terça-feira, maio 29, 2007

O último quinhão de poesia


Dona Abelha rainha
Rainha das rainhas
Dona de todos os doces
De todo meu mel
Quimeras.

Não me procure mais
Sou fraco alazão.
Perdi o auto-controle
Perdi a razão pela razão
Se for, se não...

Suma, ou sei lá
Porque não consigo sumir.
Me faz mal sonhar
Porque sonho um pesadelo gostoso.
Acordo mal.

Não faz diferença
Se me escondo na abadia.
Tu reapareces de qualquer forma
A qualquer hora
Do amor à covardia.

Não me arrependo
Jamais assim o faria.
Sei dos paraísos que embebedei
Fui de norte a sul na euforia
Do melhor beijo teu.

Mas não há mais sentido.
Pareço mais um estranho
Faço tais coisas
Que me demitem da alcunha de poeta
Desapareço onde antes aparecia.

Por favor,
Apelo ao que for.
Que quer?
Promessas? Não valem
Ou até valem demais

Que quer?
Palavras? Já as derramei.
Perdão? Já os pedi
Sinceridade? Sempre teve.
O que mais?

Não peço retorno.
A vida não permite viagens para trás.
Nem obedeço mais o coração.
Você me ensinou isso.
Quero doce no lugar do amargo. Não?

Quero vida pra ter mais vida
Minuto pra pensar no lugar do segundo impensado.
Quero leveza onde há dureza
Fazer curva onde só há retas
Ser real onde há mentirosa beleza.

E não é drama de desamado.
Recorri a qualquer mistura.
Briguei, amiguei, amiguei mais
Taquei sal nas feridas quando pedia
Que me dissesses sobre aquele jagunço.
E em cada detalhe eu sangrava
Era Jaguncinho pra lá
Jaguncinho pra cá.
E com ele Dona Abelha-Rainha podia rir
Livre, adocicada pela liberdade racional.
Padecido de um mal
Enforquei-me em minha sinceridade.
Prometi coração de pedra.
E assim foi.
Assim será?


A que instituição recorro?
No Tribunal dos destruídos?
No cemitério dos derrotados?
Quero invalidar minha promessa
Onde moram corações amarrotados.

Triste alazão.
Pra carinho nem tem mão
Sai da agonia de dia
Para um ponto e vírgula
Um jamais.

Triste alazão.
Pra voar nem tá são
Entra na conta da vida
Para um ponto final
Um Não.

De três poesias...
Um quinhão.

3 comentários:

Letícia disse...

Gostei da foto!
Poesiazinha?
Grande em todos os sentidos!
Linda, como no inicio.
Triste, como a tempos eu nao lia...
Depois de um pedido assim, tão sentido desse alazão, a abelha só poderia mesmo sumir...
Beijos!
=)

Melissa disse...

Quem não se apaixonaria por esse quinhão de poesia?
Eu adorei!
E fiquei! Estou de volta ao Casuale!
bjocas

Carmim disse...

Tenho uma admiração gigantesca por quem consegue escrever um poema com princípio, meio e fim.
A poesia (a meu ver), é a forma mais íntima de escrita, como se em frente ao papel se abrissem as janelas da alma, e sacudissem para ele todos os sonhos, amores, temores e sentimentos que nos provocam nó na garganta.
Acho até que poesia é meio sem razão e toda emoção.
Parabéns.

Beijos.