terça-feira, outubro 31, 2006

O meu Terceiro Caderno

Peguei a madrugada fria lendo jornal. E lia com gosto o caderno de desgraças e tragédias, no melhor estilo “Caderno de Política”. E se ria, e chorava, e fazia o verdadeiro espetáculo da falsa vivência, ou seria o incrédulo espetáculo da verdadeira vida? De qualquer forma, era madrugada fria.
Sonolentos os olhos aqueles que como os meus faziam do céu negro um dia qualquer e mais tranqüilo. Mal ou bem, pensava nos rumos e atrasos a que se atende as segundas e terças-feiras. Hoje não escrevi, não estudei, não disse sequer que amo alguém. Mas li um pedacinho de jornal, dividido com a madrugada. Esta por si só caiu no sono das crianças. Ela preferia sonhar com peixes falantes em campos verdes que com a reeleição de Lula e a catástrofe em nome de descobridor, Cabral. Já este aqui não dormiu.
Fui ler. Do jornal ao virtual. De crônicas à literatura de e-mails, flogs e blogs.Eu ria de mim. Do que diziam por eu escrever bem. Oras sou filho do português, da literatura e, sobretudo, da filosofia em forma de poesia. Meus olhos enxergam perfeitamente tais coisas, essas de saber os meandros da linda língua pátria. Mas a falta de critério e teoria é que fazem das minhas críticas duvidosas. Até mesmo eu duvido delas de vez em quando. Essa coisa de dom é muito mal explicada mesmo. Eu vejo e sinto que é ou não é. Não sei explicar, perdoem-me.
Entretanto, é terrível ver que nem a madrugada sabe ler. Você acha que o certo é tranqüilo ou tranquilo? E qual é a incorreta entre as palavras discrição e descrição? Qual a sua língua?A minha tem acentos e recheios. A minha não tem um álibi chamado Internet. E creio que, sem preguiça, a vossa também.E o que é a palavra? As palavras estão perdendo espaço pras sensações. Vale mais um rostinho chamado smile que uma frase de poucas e intensas palavras. Ou seríamos nós mesmo os erros de português?

Boa noite, madrugada.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Voto nulo ou consciente?

A um tempo atrás escrevi sobre voto nulo e suponho não ter sido claro. Nem
defendi quanto não queria, nem ataquei o quanto podia. Mas ainda fica uma
intimidação mesclada com preconceito quando se trata de votar nulo.
- Em
quem irá votar? No candidato populista-barato ou no falso paizão dos ricos?
- Voto nulo!

(Momento de revolta generalizada)

Afinal, o voto nulo é atestado de covardia?

Não, justamente por um simples argumento. O voto é um direito cívico valioso no qual se escolhe um candidato a um cargo de importância para a sociedade. E se eu não quiser votar em determinado candidato por este soar falso e sem fundamentos? E
se eu não quiser votar no segundo por não concordar com a maneira absurda de não responder perguntas e de fazer populismos superficiais? E se eu não tiver sequer um candidato? Tenho direito sim de votar nulo. Sei muito bem que o Nulo não sobe a rampa do Planalto mas o direito à uma escolha consciente me permite isto.
Está não é uma campanha para anulação de voto mas sim pela consciência. Não concordo em escolher entre dois candidatos que se sentem numa mesa redonda de acusações e ironias esdrúxulas. Não aceito escolher entre um candidato dos ricos e outro dos pobres. Entre um e outro eu vou votar com uma mão no teclado e a
outra no nariz.

quarta-feira, outubro 18, 2006

O poder de inventar

Um quadro mal acabado só vale quando é póstumo. Isso vale também pros escritores, e pra tantas outras coisas. Porque os valores póstumos se seria mais digno dar valor no momento presente? Picasso que o diga.
Muitos grandes homens morreram sem um grande reconhecimento. Imagine nesse mundão cada pequena estupenda história de vida. Um grande pai de família no interior da Índia, outra grande jovem solitária à beira do Mar Morto, um capial dos pampas, uma senhora viúva em seu casebre no Peru. Levante a noção de espaço, voe com os olhos até os céus e imagine cada canto que se pode chegar, cada história. E cada história no prazer de seu anonimato. Não é aceitável a fabricação de apenas uns contos, modernos, sucessos e cinematográficos insucessos.
Até em relações pessoais os valores são trocados. As mulheres dão valores quando sentem a real perda. Os homens também. Os filhos falam tão pouco que amam as mães, que só decidem dizer quando se dão conta de que a presença materna não é pra sempre. Os mais belos afetos se escondem por detrás das vergonhas e orgulhos. Já tive mais vergonha de dizer que amo. Já tive vergonha de parabenizar alguém por algo. Já tive, sim. Agora, menos.
Se alguém fez o mundo, fez mal acabado. Só para termos o delicioso gosto de enfeitar e aperfeiçoar. Se alguém inventou o amor, deve-se usar.
Se ninguém inventou a felicidade, a gente inventa.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Não é?

Outra vez eu abri a geladeira para pensar. É involuntário, mãe. E na filosofia geladinha da mãe geladeira eu tive uma grande idéia. O mundo poderia ser mais amável não é mesmo? Tive a idéia de os mais desavisados tomarem a pílula do dia anterior. Talvez assim as ardências furiculares não permitiriam enfeiar o mundo.

E o avestruz com leite corre, corre.
Porque porco só vira leitão quando morre.

E se por um acaso não ver o vídeo, eu vou te suicidar.

segunda-feira, outubro 09, 2006

As coisas andam doidas

As coisam meio doidas mesmo.
  • Fidel Castro afastado do poder;
  • Schumacher longe do último título da carreira;
  • Avião caindo (um caso em um milhão, diga-se de passagem);
  • Dunga comportado e controlado;
  • Gilberto Gil ministro;
  • Garota de programa autora de best-seller;
  • Collor voltando à cena como "grande homem";
  • Brasil perdendo Copa;
  • O melhor do mundo na reserva;
  • Eleição justa;

Tudo bem, eu exagerei. Mas não acha que tudo anda torto demais não?

E ainda tentam me convencer a não acreditar em viradas!

Tudo é uma deliciosa revanche do dia bom sobre o dia ruim. E assim tudo segue, torto, mas segue.