quinta-feira, janeiro 10, 2008

Eram cinco e cinqüenta e cinco da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês

O despertador é meu inimigo número dois. O número um é a cabeça. Ando com o corpo tão cansado que a cabeça nem tenta funcionar. Ou, ao contrário, funciona por conta própria. Este fora o mais exausto dos sonos. Tantas e tantas roupas ao chão. Um prato em cima da cômoda. Um gato passeando pela janela. Perdi dois minutos. Tudo porque me veio o pescocinho de Isabela.
Resolvi gelar a água. Entrei dando pulos e mais pulos debaixo d'água. Sabonete, mais água. Toalha. Cinco minutos mais. Não tem como não pensar. O amor coexiste. É doença de várias faces. Fosse socióloga houvesse criado a razão para as equações mal resolvidas das nossas vidas. De todas as vidas. Mas não é socióloga, coexiste e me fez perder a hora.
Acho que penso demais nela. Olhos amendoados. Ah, meus suspiros tem dona, nome e sobrenome. Isabela de não sei o quê. A mais viajada. A pombinha que não voltou ainda. A comandante de um vôo absurdo e distante. Eu te amo.
Já era hora de sair. O elegante caminhar disfarça a inquietação. Eram cinco e cinqüenta e cinco da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês. Fui relembrando das coisas abusando de uma memória fracote. Lembro de quando um amigo foi internado. Era meu amigo. Isabela nem o conhecia. Sofreu o meu sofrimento. Mesmo não podendo. E quando ele recuperou-se satisfez comigo, se satisfez com a minha satisfação. Quando ela adoece eu sofro o sofrimento dela. E quando ela alegra fico só sorrisos no meio do mais quente dos infernos. Pode ser que não me ame. Mas não é sentimento efêmero. Um dia, lindo dia, beijou meu beijo. Não foi sem querer mas foi sem querer e foi sem querer, por querer assim sem querer. Ia acontecer. Não rejeitamos. E foi o melhor de todos.
Agora, cinco e cinqüenta e sete da manhã eu te ligo. Não quero sair de casa sem saber de você. Pena o seu celular estar desligado e eu não poder ligar para a sua casa. Vai que dou de encontro com a voz paulistana e sortuda do seu namorado?

8 comentários:

Cássia disse...

Seus textos me lembram muito as crônicas do Fernando Sabino. Talvez por isso eu sempre venha aqui. =)

Parabéns.

Letícia disse...

Eu não entendi seu comentario.
Explica?

Bonito texto!

Beijos!

Roberta disse...

É...
O amor!

Que lindo o texto!

Agora que você disse eu reparei! Tá virando um jornal mesmo! rs
Mas pelo menos bom (segundo você).

Beiiijos

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Mais um muito bom..
Já se tornou um vicio para mim e está entre meus favoritos.. não saio mais daqui! rs*
"Mas não é sentimento efêmero" .. suspeitoo hein..rs
beijooos Thii

Anônimo disse...

5:50 da manhã.. ai que sonoooooooooooooooooooooooooooo


Seus textos lembram mesmo Fernando Sabino, como disse a Cássia, ali.

beijos

"Oncotô? (Erika)"

Melissa disse...

Thiago, acredite, você está cada vez melhor! Mas certamente você já sabe disso!
Amor... Realmente existe, coexiste... E nos faz assim! Mas se ele já tiver um outro amor, sei não...
:)
Um bom fim de semana, beijo.

Júlia Faria disse...

vai parecer meio clichê, mas preciso dizer que seu texto está muito bom. como sempre, aliás.

bjo