que nem o muito bom pra agora ou bom para quase sempre. Você aí do outro lado me entende? Quero uma Capitu para me apaixonar, me consertar ou perder a
sanidade de vez.
Rabiscou o portão do Seu Manel. Escreveu nada. Só rabiscou. Pôs a letra C e a letra U. Castelo? Casa? Carniça? Adorávamos brincar. Um? Umbigo? O meu é daqueles que é um vão com um morrinho dentro. A da maioria é apenas um vão. Um buraco. Mas o U, no caso, era de Ubaldo, Ubaldinho, Dinho. Podia ser. Todos me chamavam de Dinho, exceto ela que ou chamava de Ubaldo ou de Baldinho só pra me irritar. Olhos amendoados, cílios grossos e olhar cínico. Éramos malditas crianças de treze anos descobrindo as coisas. A diferença era de quatro meses na idade e que ela parecia saber de todas as coisas da vida e eu ainda descobrindo. Uma puta
virgem e apaixonante.
Estação Del Catilho, metrô linha 2, sentido Estácio. Não sei porquê mas a moça de vestido preto me fez lenvantar os olhos, a cabeça, o corpo. Passou e parou no final do vagão. Levantei e permaneci de pé a uns três metros dela. Era magra. Muito magra. Nem tão magra. Mas era magra. Sei lá. Descobri em cinco segundos o que me tomou a atenção. Olhos amendoados, cílios grossos e olhar cínico. Sorriu pra meia-dúzia e saiu cínica continuando a viagem até a Carioca. A segui. Quando parou para atravessar a rua após sair da estação recostei a centímetros, milímetros se fosse o caso. Senti um perfume bom. Taquei meu celular como um assaltante às avessas dentro da bolsa dela. Voltei e a dois dias não durmo.
Época boa. Um dia brincávamos de imitação até que fui atender mamãe. Havia voltado em trinta minutos. Deparei com Clarice dormindo no sofá, uma anja. Na frente do sofá havia um espelho grande. Chamei-a umas vezes sem sucesso. Comecei a ler sozinho um conto que líamos sempre.
Reparei quando me virei de frente para o espelho que Clarisse abriu inocentemente os olhos. Voltei e ela continuava estática. Fingida.
Assim que cheguei ao trabalho toquei para o meu celular. Faziam uns vinte minutos depois que
pus o celular na bolsa dela. Não atendeu. Continuei tentando. Ela atendeu.

6 comentários:

Anônimo disse...

Acho que teremos um continuação,não? =D

Cinthia Pascueto disse...

Putz.

Curiosidade mata, e vc está me matando.

Já contei que uma vez disseram que tenho os olhos de Capitu? Foi numa peça, no ensino médio. Tudo para ganhar alguns pontinhos na média. Eu era ela. Naquela parte do velório de Escobar. Cena medíocre. O comentário não me fez esquecer. E eu não sabia se agradecia ou xingava.

Enfim. Sempre, sempre, adorei o texto.

;*

Anônimo disse...

aaaaaaaah (gritando), sou uma pessoa extremamente curiosa, meche com quem ta tentando tratar a curiosidade ¬¬'
shadhshduihduiashudasisahuisada
continua isso logo, Thiago
(educadamente :B)

bjos

CArina CAmila disse...

E ela? falou o q?!
^^


Ahhh intão, vou usar seu textinho da alzira..rss se puder escrever mais sobre..rss depois te explico melhor pelo msn..=] Beijos!

Anônimo disse...

Persistencia é o que há, mas pra poucos...

Continua logo vai
Sei que era exatamente isso que você queria ler aqui...rsrs

Beijos =)

Anônimo disse...

POxa vida...
Tava crente crente que ia encontrar a continuação aqui hoje.
:( :( :( :(