sexta-feira, março 11, 2011

Todo mundo tem seu lado arlequim‏

O carnaval não é uma festa popular. É apenas popular. É uma manifestação mas não é festa. Não é passista mas passa. Não é samba mas é enredo. É obra, é conjunto. É conjunto da obra. Não é puxador de nada, nem de samba nem de carro. É alegoria mas não é quesito pra isso.
Carnaval é um personagem além do fervor de Salvador, do frevo de Recife. É um personagem além dos desfiles da Sapucaí, dos bonecões de Olinda. Carnaval mexe até com o cara do interior do Mato Grosso, com o cara das margens do Rio Negro, com a menina do vestido florido da Serra Capixaba, com o ator de novelas, com o engravatado da ponte aérea.. Carnaval é estado de espírito, é vontade guardada, é personagem assumido por uma semana. O ruim é que carnaval é algo totalmente perigoso pra qualquer homem heterossexual. Qualquer um tem o direito de ser ruim da cabeça e doente do pé. Alguns amigos cismam em não gostar, o que fazer? Mas, repare só na menina quieta que não curte boate, no roqueiro que não ta nem ai pro funk, no mala que dorme cedo, na tímida que detesta praia. Tudo virado do avesso quando se assume uma personalidade de carnaval.
O personagem faz o asmático fumar, o atleta se embebedar, a anorexica comer, o fanho cantar e dançar...
Certo é que todo mundo tem seu lado Arlequim. Todo Arlequim tem sua Nega Maluca. O ruim é quando a tinta no rosto não sai. Ai nem você mesmo sabe quem é personagem ou quem é você.

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