segunda-feira, maio 31, 2010

Manual de Desinstruções

Um dia de tanto pedir recebi sabe-se lá como um manual de como amar, do caminho para se chegar a plena felicidade e de como sair de , assim, tão menos presentes dores do coração. Era um didático de mais de 700 folhas, com gravuras e dicas irresistíveis. Até receita tinha. Não me faça recordar das gramas e colheres mas estavam registradas doses de manga doce, tabletes de chocolate, algo de aroma de jasmim, minutos de desenho animado, horas e horas de sexo feito com amor, momentos de adrenalina no limite, canto da torcida no estádio lotado, reencontros logo após desencontros que matam saudades, recomeços após recomeços, reconhecimentos de carinho, de pessoas, de sabores, viagem com amigos, dança sensual, dança engraçada, descobertas inéditas para o mundo novinhas em folha, sucesso de novela e liberdade de beija-flor. Um manual meticuloso, metódico, racional e bem planejado. Ensinava como numa linha de montagem passo a passo como bem estar. Retomei a primeira lição. Estava amando, e amando bastante, lutando contra as corriqueiras barreiras de um amor grandioso. Lá pela página décima quinta dizia que devemos olhar bem nos olhos, dizer as palavras certas, treinadas, e bem colocadas no momento, entregar algumas coisas bem ordenadas. Parei ali. Ordem. Onde há, no amor, ordem eu quero desordem. Onde há boa colocação eu quero espontaneidade. Onde há treino eu quero improviso. Fui a um fumante mais próximo, pedi seu isqueiro e pus fogo. Da fogueira esquentei o dia gelado. Abracei a minha amada que pela primeira vez aceitou um beijo meu.

3 comentários:

Roberta disse...

Não existe manual pro amor, essa é exatamente a graça: o inesperado!
Adoreei =)

Tatiane Ribeiro, 19 anos disse...

O melhor escritor do mundo é meu amigo :)

Gabi disse...

Adorei como sempre! vou guardar todos..um dia vai valer milhões..eu sei disso! :)