terça-feira, novembro 15, 2011

Se o mundo dá voltas, sou translação

Talvez tenha sido um astrólogo o inventor do termo "o mundo dá voltas". Deve ter se baseado nos movimentos de rotação ou translação da Terra. Nem entraremos no mérito dessa coisa de chamar a Terra de mundo. Mundo, na minha humilde, é aquele "mundão de meu Deus", o que meus olhos encostam e minha cabeça ousa viajar. O movimento então do mundo é discutível.
Talvez tenha sido o piloto de corridas o inventor do termo "o mundo dá voltas". Ele que conta o tempo separados por voltas. Conta das mais rápidas, das mais difíceis e das chuvosas.
Talvez tenha sido um pessimista desastrado o inventor do termo "o mundo dá voltas". Desastrado que teima em achar que o mundo é um inimigo do tipo malandro; um moribundo esperto que tenta se dar bem em cima dos outros; um cara de pau que passa a perna em quem tiver de ser. O desastrado tentou mas diz que o mundo o deu uma volta.
As voltas são esses movimentos circulares; é a volta de 360 graus do skatista; o retorno da magia de uma trilogia; uma irmã depois de cinco anos longe de casa; a poesia depois de meses só de piada; o amor voltando pra onde não se acreditava em mais nada e de onde nem se esperava. O mundo dá voltas; também a tampinha da garrafa; a bola rolada; o corpo na areia molhada; o tornado caribenho; o pneu do avião em solo portenho; o passo de dança que eu nem tenho.
Talvez tenha sido um massagista ao dizer para o seu paciente que "o mundo dá voltas" depois de um exercício esfuziante. O que o passageiro, o jogador, o piloto, o astrólogo e seja lá mais quem seja deveriam dizer é que o mundo realmente dá voltas, mas são voltas por cima.
Se alguém dá voltas, sou o circuito inteiro. Se o mundo gira, sou o louco. Se o mundo vira as costas, sou o coitado do tatuador. Se haverá uma volta, serei a triunfal. Se o mundo dá voltas eu não sou simples rotação. Se o mundo dá voltas, sou a translação. E nada mais.
Movimento circular bom é o dos braços envolta de alguém. O mundo até dá voltas. Sonhei na última noite em dar voltas nele, uma viagem de volta ao mundo. Ou vou ficar fora de órbita, no pior sentido da expressão? O resto é questão de física, química, perspectiva ou sei lá mais o quê. E, no fim disso aqui, fui procurar sentido no que escreve. Esquece, as vezes pra quem nunca foi uma volta ao mundo não faz o menor sentido.

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