terça-feira, agosto 12, 2008

Ana Carolina

Nem aquela cocada deliciosa animava um pouquinho à toa o meu sorriso. A carga de trabalho fuzilava o restinho que sobrava de alegria como um grupo de extermínio matando por prazer. A quem fiz mal? Ao quê fiz mal? Fiz mal? Troca a página. O primor da vida são algumas surpresas. O telefone tocou - e eu odiava muito isso; fazia sempre uma espécie de descarrego, xingando até o útero de quem quer que seja o infeliz que se prestava a pertubar alguém por telefone. Senhores, confesso, é culpa novamente do trabalho. Retorne à virada de página.
- Oi, mano?
Ou era boiolagem ou eu estava muitíssimo com tudo à flor da pele. Chorei, ué. Afinal, contudo e principalmente eu não conto o porquê agora. Vamos para uma folhinha de caderno surrado que eu lhes conto um pedacinho da anedota que é essa coisa de irmão e irmã e aproveito e paro de enrolar o causo e rechear o escrito com palavrinhas bonitas.
Ou era boiolagem ou eu estava muitíssimo com tudo à flor da pele. Chorei, ué. Afinal, contudo e principalmente eu não conto o porquê agora. Vamos para uma folhinha de caderno surrado que eu lhes conto um pedacinho da anedota que é essa coisa de irmão e irmã e aproveito e paro de enrolar o causo e rechear o escrito com palavrinhas bonitas.Tem gente que nos causa sintonia sem nem abrir a boca. Através da amiga da amiga da amiga da minha namorada à época eu conheci uma menina numa festa caseira. Festinha, digamos. Simpática. Ela e a festa. Passamos a conhecidos. Virou colega. De amigada virou amiga. Amiga por amiga ela se fez mais que isso. Cresceu um sentimento diferente. A gente se entendia pelo olhar. E era uma coisa de um que precisava proteger e de outro que precisava ser protegido. Fui adotado pela família dela. E olha que eu nem era orfão. Estou longe de ser. Bate na madeira, pé de pato mangalô três vezes. Era mamãe, irmã e ela. Pronto, deu-se a magnitude inexplicável que transformava todo instante em paz. Podia estar tudo errado que as asneiras inteligentíssimas que a loirinha soltava competiam com os melhores momentos da vida. Gargalhava até sem motivo. Nos tornamos assim, com a benção de um Deus tímido, aristocrático e inspirado, irmãos. Só que um ano depois as raízes e a necessidade da mãe, sobretudo, de construir uma vida melhor - não que fosse ruim - as fizeram, mãe e filhas, partirem para o berço que nunca haviam esperimentado. Uma volta para o que não foram. Mudaram-se para Portugal. A partir daí, dá-lhe MSN Messenger, e-mails, telefone e cartas.
- Oi, mana. Caramba, saudades absurdas.
Era ela mesma depois de muito tempo sem ouvir a voz e com uma notícia maravilhosa e malvada. Arrumou tempo e dinheiro para passar as férias do meio do ano - final do ano lá - aqui no Brasil. Bate e pronto. Foi exatamente de supetão que concordei. É um daqueles sonhos que a gente nunca esquece, nunca nega, levita, jamais irá parar de pensar até que se realize e, em caso de não realização, causa dores cavalares. E o cavalo aqui sente é dor. E o remédio dos remédios estaria vindo já. Era em uma semana. E a malvada queria porque queria que fosse segredo para os outros amigos. Concordei. Finalizamos a ligação.
Mais ou menos duas horas atrasado. Não eu, que sou péssimo com horários. O vôo procedente de Lisboa com uma conexão burra em Madrid. Fui sozinho e alterado. Eu que não bebo acabei bebendo na lanchonete do Aeroporto Internacional Tom Jobim uma taça de vinho tinto e até cantei Águas de Março. Uma, duas, trinta e sete pessoas. Nenhuma com cara de portuguesa. Ignorância, senhor. Só porque ela vem de Portugal não quer dizer que virá rodeada de gajos bigodudos. E eu, distraído e meio tonto danei a olhar para o desembarque de Miami. Fui atacado, derrubado, ladeado por uma onda loira de uma pessoa só. Precisaria dizer que o aeroporto inteiro parou para nos ver assim? A gente danou a chorar pra caramba. Rios, mares, oceanos bons. Ela tinha mudado. Estava com um ar maduro que mesmo assim não escondia a moleca que tinha partido. Antes era mulher disfarçada de menina e naquele instante uma menina revestida de mulher.
Depois disso foi mais ou menos assim. Era combinado que se hospedaria na minha casa por duas semanas. Íamos de casa em casa para visitar os amigos. Minha mãe a recebeu bem. Meu irmão ficou feliz da vida. Queria fazer festa. Ela preferiu a discriçao. E eu? Bom, eu me pegava de vez em quando admirando aqueles momentos sublimes. Qualquer coisa pedia com a minha carinha de criança querendo pipoca que me levasse junto. Sei não mas talvez ela não volte sozinha para aquela cidade aos redores do Porto.

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindo lindo texto!
Depois de ler não tem nem como não torcer pra que esse sonho de vcs se realize.

E sabe? Certeza que vai.

Beijos

CArina CAmila disse...

Lindo..
Nossa até fiquei com inveja de tamanha cumplicidade todo esse tempo.

=]
Me senti vc e senti mais um pouco.
Perfeito as palavras.
Beijos Porto.

carolbardi@hotmail.com disse...

Ahhh mano, chorei de novo. Que saudade! Quer dizer, de tão grande deve até ter mudado de nome. E o que não muda é o tamanho do nosso amor. Quer dizer, muda, porque cresce e fica cada vez mais forte. E é tanto que eu não sei explicar. Eu te amoooooo. E pode me esperar que a gente vai comer muita pipoca juntos. :) Beijos do tamanho dessa saudade. E mais uma vez, obrigada! Lindo conto, lindas palavras, perfeito como você. :)

Mariliza Silva disse...

Menino sumido

Estou de volta aos pouquinhos

Beijão e some não

Mariliza

Anônimo disse...

Aii...que saudade da Princesiiinha!
Eu não quero que aconteça exatamente como vc escreveu..
quero que ela venha e fique!

Beijos Thi!

Anônimo disse...

Nossa, Tiago.
Que amizade maravilhosa.
Tenho um amigo assim, mais chegado que irmão! Já misturamos as coisas, mas nossa amizade supera tudo isso.
E meo, é perfeito se entender com o olhar!
É melhor ainda matar a saudade de dias perdidos xD
Que você faça tudo e mais nessa semana com a sua amiga.
Perfeito o que vc escreveu pra ela!

beijos
Amanda