quarta-feira, janeiro 05, 2011

Queria matá-la de rir

Poderia ser um dia qualquer de janeiro. Mas era fevereiro já e ninguém havia reparado. Nem eu. E logo eu que gostava de rir e fazer rir. Logo eu que não precisava esperar por nada. Já chegava antes que o sol aparecesse e saía muito depois que ele partia. Minha pele negra não brilhava mais. Perdi tempo. Perdi tempo pensando. E pensar, meu caros, as vezes é muita falta de amor.
Foi mais ou menos por aí que quis rir mais. Quem faz pensar, muitas das vezes chato é. Quem faz rir, só é chato de vez em quando. Penso que o drama é um câncer desnecessário e o humor exagerado é, no máximo, uma alfinetada altamente suportável. A chatice é um mal descartável. Cuidado, senhores, para só repararem quando já estiverem no lixo das amizades, no descarte por alguém menos dramático e mais engraçado.
Na quarta-feira seguinte desse texto meio atemporal eu quis matá-la de rir. Existia um termômetro. Se olhasse pro chão ou para o alto, tremesse a perna em velocidade incômoda ou prendesse os lábios com mais força eu saberia que não estava suportando as graças. Pelo contrário, descontrolava-se aos poucos. Quis matá-la de rir. Isso era agir como legítima defesa. E nenhum advogado precisaria me defender. Nada contra esses ilustres mentirosos. E nenhum juiz haveria de me condenar por crime algum. Só quis matá-la de rir pra depois matá-la de prazer. Aí sim, assumirei o crime que é ama-la, ou melhor, amar você.

2 comentários:

Gabrielle disse...

Ahhhhh adoreiii o texto! Muito bommm!Parabéns Thiii

vivi disse...

Lindo Thi, me identifiquei na parte da perna tremula rsrs