segunda-feira, abril 27, 2009

Quando ele não sabe falar

Ela sempre pensava com ela mesma o quanto seria medido o que ele sentia por ela. Sequer imaginava. Fosse lá em metros, gramas, gigas... Levantou devagar livrando-se do lençol branco como se fosse um creme caindo do corpo nu. Não haviam espelhos. Tascou uma mordida na maçã que havia na porta do frigobar. Não esquecia da linda noite. Ainda eram quatro e trinta e sete da manhã e ela dizendo que ele dormia fácil. Tomou uma ducha fervente, forte. Ao sair do banheiro havia um pedacinho do papel em cima da mesa, debaixo da carteira dele. Mas ele mesmo, dormia. E dizia:

Um dia eu enxerguei. Mas fazia tanto tempo que via. Foi ontem. É agora. Surgiu um sei lá, um quê de aurora. Não sei explicar. E, pra que o quê se vai querer entender? No meio de um inteiro vestido ela flertava comigo sem nem sentir. Ou sentindo mesmo. A dança das nossas vidas e nossas muitas musicas. Ontem foi um chopp de certezas. O meu pra sempre de hoje é com aquela mocinha de olhos verdes. Uma anja de pele quente e pêlos clarinhos. Ela não me dá sono. Me dá sonhos.

No dia seguinte ele foi para a casa dele e eu para a minha. Encantada, claro. Jantamos juntos como se fosse a primeira vez. Ele tinha o seu jeito engraçado naturalmente. Era carinhoso em certos silêncios. E eu fingi que nunca li nada. Tem horas que não precisam de palavras. Meu filme não precisa de texto, legenda. Ele diz sem saber falar. E eu amo.

4 comentários:

Bia disse...

O mais lindo... S2

Melissa disse...

Thiago, quanta delicadeza!
...
Beijos

Luana Freitas disse...

"e eu amo."

verdade, quando a gente ama não precisa de palavras, nem dos eu te amos.

DO disse...

Adoro tudo que se refira ao AMOR.

Otima semana,Thiago!

Abraços!