Marcamos uma dança, um encontro sem ponto. Era pra dar um ponto. Pronto. Só com a idéia fiquei meio tonto. Mas era pra terminar logo esse conto. Contei pra ela que seria na praia, porque não? Quando namoramos nunca fomos à praia mesmo. O resto eu conto.
Fico desejando nós. Eu fico gastando o tempo. Eu entendo. Faz é tempo. Mas se não falamos, fica no ar. É capaz de Tim Maia ficar dizendo "leva, leva, leva!". Levei uma bárbara enganada. Fui lá enganar também. A gente tinha que se testar novamente. A gente tinha que encontrar testa com testa. A gente tinha que ter um novamente. A gente tinha que ter. E ter era o mesmo que não ter. Tenho comigo que podem me roubar até a alma mas fica esta noite na memória.
Ela agora tem seus 26 anos. E eu meus trinta e três. E foram três vezes que fingi não tê-la visto. Visto que eu de vez em quando finjo que não entendo, finjo que não sabia de algo e até finjo que esquecia alguma coisa, finjir não tê-la visto foi uma coisinha de nada. Não falamos nada. Os braços e lábios se encaixaram. E quem disse que havia mais alguém na praia? Fiquei a um ponto estratégico entre o escárnio e a paixão. O amor escarrou na minha cara. Os seios continuavam exatamente os mesmos, duros e volumosos. A cintura com aqueles pêlos que faziam veludo da barriga até as virilhas. As pernas ainda grossas. A voz ainda a mesma. E nem faziam anos. Os anos que se faziam. Depois foi unânime.
Eu pedi motivos. Não somos mais um casal. O melhor é não haver mais nada. Sabíamos mesmo que era uma despedida. Me bateu na cara no que eu devolvi. Fizemos mais uma vez. E foi mais selvagem que todas as vezes. A gente cria um castelo achando que ela nos quer como príncipe ao invés de ter a sensibilidade de perceber que ela queria era o bandido. A mulher é o antagonismo da ordem. O homem é o antagonismo da ética. Os dois são contrários ao mesmo oposto. Entre ordem e ética respira ofegante o sexo com amor. Eu sei que vou encontrar alguém melhor que você. Você vai encontrar alguém melhor que eu. A gente não se arrepende. Mas é um ponto final. Vamos fugir pra não botar fogo no mundo. Mas é tarde pra fugir? Acho que é tarde pra dizer que eu te amo e quero denovo botar tudo a perder. Ganhei. Sua vez.
Música: Amado - Vanessa da Mata
10 comentários:
Ai ai ai ai..esse escritor..rs
dispensa comentarios!!
fantastico como sempre!!
e mulher..eh puro antagonismo msm,rs...admito =p
beijuuus
Rs...
Os opostos se atraem...
É uma questão de equilíbrio.
Espetacular...!
BEijoos. =]
Devo contrariar o comentário acima, já dizia teatro mágico, os opostos se distraem e os dispostos se atraem...
Se para os dois, sim, pq não?
Beijos!
Oww... que mais lindo texto!
Nem precisa dizer o quanto o moço escreve bem, né?
Beijão
belo.
combinação muito legal de sentimento, sinceridade, sensibilidade, força e irreverencia!
excelente texto senhor Kruegues!
Estava com saudade dessa sua maneira de escrever... muito singular. Adoro.
Beijo meu.
e toda vez que venho aqui, fico eu me perguntando "pq será que ele não escreve um livro?"
Você surpreende.
Redundante dizer isso.
Você é realmente um grande construtor de situações em que os sentimentos gladiam entre si.
Te admiro, te admiro.
Nada a declarar.
Agora quanto ao seu comentário, diferente de que forma? Para pior? rs
Beeijo!!
é... vc deve ser um ET..=§
thi-amo-the...
obrigada por palavras...
Thiago, oi!
Vejo seu blog faz alguns meses, mas nunca tive coragem de comentar aqui...
E nossa, você escreve com o coração, certas histórias parecem as minhas, certas rimas, coisinhas pequenas que escreve... amo tudo o que você coloca aqui.
Um texto seu é profile do meu orkut, e tenho orgulho de colocar que foi obra sua!
Saiba que tem uma admiradora/leitora.
Abraços
Amanda Fornazieri
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