terça-feira, setembro 05, 2006

Crenças e gnomos

Um bando de meninos voadores vieram me buscar no meio da última noite. Entraram segurando o riso pela janela e eu, apesar de todo o frio, resolvi acompanhá-los mesmo sem saber pra onde. Vi tudo de bem alto. Era tudo resplandescente, fluorescente, até indescente.

- Alto lá!

Eu acordei com algumas lágrimas grossas descompondo meu rosto. Fui beber um bocado só sem nem querer entender o vazio da alma. A sabiência é comparável aos campos agrícolas. Até semana passada, fértil e com boas colheitas. Desde anteontem esse campo não produz. Isso enlouquece. Eu até vejo meninos pequenos, veja só. E, no meu caso, escrever é usar de meu campo fértil um eficiente fertilizante para tantos outras mentes.Eu acredito em gnomos. Ironia eles serem tão menores e feios, e serem tão melhores e mais felizes. Eu acredito em tantas outras coisas que se eu tornasse públicas tais crenças a chacota tomaria conta. Mas, oras. Eu acredito em gnomos e acabei de vos declarar isso. Não se ria de mim.Eu acredito que estive voando por cima das nuvens numa noite dessas. Acredito no outro; na eternidade; no perdão; no Lula não. Acredito que plantas conversam; que flores não gostam de serem flores; e que ninguém sustenta por todo o sempre uma convicção. Acredito num futuro melhor; em político honesto e até em ex-corno, basta provar que não. Acredito até em você. Então porquê não podes acreditar em mim?


Ironia eu ter que apelar pra crenças a fim de explicar que o motor é acreditar em algo, seja qual for. Em Zeus, Alá ou qualquer coisa. Só não me pergunte porque não somos capazes de sermos felizes descrentes. Isso eu não sei.

Um comentário:

Paulo Fernando disse...

Imagine uma mão fechada. Vc pode afirmar que ela está vazia ou com algo dentro? Não. Mas existe o princípio da dúvida que, de uma forma ou de outra, o faz acreditar no que não pode ser verdade ou mentira.
Se vc não liga para o que pode ou não ter dentro da mão, aquela mão se torna desinteressante, obsoleta.
Na vida é a mesma coisa. Se não acreditarmos em nada, tudo fica desinteressante, já que uma das características fundamentais do ser humano é crer, seja em seus objetivos, crenças, times de futebol e etc...