quinta-feira, julho 20, 2006

Insensibilidade daquele início de tarde


Outro dia andava por andar, tinha meia hora pra surrupiar o tempo que havia de sobra até o compromisso seguinte. Andava por andar e o ócio da caminhada despretenciosa me fez refletir através do que enchergava. Via e via muito. Era um mulato vendendo laranja na esquina, era um magrelo de uns doze anos de idade entregando folheto de um candidato hipócrita qualquer ao governo do Estado, era uma senhora a passos firmes e ligeiros demais pra essa vida moderna. O tempo pra ela passa e ela nem percebe. O tempo anda passando rápido pra quem só pensa em capitalizar ou pra quem espera o capital chegar. Mas continuei nas reflexões.
O sol nao rachava a cuca mas fritava quem detesta calor. Eu abstenho de escolher dia frio ou dia quente, afinal, é relativo. Ora prefiro dia quente, ora prefiro dia frio. Me convém dizer que os dias andam quentes demais e pronto. Era mais ou menos uma e meia, pela tarde e eu continuava caminhando.
Num estranho acaso parei numa vitrine como vítima da exposição de um DVD do Biquini Cavadão que desejo a mais de um ano e acabei fatalmente ouvindo uma conversa que retrata a essência fedorenta das relações humanas:
- Aquela ação foi terrível. A Brasil (avenida) estava muito movimentada. (Nós militares)Trocávamos tiros com eles (bandidos) o tempo inteiro. Até que...
-Até que o quê?
-Até que o Paulão perdeu a noção e foi atropelado. Perdeu o braço na mesma hora. Falei pra ele pegar o braço e levar poque eu tinha que acertar um.
...
O DVD ficou preto, o vidro embassou, era melhor continuar andando. Mas a falta de sensibilidade me fez pensar profundo. O que se tornou a vida humana? Banal. Não importa se há mães, filhos e amores. Amor? O ódio bradou num repente eterno. Não adiantaria somente pensar que como estes senhores existem milhares. As histórias são inúmeras e piores que uma simples conversa perto de uma vitrine de cidade grande.
A sensibilidade que havia nos seres, notando a tristeza sem palavras, oferendo ajuda sem súplicas, não existe mais. A sensibilidade parece se restringir aos poetas e sonhadores dos pesadelos mais reais.
Alguém aí têm a sensibilidade de me dizer o que um senhor pouparia a minha vida por um trocado?

O tênis da nike com molas vale mais...

3 comentários:

Anônimo disse...

noussa...surpreendente...esse foi um dos quais eu li e fiquei mais "tocada"
gostei mt!
mas respondendo...eu salvaria a sua vida ou daria qlqr ajuda sem precisar d nd, mt menos d um tênis da nike, rs*
xi amOoO
obrigada por td!
bjk*

Anônimo disse...

SErá q alguém com um pouco de sensibilidade poderia me dizer.. porq o amor hj é visto com olhos?.. e não mais com coração..
PErfeito thi..
A insensibilidade dakela tarde me tokou.. pena eu ter ficado tão sensivel a ponto de não saber como defini-la!
beijOs ThIi...
Thi-amo-the

Anônimo disse...

Nhaa cunhado
pois eh...
as pessoas jah veem coisas absurdas como algo natural =S
e nao dão valor ao q relamente deve..
mó complicado esse texto hahaha
mas gostei!!
bjaum jornalista