segunda-feira, dezembro 14, 2009

A Nova

Eu desisto. Desisto da compreensão. Desisto de manter a pose diante dos dias que nascem. Não vou chorar. Só não vou cantar. Desisto da vida ao menos por hoje. Porque brilhei tanto e ninguém nem nada sequer acudiu a cabeça, levantou a face e me olhou. Vivo de admiração. E nem nas fotos eu posso sair. Ninguém me captura. Ninguém mais me oferece de prêmio, de prova de amor. O último visitante já deve até ter morrido. Passaram-se, sei lá, uns quarenta anos. Não sou lá uma jovem. Não tenho mais paciência, tempo a perder e a menopausa é o mais ardente dos companheiros. Por tanto me ignorarem eu desisto. Pelo menos hoje. Pelo menos nesse mês. Peço um tempo. Um tempo para pensar. Um tempo para me ver.

4 comentários:

carolbardi@hotmail.com disse...

Profundo demais e na terceira pessoa. Admiro essa distância próxima de quem escreve com a alma coisas que não pertecem a ela... Ou pertencem, em segredo, pra ficar mais poético. A novidade não é nova, mas vale a pena te contar: EU AMO VOCÊ.

E gostei muito de mais um post. Saudades

Vitor disse...

É aterradora a constatação de que alguns dos maiores genios não são compreendidos pela sua época. Isto por eles estarem muito a frente no tempo: são anacrônicos ao contrário.

Excelente texto.
Um abraço

Unknown disse...

Me identifiquei especialmente com este post.

Porque me sinto exatamente assim. Como alguém que precisa desistir da vida ao menos por hoje.

Pena que tempo para enxergar a mim mesma é algo que me é constantemente negado.
Bjs

Obs: tenho mais um blog, visite se puder - e quiser!

www.clubedasmeninas-mulheres.blogspot.com

Ana Paula Borges Pereira disse...

Gostei do texto!
Ás vezes tudo fica assim mesmo...