O despertador é meu inimigo número dois. O número um é a cabeça. Ando com o corpo tão cansado que a cabeça nem tenta funcionar. Ou, ao contrário, funciona por conta própria. Este fora o mais exausto dos sonos. Tantas e tantas roupas ao chão. Um prato em cima da cômoda. Um gato passeando pela janela. Perdi dois minutos. Tudo porque me veio o pescocinho de Isabela.
Resolvi gelar a água. Entrei dando pulos e mais pulos debaixo d'água. Sabonete, mais água. Toalha. Cinco minutos mais. Não tem como não pensar. O amor coexiste. É doença de várias faces. Fosse socióloga houvesse criado a razão para as equações mal resolvidas das nossas vidas. De todas as vidas. Mas não é socióloga, coexiste e me fez perder a hora.
Acho que penso demais nela. Olhos amendoados. Ah, meus suspiros tem dona, nome e sobrenome. Isabela de não sei o quê. A mais viajada. A pombinha que não voltou ainda. A comandante de um vôo absurdo e distante. Eu te amo.
Já era hora de sair. O elegante caminhar disfarça a inquietação. Eram cinco e cinqüenta e cinco da manhã da sexta-feira dezoito de sei lá que mês. Fui relembrando das coisas abusando de uma memória fracote. Lembro de quando um amigo foi internado. Era meu amigo. Isabela nem o conhecia. Sofreu o meu sofrimento. Mesmo não podendo. E quando ele recuperou-se satisfez comigo, se satisfez com a minha satisfação. Quando ela adoece eu sofro o sofrimento dela. E quando ela alegra fico só sorrisos no meio do mais quente dos infernos. Pode ser que não me ame. Mas não é sentimento efêmero. Um dia, lindo dia, beijou meu beijo. Não foi sem querer mas foi sem querer e foi sem querer, por querer assim sem querer. Ia acontecer. Não rejeitamos. E foi o melhor de todos.
Agora, cinco e cinqüenta e sete da manhã eu te ligo. Não quero sair de casa sem saber de você. Pena o seu celular estar desligado e eu não poder ligar para a sua casa. Vai que dou de encontro com a voz paulistana e sortuda do seu namorado?
8 comentários:
Seus textos me lembram muito as crônicas do Fernando Sabino. Talvez por isso eu sempre venha aqui. =)
Parabéns.
Eu não entendi seu comentario.
Explica?
Bonito texto!
Beijos!
É...
O amor!
Que lindo o texto!
Agora que você disse eu reparei! Tá virando um jornal mesmo! rs
Mas pelo menos bom (segundo você).
Beiiijos
Mais um muito bom..
Já se tornou um vicio para mim e está entre meus favoritos.. não saio mais daqui! rs*
"Mas não é sentimento efêmero" .. suspeitoo hein..rs
beijooos Thii
5:50 da manhã.. ai que sonoooooooooooooooooooooooooooo
Seus textos lembram mesmo Fernando Sabino, como disse a Cássia, ali.
beijos
"Oncotô? (Erika)"
Thiago, acredite, você está cada vez melhor! Mas certamente você já sabe disso!
Amor... Realmente existe, coexiste... E nos faz assim! Mas se ele já tiver um outro amor, sei não...
:)
Um bom fim de semana, beijo.
vai parecer meio clichê, mas preciso dizer que seu texto está muito bom. como sempre, aliás.
bjo
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