domingo, abril 18, 2010

De volta pro futuro do presente

Só podia ter bebido mais que a conta permitia. Ou, de repente, levou alguma pancada na cabeça. Ou até mesmo drogas, sabe-se lá. Era o Marty McFly, o que ninguém chama de franguinho. Ele corria pelas ruas do Rio de Janeiro num domingo a tarde. Claro que teria de ser domingo a tarde. Cidade vazia. Ninguém reconheceria. Ele saiu com uma jaqueta vermelha, calça jeans bem surrada e tênis maior que os pés, branco. Parecia vislumbrado e assustado. Corria pela Vieira Souto olhando fixamente para o Pão de Açucar. Corri atrás. Antes de atravessar a rua parou ao lado de uma mulher. Ela parecia um bicho pra ele. E os carros, pareciam normais. O ouvi comentar que "achava que em 2010 os carros voavam". Voam baixo, meu amigo. O ouvi comentar ser estranho demais ver meninas com meninas e meninos com meninos. "É só no Brasil isso?". Não Marty, é no mundo inteiro. Ele riu-se dos cabelos esmagados na cabeça, das pessoas todas furadas no nariz, na barriga. "São todos punks?". Perguntou-se porque as pessoas falavam sozinhas. É o celular, rapaz. Ninguém vive sem, hoje em dia. Hill Valley de 1985 é muito parecida com isso aqui. Os carros, as pessoas com calças apertadas e de cano fino. Muitas cores vivas nas roupas. Tem até fliperama, toca Michael Jackson ainda. Aliás, ainda toca Rolling Stones, U2, Elton John e Madonna. Marty achou o que procurava. O filho Marty Júnior, com 21 anos, visitava a cidade em férias e estava prestes a ser baleado por um assaltante. Seria na praia de Ipanema, posto 8. Cheguei ao lado e chamei-o de franguinho. "Ninguém...me chama...de...franguinho". "Eu sei, Marty. É só brincadeira. Eu vejo seu filho comendo queijo coalho daqui. Ali, de rosa". Marty não pareceu gostar da idéia do filho usar rosa. "E digo mais, Marty. Ele está com o Biff Júnior, que está de rosa também". McFly rolou pela areia, tropeçou em duas mulheres machos até uma posição que conseguisse ouvir o que conversavam. Ele ouviu o filho dizer que fugiria, sim, com Biff desde que fosse pra sumir da vista dos pais conservadores. E inventaram que McFly Júnior havia sido assassinado.
Dr. Brown apareceu estupefado. Viu a cena. Puxou Marty pela jaqueta e arrastou-o até um beco onde estava o DeLorean na sua versão em trêm.
- Vamos voltar, Marty. Ainda há como educar os filhos. E ainda temos que pegar um trânsito infernal daqui até a Central do Brasil, que é onde eu tive que parar o Trem sem levantar suspeitas.
- Não, Doutor. Vamos voltar. Eu vou me reeducar como pai. Vou aceitar o que ele tiver de ser sem que precise fugir de mim.
- Então vamos logo. Antes que chova. Ouvi falar que aqui no Rio quando chove nada vai pelo ralo.
Eu não devo ter bebido. Devo ter injetado alguma coisa. Ou devo ter começado a fazer a festa da licença poética.

2 comentários:

tabinhahh disse...

Marty no Rio em 2010...coitado!hehehe
adorei!
rs..e marty Jr. gay?!shauhauh
só tu kuerques!

Bia disse...

Que viaagem! rs

Adoreii. =]
Beijoos!