sábado, agosto 30, 2008

O botão errado

Rapaz, é assim mesmo. Você sabe que a opção certa é a B e você acaba escolhendo a C. Sabe que leite gelado faz o bolo ficar "solado" e mesmo assim o utiliza. É como contratar atacante que não faz gol. É como provar do caldo de cana daquela barraca que você já sabe que é amargo. Sabe-se que a dita cuja é inútil para cuidar das crianças e mesmo assim a delega tal função. Amigo meu, é como tacar alcool na brasa e não querer que ela se alastre. Taca o azul no amarelo para ver no que dá. Aperta o botão errado para ver no que dá.
Agora, cá entre nós, apertar o botão novamente para quê? Cornélio já tinha a sugestão em seu nome pecaminoso. Casou-se com Terezinha Corrimão. Não farei mais delongas na história. Entenda meu caro leitor recheado de paciência. Se a fruta é adúltera porquê motivo, razão ou circunstância o moribundo vai casar-se com a penduradora de objetos bem identificados nas testas alheias? Porque tu, comerciante de cada esquina, vai permitir o famoso fiado se a dona pomposa não pagou os últimos três meses de dívida?
Chuta com a perna do joelho ruim? Duvido. Visita a sua amiga e ao entrar novamente na casa dela escutando novamente a famosa frase do "não se preocupe, ele não morde, é treinado" depois de um dia ter sido mordido. Vai confiar? Vai confiar no último mentiroso? Vai confiar na metereologia que diz que fará sol justo no dia que tanto chove?
Canalha daqueles que tem a cara de pau ou a ausencia de amor próprio para mesmo assim confiar na opção que se fez convicta de errada. Mas se o cara quer casar-se com ela, deixa. Vai ver é por amor. Se quer confiar no último mentiroso, deixa. Vai ver o cara se redime. Mas eu, particularmente, não tenho ingredientes sobrando para tentar fazer o bolo outra vez, nem esperarei algumas das crianças caírem do sétimo andar para atestar que a mulher não é cuidadosa com as infelizes. Não vou apertar o botão errado uma vez mais. Você quer apertar o botão errado por mais esses anos? Então não reclame. Um dia restará o último fósforo no meio do nada, com frio e solitário. Vai arriscar a última chance? Vou apertar o botão que nunca apertei mas não aperto o que já deu errado. Ah, claro. Ainda temos que saber que entre saber qual o botão errado e não saber qual é o botão certo corre um oceano de piranhas disfarçadas de peixe nobre e tubarões disfarçados de golfinhos dóceis. E olha que vivo em um país no qual as pessoas tem vocação para sofrer e serem felizez assim mesmo. Vá entender.

8 comentários:

Anônimo disse...

Adorei. rs
Eu sempre fui fuxiqueira mesmo. Sempre gostei de apertar botões pelo simples prazer de apertar. Quem sabe, dentre milhares, um dia a gente encontre o certo!

Só tentando né? rs
BEijosss

Anônimo disse...

Acabei de ler seu texto, depois de uma conversa que tive com dois amigos... e me caiu como uma luva.
Eles não me responderam nada do que eu perguntei e você disse tudo aqui.
E eu acho que não existe coincidência, isso que me dá medo.

beijos, Thiago.

CArina CAmila disse...

Vai saber? Vai saber o caminho mais longo dos deixa mais sábio. Vai saber se é a dor que deixa mais feliz o sorriso.

Thi-amo-the!..
Lindo o texto..

<--- momento reflexivo.. =/

Letícia disse...

É exatamente isso!
Talvez por medo, por proteção...
Eu não aperto o botão!!
Mesmo que seja o certo, que seja pra dar certo..
Se um dia, por algum motivo, causou dor, pq de novo?
Vai entender...
Tem gente que arrisca.
Talvez eu me engane, mas não corro o risco, de ter que ver cicatrizar tudo outra vez...

leleo disse...

Pobre dos Cornélios.

Cinthia Pascueto disse...

clap,clap,clap,clap...

Não sei pq ainda elogio. Já ficou tão corriqueiro isso!

Mas vc sabe que eu adoro quando vc resolve escrever. Sempre diz a coisa certa, aquela que eu quero - preciso - ouvir.

Venerações à parte. Obrigada pelos comentários. Já deu sua votadinha hoje?

Beeeêjo.

Ps: vc é O cara.

Júlia Faria disse...

Muito boa a metáfora.

Ótimo texto como sempre. ;)

Beeijo!

Paula Calixto disse...

É que, talvez, o tédio seja apertar sempre o certo e algumas pessoas procuram o não-risco de acertar andando na contra-mão.

Vá entender.

Beijos.