quinta-feira, março 25, 2010

Nos tempos

Nos tempos da vovózinha, além das ciroulas beges e do telegrama, as histórias de amor duravam mais que noventa minutos. Talvez porque não havia a chance de poder escolher o melhor produto na prateleira recheada de homens e mulheres. Ou porque o cupido era mais generoso e paciente. O mundo era menor. A expectativa de vida biológica era menor. Mas a vida vivida era infinitamente maior.
No meu tempo, da webcam e do tênis com amortecedor, o excesso de opções atrapalha na hora da decisão. Demoramos a escolher e, com tanta dúvida, estamos correndo risco de escolher mal. Ou é porque o cupido está ocupado demais navegando na internet, tirando fotos dos melhores momentos para pôr no orkut. O mundo é grande pra caramba e está cada vez mais estreito. Morremos mais tarde e vivemos tão pouco. Hoje as histórias de amor duram um pouco mais que dez minutos. De repente alguma história de amor começou e terminou antes que você terminasse de ler isto.

6 comentários:

Roberta disse...

É verdade. Fizeram até uma pesquisa, dizendo que a média dos casamentos é de 10 anos de duração... Ah, isso às vezes desanima, sabe?! Quem tem assim, como eu, aquele sonho romântico de casar e de ser pra sempre. Mas pra sempre pelo menos enquanto dure, enquanto ambos sejam felizes. Pra mim, o grande defeito hoje é as pessoas não esperarem o amor chegar, acharem que qualquer sentimentozinho é amor. Amor a gente reconhece, de longe...

Bia disse...

Pode ser bem verdade!

Claro que existiam os casamentos que duravam não por amor, mas por outros motivos. Hoje as mulheres tem mais coragem de separar, eu acho.

Hoje, as pessoas se tornaram mais indecisas, volúveis e inconstantes. Sem contar o etc.

Mas eu ainda tenho as minhas esperanças de um amor de verdade. =]

Beijo.

Leticia disse...

Eu sei, sei bem disso. De que alguns namoros acabaram [ou correram risco de acabar] enquanto alguém lia esse texto.

Muito bom, como sempre Thi!

Anônimo disse...

Aii aii,
isso é tão verdadeiro que chega a dar um aperto no peito!!

Muito bom!!

beijosss

Mirela

Eu,Pamela Gama. disse...

Cara, eu gosto muito das coisas que voce escreve!sempre,não tenha um texto que eu não concorde, também acho que na época da vovózinha os relacionamentos eram mais sérios,acho que é porque as pessoas realmente se doavam,se entregavam de corpo e alma, e não pra todo mundo como nós dias de hoje,antigamente uma pessoa já amava a outra antes mesmo de começarem a namorar,de beijar essas coisas... é muito dificil encontrar algo que realmente seja verdadeiro e pra sempre hoje em dia, as pessoas começam já pensando no fim, antes nem se pensava no fim!Faz tempo que voce não passa lá no meu blog, gostava dos teus comentários também

Beijos

Comunicação disse...

Ansioso [11 Fev 2010]
[Quando o destino brinca de coincidência com você para onde correr?]

Foram-se apenas três minutos desde o último contato telefônico. Centro do inferno, pessoas cansadas indo e vindo, máquinas furiosas e cemáforos burocráticos que carimbam os segundos perdidos em nossas úlceras. Sim, "o sistema cobra-te segundos preciosos, não os percam", diz o cartaz. Melhor que fosse uma pixação.
A sensação de pegar o ônibus errado e por isso estar mais longe dela era, de longe, o fantasma mais antigo, e ainda assim a mais nova das novidades. Vai engarrafar, dizia minha intuição. E só hoje eu estava um pouco mais mulher que nos outros dias. Lésbica, bem verdade, mas mulher...
Numa cidade grande e congestionada, em horário de rush, ter pressa é pecado, escolher o caminho mais curto é ilusão, e esse ônibus errado que só vai me levar para o mais distante da rua que se precisa chegar é o fim, enfim... Foram esses breves devaneios que me fizeram ver que se estava mais perto que antes, mas ainda assim distante, e por isso ansioso. Como coisa de Deus, o mp3 toca algo que parece um mantra. Música que acalma. Eu rio da coincidência e continuo a escrever, afinal, mais um pouco e já não estarei mais longe. E mais um pouco para estar na parada certa, prestes a correr para chegar mais perto, quando ela está em minha frente, à espera do seu, e eu já não tenho motivos para correr.
Seu olhar me diz que as linhas não são tão tortas para Quem escreveu, simplesmente são linhas que se escreve. E ponto. Como não aguento mais de saudade, nem consigo esconder de ninguém a vontade de querê-la, sorrio e aperto os lábios. Coincidentemente estamos na frente de minha casa, e o engarrafamento agora é só de pessoas e mendigos pelas calçadas. Pego sua mão e subimos as escadas, o mp3 agora toca algo de amor, coincidência maior impossível... se bem que os celulares também estão no silencioso e hoje está menos quente: não foi preciso ligar o ventilador.