sábado, dezembro 29, 2007

07. 08...

"Todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta e são chamadas de recordações. Algumas nos levam adiante e são chamadas sonhos." (Jeremy Irons)

- 07, tem algo a dizer?
- Não gosto de ter o Renan Calheiros relacionado a mim.
- É a vida, 07.
- Mas tem o "?Porque no te callas?" de vossa Majestade para o Chaves. Tem a Marta, o kaká, a Bebel, o Olavo, a torcida do Flamengo...
- E pessoalmente?
- Tem Itatiaia, Mendanha, Geneciano, São João Del Rey, Chopada, aeroporto, Copacabana, Arpoador...
- E houveram coisas ruins?
- Natural. Foi-se o Paulo Autran, a Nair Belo, o João Hélio, os acidentes aéreos, a CPMF.
- Mas a CPMF?
- Sinto que vai piorar pro 08.
- Porque? Menosum imposto.
- Senhor, com todo o perdão da palavra. Mas um puta imposto vai se tornar vários putinhos de outros impostos.
- Faz sentido. Bom 07, você sente que fez bem o seu trabalho?
- Sim. Fui bom. Sinto que fui diferente. Sinto que fiz valer a pena. Levei aquele sentimento de desamor do início. Fiz novelas. Fiz segredos. Fiz poemas. Fiz até contos. Contei histórias. Fiz vida.
- E agora?
- Agora eu peço para sair. É o jeito.
- Opa. Olha quem tá chegando ali. É o 08.
- Seja bem-vindo 08. Um bom trabalho.
- Não. Um bom divertimento, uma boa vida.
- Que seja. Obrigado 2007. Bom 2008.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Noel quem?

Como pode um homem da terceira idade com tão pouco de aposentadoria, provavelmente com saúde frágil, aparentemente porco (só pra constar, não é chegado a um corte de cabelo nem a fazer a barba), rouco e antiquado que vive cercado de anões e tem a péssima mania de invadir as casas durante a noite num estilo Ethan Hunt de Missão Impossível pelas chaminés ainda ter creditado a ele a mais bela fantasia já criada? ah, e voa num trenó puxado por uns bichos estranhos e frequentadores de boates GLBT. Só sendo criança mesmo. Vai ver é por isso que meu presente foi tão significativo para a minha amiga não mais oculta. Uma boneca negra a uma mulher de 40 anos.
Pus sapato na janela. Foi roubado. Papai Noel existe. O que não existe mais é a CPMF.
Feliz Natal.

sábado, dezembro 22, 2007

Nemo

E vem a patroa, a mãe mesmo, queixando.
- Eu queria saber quem tem deixado o portão aberto.
- Não sou eu.
- Nunca é ninguém. Estou de saco cheio com isso, Thiago.

No dia seguinte
- E hoje denovo acordei e o portão estava aberto.
- Mas eu fechei assim que saí pra trabalhar.
- Então alguém abriu.
- O Gustavo sai cedo também pro colégio.
- Eu acordo antes dele e o portão já está aberto.
- Mas...
- Não tem "mas".

No dia seguinte ao dia seguinte
- Thiago. O portão denovo...
- Aberto?
- É.
- Advinhei!
- Sem brincadeiras.
- Então tá. Vamos investigar. Deve estar ruim, sei lá.

E no dia seguinte ao dia seguinte ao dia seguinte lá pelas seis da manhã...
Meus dois cachorros rondavam o quintal. Eis que o crime foi solucionado. O criminoso estava alí. E o mal-caráter nem se pronunciava. Deixava que acusassem os inocentes.

- Viu?
- Vi. Esse cachorro realmente pensa que é gente.
- NEMOOOO! Sai daí. Nada de abrir o portão.
- É mole? Ele vai direto na maçaneta e abre o portão, dá uma saidinha e volta. Nemo e sua caminhada matinal.


Vá com Deus para o céu onde todos os cúmplices descansam.

Nemo (2004-2007)

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Facetas de vidro

- Tudo bem. Mas porque está com essa cara de tolo?

- É esse clima de fim de ano, a descrença no papai noel, a rotina de planos não
cumpridos.

- Sem esse de Papai Noel. Fala logo, Túlio.

- É mesmo o clima de fim de ano. Participei de três "amigo-oculto". Nem sei o plural
disso. Mas é que me senti estranho comigo mesmo.

- Estranho como?

- Vou te contar. No primeiro, amigo-oculto do pessoal do curso de inglês foram me
descrever. "Eu tirei uma pessoa que falta muito e mesmo sem vir tira notas boas. É uma
pessoa quieta" e em uma só voz gritaram o meu nome. Acertaram.

- E você falta tanto assim?

- Falto sim. Me vêem como um turista, visitante que não faz parte do grupo por isso.

- Entendi.

- Já no segundo amigo-oculto foi em família. E a minha tia seguiu dizendo que havia
tirado uma pessoa esquelética, sonsa, talentosa com a escrita, preguiçoso com os rumos
da sua vida e extremamente sarcástica. Precisa dizer qual o nome disseram? E precisa
dizer que disseram o nome certo?

- Túlio, convenhamos que você é bem sarcástico sim.

- O que pegou foi o "preguiçoso com os rumos da sua vida".

- Não liga pra isso não.

- E por último foi o amigo-oculto com a minha turma na faculdade.

- E como foi?

- Uma palavra denunciou o amigo-oculto da menina.

- Qual?

- "Eu tirei o menino mais pervertido da sala". "TÚLIO! TÚLIO!"

- E o que tem de mal nisso?

- Reparei que sou tantos Túlios que me sinto até desenganado.

- É normal se comportar de formas diferentes em diferentes ambientes.

- Mas não é normal formas tão diferentes.

- Um quieto e ausente. Outro sarcástico e preguiçoso. O terceiro é pervertido. São
coisas diferentes demais.

- Túlio, você é tudo isso mas não consegue ser tudo junto no mesmo lugar. É completo
apenas pra você que sabe disso tudo e ainda persegue por se descobrir mais. Você não
pode se sentir falso por ser isso ou aquilo. Você é tudo e é tudo de pedaço em pedaço.

- É, esse clima de final de ano.

- É, esse meu amigo pensa é demais.

- Pensar ou viver?

- VIVER! - disseram os dois em voz conjunta.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Com Fiança


A gente sempre acaba confiando.
Enfoco quem confio.
Destemida confiança.
Estou partindo com fiança.
Rasga-me com fio.
Não cai do céu esta herança
Nem a resmungada confiança.

Conquiste.
Entre duas partes
Cílio em riste
Com quites
Arte das artes
Não, não adianta
A gente sempre acaba confiando.

Quer saber?
Está faltando amor.
Mundo de plástico
Mundo fantástico
Mundo sarcástico
Está faltando é amor
Daqueles sublimes
Daqueles...
Quem ou sem tempo
Com ou sem fiança.

domingo, dezembro 02, 2007

O torcedor

O campeonato brasileiro de futebol masculino terminou a poucos minutos. Minutos esses que mais pareciam horas e horas de sensações. Foram minutos que mostraram as faces humanas do futebol. Apareciam sorrisos e lágrimas. A antologia poderia ser composta pelo título do São Paulo, pela reação heróica do Flamengo, pela história de vida do uruguaio Acosta do Náutico. Poderia e é. Mas a principal atuação do campeonato brasileiro de futebol do ano de 2007 transcedeu os campos. A grande sensação do ano foram as torcidas. A do Flamengo pelo apoio incondicional ao time que, por sua vez, correspondeu em campo com superação de limites beirando a arte, a carga emotiva e épica. O corinthians - time do qual não gosto nenhum pouco pela sua soberba e arrogância - foi rebaixado. Minuto sim, minuto não. Gol lá, gol cá. Rebaixamento e permanência. A vitória do Goiás obrigava o time paulista fazer ao menos mais um gol para se sustentar na elite do futebol. Acabou. O rosto do torcedor na tela. O olhar foi baixando. A lágrima descendo. A raiva era questão de tempo. Era comum na fiel torcida. Revolta, porque seria diferente? O torcedor levantou a cabeça e começou a... cantar. Entoou o canto desafinado dos pernas-de-pau dizendo que nunca abandonará seu time. Não me sensibilizou a tristeza. Mesmo porque quando há um vencedor sempre haverá um perdedor. Assim como a torcida do Flamengo fez quando seu time fora eliminado da maior competição sul-americana no primeiro semestre, ao invés de lágrimas, aplausos.
O futebol no Brasil parece ser - de vez em quando - a única instituição que, na prática, faz justiça. E como é delicioso ainda ter essa emoção fazendo valer qualquer suor.

Times
01 São Paulo
02 Santos
03 Flamengo
04 Fluminense
05 Cruzeiro
06 Grêmio
07 Palmeiras
08 Atlético-MG
09 Botafogo
10 Vasco
11 Internacional
12 Atlético-PR
13 Figueirense
14 Sport
15 Náutico
16 Goiás
17 Corinthians
18 Juventude
19 Paraná
20 América-RN

[] Libertadores da América [] Sul-americana []Rebaixados para Série B

sexta-feira, novembro 30, 2007

Parada do Caminhoneiro Gostosão

- Sabe, menina, não quero passar na frente dessa obra.
- Ah, deixa de frescura.
- Não é frescura.
- è frescura sim. E vamos andando.
- Então tá. Daqui a cinco minutos você me diz.
O prédio em construção. O pesadelo de uma era o sonho da outra. Esticando a calçada e as pernas o primeiro bigode soltou:
- Você tá igual melancia na roça.
- Eu? Porque?
- Tá rachando de boa.
Continuaram caminhando.
- Pedreiro é uma raça nojenta. Eu não te falei?
- Eu acho graça.
E outro homem mais a frente soltou a nova:
- Garota abelha?
Ela riu. O barrigudo continuou.
- O homem-mel chegou.
A primeira quis bater no barriga. A segunda. Bom, a segunda riu denovo.
- Acho até engraçado. E se falam essas coisas é porque somos lindas e gostosas.
- Você tem uma teoria muito discutível.
- Se falam é porque somos.
- Pedreiro chama até Dercy de gostosa.
Continuaram a caminhada. Na frente do bar:
- Ei, princesa.
Ela virou-se como num susto.
- Você é o toicinho da minha feijoada.
- Nossa!
- Nossa? Nossa digo eu. Você é tão linda que não caga. Lança bombom.
O nome do bar? "Parada do caminhoneiro gostosão".

terça-feira, novembro 27, 2007

Doce de leite e bolinhos de chuva

É quando a gente fala bem baixinho.
- Eu te amo.
- O que foi que disse?
- Disse que o dia está preguiçoso.
- Está mesmo. Mas vamos animar.
É quando a gente fala bem baixinho.
- Você está a mais linda mulher.
- Oi? Não ouvi.
- Eu? Tava cantarolando só.
- Que música?
- "Ainda lembro", Marisa Monte.
- "Onde você for eu vou. O grande mal que fiz foi a mim mesmo", linda música.
- Pois é.
E a gente acovarda o sentimento, fala bem baixinho.
- Se ao menos...a amo tanto.
- Você ama quem?
- Eu. Eu amo.
- Ama quem?
- Amo goiabada.
- Prefiro bolinho de chuva.
Eu não falo mais baixinho. Nem falo. Ela casou-se. Restaram os bolinhos de chuva. São mesmo melhores que doce de leite.



BOLINHO DE CHUVA


INGREDIENTES:
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de amido de milho
1/2 xícara de leite
2 ovos
4 colheres de açúcar
1 colher de sopa de fermento em pó


MODO DE PREPARO:
  1. bata o açúcar com os ovos e junte os demais ingredientes, em uma panela esquente o óleo e frite as colheradas em fogo baixo.

  2. depois de frito passe os bolinhos em açúcar com canela.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Prêmio

Olha que coisa. A Mel (http://blogcasuale.blogspot.com/) teve a coragem de dizer que sou escritor. E, além disso, de premiar com o Escritores da Liberdade. De verdade essa coisa de "escritor" e "liberdade" são coisas muito relativas. Como ela, eu também não em considero escritor. Que seja. Liberdade então, nesse caso, é escrever por vontade, oportunidade, com asas e palavras soltas. Deixa voar o sorriso pela singela lembrança. Obrigado Mel.


Vou repassar a quem convém. Os considero, sim, escritores da liberdade.


Letícia (Cuidado ao entrar), Erika Murari (Onconto), Paulo Fernando (A verdade nua), Ly (Divino Senão Fosse Humano) e Robertinha (Em Alguns Instantes).

Desfrutem.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Pré-conceitual

- Me chama de negro.
- Eu não.
- ANDA, ME CHAMA DE NEGÃO.
- Claro que não.
- Porque não? Eu sou negro.
- Primeiro, porque não me convém chamar-lhe de negro. Segundo, porque você tem nome. Terceiro, que essa coisa de "negão" é só pra suas "nêgas".
- "Nêgas"? Vou te processar.
- Ora.
- Você falou com conotação preconceituosa.
- Então desculpa.
- Tudo bem. Mas porque você tem esse preconceito? Já ficou com uma negra?
- Eu não tenho preconceito.
- Já esteve com uma?
- Não.- Seu preconceituoso!
- Só porque nunca estive com uma negra? Vai ver eu nunca tive oportunidade. Já pensou nessa hipótese?
- Não tem desculpa.
- Tudo bem. O que quer afinal?
- Que confesse seu preconceito.
- Mas eu não tenho.
- Você está incomodado comigo só porque sou negro. Nunca quis estar com uma negra e tem nojo de se referir a mim como negro.- Ah, por favor.
- Viu? Confessou.
- Eu não vou confessar o que não sou.
- Sabia que preconceito dá cadeia?
- Sabia sim. E o que é preconceito para o senhor?
- Você me tratar de forma diferente só porque sou negro.
- O senhor conhece o Lázaro Ramos? Viu Ó pai, ó?
- Conheço. Vi sim. E o que que tem?

- Numa cena o personagem do Wagner Moura chama o personagem do Lázaro de negro por causa de uma dívida no que este responde numa das mais belas retóricas sobre a questão da raça: - Porque me chama de negro? Não comemos da mesma comida? Não sofremos das mesmas doenças? Não tomamos os mesmos remédios? Não sangramos da mesma cor? Não somos gente? E você vem me chamar de negro?

- Eu lembro dessa cena.
- E você aqui querendo que o chame de negro, querendo reverter o quadro que transparece que o preconceituoso aqui é você mesmo.
- O quê?
- Exatamente. O preconceito começa contigo.
- Só quero respeito.
- Desisto.
- Me chama de negro.
- Preto.
- Ahhhhh seu f...
- Calma. estava brincando. Mas porque até tu diz que quanto tudo está mal que a "coisa está preta"? Porque tem superstição com gato preto? E galinha preta?
- Meu amigo, a coisa tá afro então.
- Um chocolate quente então?
- Melhor, café com leite.
- Aceito.

terça-feira, novembro 20, 2007

Carioquice




O inexplicável rubro-negro parece uma mística odisséia futebolística de novos tempos ou de tempos em que não há razão para esses cariocas carentes se apegarem com tanto afinco. É a ultra-euforia de um time que ganha mais atravéz de vozes e aplausos do que através de chutes e galopes. Fui comprar o uniforme do soldado em preto e vermelho. Esgotado. "Volte semana que vem, de repente já teremos". O vendedor deu um sorriso matuto. Com certeza flamenguista, supus na contradição convicta. A vergonha de chutar torto, de ovacionar o ébano Obina transpôs as arquibancadas de cada mesa de boteco. Resolvo vestir o manto comprado com custo a duas semanas atrás. O caminhoneiro grita "aee flamenguista, tá com tudo heim?". Pois é. E o outro me gritou "Se tivessem usado essa camisa ontem...". O "ontem" dele refere-se ao pseudo jogo de futebol da seleção brasileira contra a seleção peruana em Lima, Peru. Deu tanta raiva, mas tanta raiva, que no trailer do bigode eu gritei "Peru neles!". Enfim, poucos amigos...
É algo inexplicável essa carioquice sem vergonha que vem fazendo festa no Maracança, que vem ensinando o que é paixão, que não tem ligado para a reafirmação da fama de que carioca é relaxado e só quer saber de praia. "Carioca é tudo folgado", me disse a mineira. E eu não discordo. Sou rubro-negro e muito folgado mesmo. Te mete com esse mar, esse verde com sotaque de beleza, esse sol amarelinho, esse céu de cetim...

sexta-feira, novembro 16, 2007

Meu terno negro


Contigo aprendi a ser menos misterioso. Não tem funcionado nenhuma tentativa de criar um jogo. Vou ao teu encontro com milhões de idéias para agir, maquear o que sou e sinto. No ato nada acontece. Têns o poder de me fazer ser sincero. Tranforma minha alma em minha roupa. O que vê é aquilo que sou. A minha vulnerabilidade você conhece toda. Até minha fraqueza e minha força.

Certo dia quis uma sessão de verdades. Quis tacar-me na parede, beijar meu peito pouco peludo, puxou levemente os cabelos, quis arrancar minha roupa. Era minha alma ali. Mais uma vez me viu de verdade. E nem senti vergonha. Senti pena. Fechou os olhos e disse em sussurros que eu sou lindo. A fiz abrir os olhos e confessei: EU TE AMO.

domingo, novembro 04, 2007

Fila de banco


Três horas e vinte e sete minutos em pé nessa fila. Já reparei em todos os rostos. Depois de estar aqui deixei a mente sair, voar. A linha de pensamento é burra. É sem reta, nem rumo. Uma bunda, duas bundas, prova da faculdade, professora chata, piadas com ela, sorriso de
lado, auto-crítica com minhas piadas, medo de não ser boa pessoa, receio de não ter falado tudo da última vez que estive com a amada, amada, amor, que amor, amor estranho, eu amo, jogo do flamengo. Meus pensamentos.

Fila do banco. Desgraçado momento na vida de um pobre. O odor era de feira livre. Estariam economizando energia? Nem ventilador funcionava. O calor, nossa! A gordinha à minha frente, blusa grudada de lycra - se é que era mesmo isso - de cor vermelha com duas marcas generozas de algum tipo de líquido debaixo dos braços. Não sei se sou indiscreto ou se fora apenas conscidência. Ela mirou em mim o olhar vesgo e matuto.

- Quero te dar...
Pensei. Como assim? Me dar? Sem um carinho? Sem ao menos perguntar meu nome? Pera lá. Sou gente.
- Dar?
- É. Nossa vez já está chegando. Quero te dar...
Nem deixei terminar. Que fosse a mais bela do mundo. O tesão é quebrado. Dar. Dar. Dar? Que vulgar! Só faltou perguntar se quero comer. Mas isso nem deve importar. Ela quer é dar. Confesso ter analisado novamente. Não era tão ruim. Era cheinha. E eu cheinho de vergonha,
claro.
- Minha senhora - comecei - dar assim, sem umas indiretas? Sem uma conversa? Eu não sou objeto. Tenho coração. Sou feio mas sou legal.
- Ahah, você não entendeu.
- Entendi sim. A senhora quer me dar mas eu não quero comer.
- Comer?
- Comer; dar uma borrachada; uma bimbada; um pega-pra-capá; um tchaca-tchaca-na-mutchaca...
- Eu só quero te dar meu cartão. Sou psicóloga e reparei a tua necessidade. Não é normal falar sozinho numa fila de banco.
- Ih.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Não sou um Swayze


Demos um beijo como de Patrick Swayze e Demi Moore em Ghost. Pus as duas maõs em seu pescoço, a ponta dos dedos na nuca, seus olhos cabisbaixos, minha testa na sua, celebrando um ponto de partida invisível. Desci as mãos pelo resto do pescoço desnudo, encontrei os ombros, ambos, com a mão esquerda levantei seu queixo e num beijo o cinema fez-se realidade. Não sou um Patrick Swayze e nem você uma Demi Moore mas iremos nos amando até o outro lado da vida.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Ordinário Nézinho

- Pronto, gozei.
- É amor, eu reparei. Muito bom, minha linda.
- Perfeito.
- Está sendo sarcástica?
- Não. Estou sendo sincera!
- Hm. Sacana, safada.
- Porque?
- No cú. Caramba, dessa eu não sabia.
- Nézio, você nunca sabe de nada.
- Opa, do que eu nunca sei?
- Detalhes, apenas detalhes.
- Tipo, quais?
- Do cú, por exemplo.
- O que mais?
- Sabia que quando era adolescente eu fiquei com meninas? A última vez nem faz tanto tempo. De vez em quando me arrisco.
- Já? - surpreso
- Já sim. E não foi nada ruim.
- Então vamos...
- Não, não vamos.
- Porque não?
- De verdade? Enjoei. Você podia ser mais atento.
- Mas eu pensei que estivesse envolvida.
- Até estava. Mas você perdeu a graça. Me desculpa, Nézinho.
- Poxa.
- Viu? Porque não fala "Porra" ao invés de "poxa"? Porque não foi direto ao cú sem eu pedir?
- Porra. Pronto.
- Assim?
- PORRA!
- Melhorou mas não ficará perfeito. Devia ter mais atitude. Tudo que fizer não será mais espontâneo.
- Vamos fazer denovo. Sem conversas.
- Gozei, já disse. Estou indo.
- Quer saber? Eu também cansei.
- Fica descansando aí então. Estou indo.
- PORRA! NÃO TO PEDINDO.
- Ui. Vai me machucar?
- CALA A BOCA.

...

- Bem melhor assim. Foi difícil? - diz ela.
- Não.
- Mas eu não gozei.
- E daí?
- E daí que eu quero denovo.
- Não dá. Estou indo.
- Ah cacete! Eu quero.
- Queria. Pois eu não quero mais.
- Nézinho, volta aqui. Não me irrita...
- Tchau
- Homens filhos da p...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Frases


Sou personagem de um romance interessante que eu teria escrito se não estivesse vivendo.




Shopenhauer dizia que, nos seus minúsculos detalhes, tudo na vida parece ridículo ou cômico.



Porque nem as perguntas consigo falar? Vai ver sou mesmo mais bonito por escrito.

Meme do Livro

Este meme é aquela coisa de pegar um livro que esteja lendo ou outro qualquer à sua frente.


Abra a página 153
Procure a 6ª frase completa
Poste essa frase em seu blog
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E cá estou debaixo de chuva ligeiramente empolgado postando a frase.



- Meu caro Zig, o senhor é especial. (Zig é Zigmunt Freud, o psicanalista)

(Quando Nietzsche chorou)



Agora vou repassar para a Letícia (http://www.cuidadoaoentrar.blogspot.com/), Robertinha (http://www.emalgunsinstantes.blogspot.com/), Erika (http://oncoto.erikamurari.com.br/), Mariliza (http://tempodesaturno.blogspot.com/) e Girassol (http://omeugirassol.blogspot.com/)


Boa leitura, galera!


Claro, à convite da linda Daniduk (www.blog.daniellakai.com)

segunda-feira, outubro 22, 2007

Eu

Quadrúpede ridículo.
Um mamífero ignorante.
Um primata indesejável.
Um repugnante ser
Um rastejante imoral
Um animal.
Mas eu me amo
O coisa normal.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Por Parte de Pai

Dezenove anos com muitos sonhos. Magro, de óculos, pálido, agradável. Uma vida sendo aberta pela frente, um clarão de que se tem notícias nos melhores momentos da vida. O chevette 79 na garagem e suaves prestações na conta. O ano era o de 83. Só vivendo à época para saber o quanto era incrível ter um carro tão atual. Um carro de quatro anos atrás? Cheira a novo, dizia. Trabalhava como desenhista em uma grande empresa. Não me pergunte o que era ser "desenhista". Vale dizer que é o equivalente ao engenheiro dos dias atuais. E, principalmente, estava se casando naquele ano com uma mulher incomparável com qualquer habitante do universo. Após um bom tempo de namoro, um satisfatório tempo de noivado e o tempo que fosse a ser incluso, era o tempo ideal, a estação perfeita para o trem do amor fixar moradia. Todos os sonhos românticos de um tempo bom estava acontecendo. Em casa era comum. Eram sete irmãos sob a tutela do Senhor Jorge e da Senhora Ieda. Uma estupenda família como a minha, a sua e a de quem lê.
A felicidade por completa estava com data e hora marcados para início. Dia 03 de dezembro do ano corrente, 1983. Fosse um desfile da Beija-Flor de Nilópolis o campeonato estaria decidido tamanha felicidade e brilho do casal e do casamento. A semana precedente ao casório fora normal, corrida, ansiosa e animada. Flores para a igreja, buffet, convidados, lista de presente nas lojas, vestido, terno e tudo mais.
Aos 11 anos, Ronaldo sofreu um acidente de carro. Um acidente nada fatal. Uma batida alheia que o fez bater com o peito no painel do veículo. Após o acidente surgiu algo no coração. Uma espécie de sopro, um vácuo. Toda vez que praticava esporte sentia-se mal. Um cansaço fora do comum foi notado. Exames detectaram um problema no coração. Uns diziam ter pouco tempo de vida. No cerne da verdade haveria de fazer operações de cinco em cinco anos ou tomar remédio para o resto da vida. Eram restrições terríveis para o resto da vida. Preferiu a segunda opção tendo como conseqüência não poder haver esforço físico. Uma vida inteira assim.
Cedo. Sete e pouca da manhã. Dia três de dezembro. O dito rapaz corria de lá e de cá. Não casa-se todo dia com a mulher da sua vida, dizia. Seu Jorge pedira, tempos antes, que se fosse o caso de morte, que a vida o levasse no lugar do filho. Achava cruel ver uma vida tão plena ser tirada assim, injustamente. O casamento estava prestes a começar. Desde cedo Jorge não parecia nos seus melhores dias. Ronaldo arrumou-se, aprumou a flor no bolso da frente do terno e correu para a felicidade. A benção pai e mãe.
A cerimônia começou. Seu Jorge e Dona Ieda não apareceram. Aliás, Dona Ieda apareceu e ficou tão pouco que sua ausência fora mais notada que sua presença. Após o casamento a pior notícia sussurrou em todos os ouvidos. Seu Jorge havia falecido. Seu coração atacou talvez pela emoção ainda em casa, sentado ao sofá, sozinho com sua esposa. Não pôde ver o casamento do filho. A causa? Coração. Exatamente o problema do filho. Só que seis meses antes todos os exames comprovaram a saúde impecável e o coração de criança, jovem e forte de Seu Jorge. Não havia nada em seu coração.
Pouco tempo depois novos exames em Ronaldo não detectaram qualquer anormalidade sequer. Estava curado e ninguém sabe explicar como. Dona Ieda contou uma promessa de Jorge: No dia que meu filho tiver de partir, que eu vá no lugar. No dia do enterro sua recém esposa prometeu que o nome do primeiro filho seria Jorge.

Meu nome é Jorge Thiago Ladeira Kuerques, filho de Ronaldo e Cristiane, neto de Eloísio Carlos e Francisca França por parte de mãe e de Jorge e Ieda Kuerques por parte de pai.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Sujeito de sorte

Sujeito de sorte esse tal de Thiago Kuerques. Vou falar dele, de fora, do alto, do que é escutado. Assim mesmo, resume tudo. Sorte. Pode ser que se machuque hoje à noite, pode ser que o amor seja negado denovo, pode ser até que seu salário atrase novamente. É um sujeito de sorte. Um sujeito por ora chato, outras sarcástico, quase nada narcisista, calado, bem palavreado, preguiçoso, apaixonado pela vida. Um sujeito assim, que não sabe cozinhar, é viciado em meia dúzia de palavras, aprende fácil, que tem mania de conselheiro, um doce.
Um sujeito que é o netinho da vovó, o filhinho da mamãe, o orgulho do papai, o safado da empregada, o danado da rapaziada, o tarado lá da sala. O sonho de consumo, o que é quase nada. Um sujeito sem jeito. Um sujeito que come muito e quase pouco. Um sujeito do mundo todo, pequeno e grandioso.
Um sujeito que se apaixona devagar, o que não é demorado. Um sujeito nem feio nem bonito, nem sedutor nem amargo. Um sujeito atordoado que é amado; que tem bem amado. Aliás, um sujeito que tem bem te amado. Um sujeito normal e diferente. Um sujeito cheio de predicados. Sujeito de sorte esse Thiago Kuerques.

domingo, outubro 07, 2007

Vidinha mais ou menos


Ah, bendita normalidade que nunca se apresenta à minha porta.
Fosse coisa morta
saberia o repouso da sua horta.
Pare de galhofa,
me dê a chance de conquistá-la,
me dê a poesia perfeita,
o minuto perfeito,
o espaço divino no tempo,
o sorriso sincero de um bom sujeito.
Tem jeito?

Senhora razão deixa de lado o sermão,
cuide do político ladrão
e me deixe resolver coisas do coração
com a menina emoção.
Deixe eu me apresentar como homem,
deixa eu tentar fazer o sentimento sobressair sobre o racional.
Me cobre, se lhe convir, futuros dividendos
que, eu, lá na frente, feliz,
terei riqueza suficiente
para pagar a tua vidinha mais ou menos.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Primeiro Encontro (Fim)

Morar sozinho é coisa pra poucos. Sem dúvida, poucos homens saberiam lidar com isso. A casa está terrível. Pior que ela apenas o meu humor. Sei como as mulheres se sentem quando tratadas como objeto. Ontem fui o uso, hoje caí em desuso. Decidi desistir. Não arrumei nada, deitei.
Beijo. Que beijo. Que beijo o quê? Nem foi tão bom assim. Só por ela ter uma boca com os limites bem definidos, fina, rígida onde deve ser, flácida onde deve ser, assim bem deliciosa? Só porque ela não é grande, não é nadinha feia e nem um pouquinho encantadora? Não é por nada mas porque ela fora embora? São quantas dela então? Seriam duas? Três? Seria casada? Insana? Gêmea? Era Sofie, um tipo de mulher que só se conhece uma vez na vida.
Cinzas eram o ar e aquele resto de bilhete ao chão da sala. Apenas uns pedaços do papel foram salvos. E diziam:

"...Ric...", "...igo. Não...", "...enc...", "...espere."

- Ric. Igo. Não. Enc. Espere. S.Igo. Ric.S. Não espere. Claro! Sofie foi uma dama ao me avisar para não esperá-la. Homens. Romantismo. Morre o meu poema, nasce a minha acidez. Ao menos fora digna. Quer saber? Vou varrer essa história.
Pontualmente seis e cinqüenta e nove minutos daquela manhã. O cheiro de sofie entranhado no seu corpo não saía com aquele banho. Sabonete. Shampoo. Creme. Condicionador. Loção. Sem noção. A água que deixara o corpo quente entrava em choque com o chão gelado. Nu, diante do mesmo espelho em que notara suas marcas do sexo divino, reparava no estado ridículo em que se encontrava. Uma gota caminhava desde a franja, miúda, passando pela testa, sombracelha esquerda, acima do nariz, canto direito do nariz, bochecha, boca, queixo, chão. Apareceu mais uma. E outra. Mais outra. Eram lágrimas. O choro acanhado de um homem.
O cheiro permanecia. Dindon. Quem seria? Cinco minutos para a campainha parar de tocar ou me permitir um tempo suficiente para desfarçar o estrago que Sofie fez ao meu rosto.
- Sim? Sofie?
- Demorei? Leu meu bilhete?
- Eu...
- Não leu? Dormiu demais, é? Não quis te acordar. Agora feche os olhos.
- Eu...
Caminhamos até o sofá ao fundo da sala, passamos pelo tapete branco e peludo. Eu, vendado pelas mãos dela e pela minha vergonha.
- Seu rosto está diferente. Mesmo assim continua como gosto.
- É o sono.
Foram mais cinco minutos. Ela desapareceu do meu lado. Não abri os olhos nem por curiosidade. Ela faria o que quisesse. Estava atordoado em ter queimado o papel e ter pensado tudo aquilo. Até chorei. Ela pediu para abrir os olhos. Estava surdo. Repetiu e eu abri.
- Gostou?
- Um sonho.
- Também tem. Além de sonhos tem suco, bolo de laranja com cobertura de chocolate, bombons, queijos, leite, biscoitos, morangos, maçãs, uvas e tudo mais. Vamos.
- Nossa. Mas é grandioso. Muito. Muito obrigado.
- Me agradeça com um beijo.
Mais um daqueles beijos. Ao separarmos as bocas Sofie reparou no resto do resto de cinzas no chão da sala.
- Andou fazendo fogueira?
- Não, eram uns papéis.
- E que papéis picotados são esses?
- São...
- "...Ric...", "...igo. Não...", "...enc...", "...espere.". Você queimou meu bilhete?
- Sofie...
- Não. Pensei que fosse diferente. Pensei ser homem. Pensei que fosse o homem.
- Fora uma série de enganos da minha cabeça. O que dizia o bilhete?
- E foi o maior engano da minha. Dizia "Ricardo, não se preocupe comigo. Não se preocupe conosco. O nosso encontro foi maravilhoso. Saí para resolver algo nosso. Me espere. Beijos". Pena você ter interpretado o que quis.
A vida me surpreende. Dindon. Atendi a porta reparando nas lágrimas recolhidas aos olhos absurdamente negros dela.
- Senhora Sofie? Violetas em nome do senhor Ricardo.
- Obrigado.
- Violetas?
- Violetas para encerrar todo mal entendido e, agora sim, começar a vida.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Primeiro Encontro (Continuação)

A visão turva começa a clarear. Me sinto leve. A vida pudera assim ter sentido. Seria precipitado chamá-la de mulher de minha vida? O amor permite exageros. Seria amor? Mais um exagero então. São as nuvens de maio tocando o outono com frutas suaves. São dez horas matinais. É cedo. Podia dormir mais, esticar o sonho bom. Abro os braços espaçados no momento mais confortante da minha cama. Ela não está. Como surpreendera antes, devia preparar o café. Sinto até um aroma diferente. Fervente, indigente.
Nossa! Que bagunça belíssima. Olhe ali minha blusa branca toda amarrotada como a minha cara, coisa falha essa barba. São sapatos, chinelos, meias, lençóis, até um botão perdido da camisa ali notei. O bom desse momento é achar tudo belo. Dizem que o homem não telefona ao dia seguinte. Eu juro que telefonaria se não estivesse aqui tão perto dela. Ainda sinto o cheiro. Sabe a cor do metal quando em fogarél? Aquele avermelhado vivo. É assim. Sou um metal, perdoa ser leigo em química, absurdamente evaporando, liquefazendo, derretendo, amando.
Uma boa idéia. Uma surpresa. Mandarei entregar flores em minha casa o quanto antes. Violetas para ela. Morena meio branca esculpiu em mim os pecados mais virtuosos. Bombons, cravos, doces. Ventilador quebrou, o filme nem acabou e o beijo na boca fora apenas a primeira parte do corpo em que as bocas tocaram. Vou buscá-la.
Sorrateiramente. Assim mesmo. Planando a favor do silêncio. Banheiro, corredor, escadas, varanda, espelho. Estou demarcado. Um arranhão delineado sob o cóccix. A tundra de mim deve estar com o odor dela. Temos provas. Cozinha. Deverá estar lá.
- Sofie? Sofie? Não se esconda. Sofie?
Cozinha arrumada. Sala, só pode. Nada dela. Deserto.
- Sofie? Não se esconda.
Noto algo diferente. Um bilhete amarelado dependurado à porta. Peguei-o.
- Ah Sofie.
Dobrado na palma da mão, estudei seu cheiro ao longe, corri os dedos pelas esquinas da folha. Um papel como lembrança. Foi-se. Ao menos sem dar adeus.Queimei o papel. Me arrependerei, sei, melhor assim.
- Ah. Sofie.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Primeiro encontro

Dez horas matinais. É tarde. É tarde pra uma manhã calorosa. O dia. Ela vem. Lavar a louça de ontem, varrer a casa inteira, fazer brilhar o chão, arrumar a mesa, o toalha mais desenhada. Velas? Seria bom? Duas ali, duas aqui. Música. Roupa Nova é uma boa pedida? Desfaz a mesa. Refaz a mesa. Ela vai gostar. Ela vai gostar?
Macarrão. Molho vermelho. Queimei. Treze horas já. Talheres de prata, meia luz. Arruma daqui. Arruma de lá. Limpa o chão do molho caído. Perfuma o já perfumado. E eu?
Bermuda ou calça? Calça. Blusa. Azul ou laranja? Branca, pronto. Descalço. Estou em casa. Um filme. Ficção? Ação? Romance? Tem comédia ali na estante. Todos então. Sofá arrumado, estante e tudo no mais, correto. Uma lareira seria belo. O ar-condicionado pra refrescar o coração acelerado.
Din-don. Treze horas e vinte e cinco minutos. Nada feito. O olho mágico denuncia ela num vestido negro, matador como as sombras dos olhos, uma maquiagem que tirarei num banho. Atendi a porta.
- Mas eu não arrumei nada. O macarrão queimou. O molho sujou. Perdi a hora. Não me arrumei. O cd do Roupa Nova tá arranhado. Confesso, estabanei no nosso primeiro encontro.
- Nos conhemos a três semanas. Esse não é nosso primeiro encontro. E eu adorei não ter dado certo como planejou. Agora faremos o nosso encontro.
- Adorou? - semblante espantado e admirado.
- Sim. Um ventilador no lugar do ar-condicionado. Um filme qualquer, será coadjuvante. Uma comida pedida ao telefone para ganharmos tempo para olharmos estrelas, por exemplo. E sem mesa. Comemos estendidos ao chão, se permitir, claro.
Um beijo encerra a conversa e começa a vida. O primeiro encontro.

domingo, setembro 23, 2007

Pequena Nota Musical


Estou fazendo uma cara de sexta-feira treze.

Morro de rir comigo mesmo

Ao notar que ultimamente sou alguém

Cheio de referências

Referentes a porra nenhuma.

É apenas um salto no assalto,

Uma espécie de suspiro antes de um pulo.

Um pulo parado no mesmo ponto.

Ah, eu fico tonto.


quinta-feira, setembro 20, 2007

Conversando com Pessoa


Estou passando por uma fase que, como bem disse Fernando Pessoa, chamo de crise. Fosse na agricultura, disse Pessoa, estaria passando por uma "crise de abundância". Aquela mulher faz assim comigo. Faz até pôr seu nome em meio às palavras que escrevo, coisa que raramente fiz. Ainda mais um nome proibido. Faz abundar a inspiração. Faz usar palavras nos locais certos, faz escrever em poesias até o mais banal dos fatos. Vai ver é por isso que estou mais perto do meu sonho. Pessoa iria adorar conhecê-la. E eu adoro esse meu privilégio.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Guerra de brinquedo

Corna cronologia. Nascer, crescer,guerrear e morrer. E a guerra é feroz.
É apenas o início onde os combatentes dispões suas armas. A grande guerra está apenas começando e eu já me sinto com uma bruta vantagem. A vantagem maior é minha. Me acham fraco.
E tenho comigo que no fim direi que entre mortos e feridos salvaram-se todos.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Sou sua banda


Quero ser seu artista
Cantar para você
Ser sua banda
Seu guitarrista
Seu todo
E olha que até me esforço pra ser bom
E olha que até me esforço pra ditar o tom
Do quanto te amo.


(Poema espontâneo de uma época da minha vida)

quinta-feira, setembro 06, 2007

O bom estúpido

Preciso cometer uma boa estupidez. Cometer comedido, claro. Mas que estupidez é comedida? Eu sei das cometidas, e só. O controlável desejo de ser o mocinho do meu filme às vezes se descontrola, perde o rumo e sai correndo sem direção até eu perceber que o derradeiro eu é descontrolado, absurdo e estúpido. Um adorável estúpido só pra sair desse marasmo.

domingo, setembro 02, 2007

Poemas e promessas

Poemas e promessas

Os poemas e promessas
Ó, as suas palavras meça.
Aos rabiscos da tinta invisível
Ó céus, cai chuva demais.
Aos outros poemas que escrevi
La no aconchego
Chega de entendimento
Onde estão as ausências?
Pretenção sua, meu amigo
Volte
Vote nisso
Que o ideal da poesia do Leoni
É o mais viável roliço
Ente invariável
Volte
Habitat de águia
Nao é o ninho
E sim
O céu.

sábado, agosto 25, 2007

Boa morte dela

Reparo as coisas erradas quando sinto que a morte sente pena de mim. A morte, certa vez li, ouvi e vi é piedosa, meiga e tem pena de mim. A fuga daquele clichê que a traduz "cruel, sádica e fria" fez surgir holograficamente uma morte en persona, morena e faminta, honesta e bela.
Penso, nada mais justo. A vida torna-se valiosa sobretudo pela existência da morte. Os contrapontos, como a teoria econômica da livre concorrência, é que valida um e outro. A morte valida a vida, o Faustão valida qualquer filme, o avião recentemente validou o ônibus, este valida os trêns. que por sua vez validam qualquer caminhada.
A morte é bem boita e dizem que não é. Ou não é aceitável que a morte seja uma mulher linda, ética e bem-sucedida?

segunda-feira, agosto 06, 2007

Livreiro


Inspira o leitor a arte de não saber, ou saber cegamente. O sim por si só, dizia que não o tempo todo. Ele induzia. E trazia de volta. Traiu ou não traiu? O meu professor de "teoria da conspiração" foi ele. E como uma arma da Idade Média ele machucou, ou adentrou no meu castelo de repugnância e tolice. Um Machado. Um Machado de Assis.Devo ler pela trigésima quinta vez Dom Casmurro e chegar à óbvia sensação de que mais que traições, a dedução da mente humana é o que reina.

terça-feira, julho 31, 2007

Friaca

É no frio que todos ficam mais elegantes.
É no frio que o carinho fica ainda mais gostoso.
Ou é apenas impressão minha?

Rio de Janeiro, 30/07/07 - 9,5 °C

É no frio que os mesmos cidadões à margem de estatísticas morrem. Infelizmente, não morrem apenas de frio.

domingo, julho 29, 2007

Naturale

Vou deixar fluir. Vivendo sob distribuição de migalhas ao chão. O que quer que seja não será tão intenso. A plenitude não me abraça mais. E vou seguindo.
Tive que saltar do ônibus num ponto diferente. Era chuva. O asfalto brilhava enxarcado refletindo a luz dos postes de energia. Era a mesma caminhada rotineira de um ano atrás. Aquelas avenidas, passarelas, os cantos do chão que eu conhecia e tinha prazer de ter reconhecido ontem me remetem às memórias mais felizes. Fato que me deixa triste. Nada volta a não ser que eu morra congelado preservando os sonhos vividos, esquecendo o tempo que tenho para criar outros novos e possivelmente melhores sonhos.
Ouvia Vanessa da Matta e sua nova canção aos ouvidos naquele que chamo de "egoísta", o fone de ouvido. Já reparou quantos "egoístas" existem? Velhos, novos, pobres e qualquer outra distinção. Todos andam egoístas com seus fones ao ouvido. Eu sou um. Talvez me escondendo do resto. Minha música, só minha.Reparei no frio. Chuva fina, fina tristeza. Meu amigo, era tempestade dentro de mim. Não é certo sentir falta de quem se foi.
Então continuei despejando migalhas ao chão. Migalhas, ao contrário do que parece, não é sinônimo de esmola. Migalhas os pombos adoram. Esmola Skank adora. Esmola o país inteiro odeia. Sente o paradoxo? E continuei nas migalhas.Não reparei que estava me escondendo. Nem reparei que tinha deixado rastro. Quando se deixa migalhas não há surpreensas quando o povo aparece.

terça-feira, julho 24, 2007

Aur Revoir, inveja!




Hoje debati comigo mesmo o que é inveja e o que tenho comigo. Até aquele momento eu não sabia (ou jurava que não tinha) inveja de nada e nem ninguém. Errado. Sinto e sinto muito.Estou aqui nu em frente ao monitor reluzente e confesso que sinto invejas. De início inveja é uma coisa bem simples: você vê e vê melhor ou pior; se vê pior, sente-se bem; se vê melhor, inveja. A inveja é culpa dos olhos, nossos.Temos que aprender e apreender a parte do manual de instruções que nos dão quando nascemos e que escapa no bom exemplo dos pais (quando deixam de devolver o dinheiro do troco errado, quando ultrrapassam o sinal vermelho, quando se orgulham quando os filhos são espertos diante dos amiguinhos). No manual, tópico 1, parágrafo 4º, está dito que devemos ser felizes conosco, entendermos que há piores e melhores, e antes de tudo, que os melhores podem ser infelizes, e os piores mais felizes.


Invejo tanto que já esqueci de tudo.Aur revoir, Inveja!

sexta-feira, julho 13, 2007

O meu esporte

Caramba, contagiante aquele menino querendo fazer atabalhoadamente o seu melhor. Pra mim era mesmo o melhor jogador do time. Era o seu primeiro campeonato na vida, o de futebol no colégio. Eu gritava demais, torcia tanto. E ele respondia dentro de campo. O jogo seguia empatado. Lá por volta dos últimos segundos a bola foi perigosamente para perto de onde não podia. A danada da bola batia de lá e de cá que nem meu coração dentro do peito querendo sair pela boca a qualquer momento. E eu gritei mais ainda. Num equívoco do destino, coisa cruel, a bola bateu na perna esqueda dele e entrou. Entrou contra. O time dele perdeu o campeonato por um a zero com um gol contra daquele menino, meu menino. Aquela imagem do gordinho vestido com um uniforme azul-claro, bochechudo vindo em minha direção cabisbaixo cedendo involuntariamente àquelas lágrgimas marcou a minha vida. Me abraçou bem forte.
- Desculpa, Pai.
Por dentro eu chorei demais. Chorava mais que ele. Meu choro de perda ou de ganho.
- Eu...
Eu não falei nada mais que um abraço sincero de pai.
Choramos outras vezes mais. Na Copa de 1994 quando o Roberto Baggio, aquele italiano, mandou a bola pra fora do estádio e a felicidade pra dentro de nós. Foi um choro de emoção.
Na final da Copa Masters de barrigudos lá da empresa eu estava jogando. Meu filho do lado de fora olhando. A disputa foi para os pênaltis. Eu era o último cobrador. Fiquei tenso, claro. Meu filho com os olhos arregalados. Chutei...e perdi o campeonato.
Senti um vazio, uma incapacidade sem igual. Uma vergonha de não ser invensível aos olhos meninos. Senti também uma mão tocando a minha.
- Pai, você é o melhor jogador de futebol do mundo. E melhor pai também.
Agora entendo, depois de quatro décadas de vida que há sempre alguém torcendo por nós, até nas derrotas.
Bem-vindos ao Pan-2007 e se permita chorar com o esporte.

terça-feira, julho 10, 2007

Minhas sete novas maravilhas


As minhas sete novas maravilhas do meu mundo (pós) antigo/moderno/conteporâneo:

1. Música. A vida sem trilha sonora é um filme ousado e triste;

2. Pipoca abraçado com alguém, vendo aquele bom filme;

3. Luis Fernando Veríssimo;

4. Jogar futebol com os melhores amigos na chuva, sem hora pra acabar;

5. Fazer qualquer coisa muito bem feita. Poesia, atividades no trabalho, um favor, resolução de problemas, descobertas, segredos;

6. Matar saudades, amar de uma forma diferente; Conhecer gente; Sexo pra fazer as pazes;

7. Brincar de ser criança com os novos velhos amigos seja na chuva, na rua, na fazenda ou numa casinha de sapê.


E que assim seja! Mas faltaram tantas... ei Tio, podem ser trinta? O mundo é uma grande maravilha cheio de detalhes maravilhosos mesmo.
Parabêns Cristo Redentor. Ganhou e eu nem votei.

domingo, julho 08, 2007

Crise do meu luxo


É porque quando estou com uma pessoa, estou com todo mundo. E quando estou com todo mundo não estou com ninguém.
Num mundo com bilhões de pessoas, sentir-se só é um luxo.

quarta-feira, julho 04, 2007

Meu filho dirá...

Estou grávido. E isso me deixa pensante...
Somos reinterpretações do que há por aí mais visível - e não necessariamente bom. A cada atualização as culturas perdem força, se esvaem. Sigo em suposições.
Meu filho dirá, daqui a um punhado de décadas, "no meu tempo era melhor". O tempo dele é - eu não tenho filhos ainda - o da comunicação instantânea, sexo em massa, relações superficiais, planeta em brasas. E será natural. Se nascer na favela, entenderá certas particularidades da violência como "naturais". Meu filho, prossigo no raciocínio, não terá a percepção de "melhor" ou "pior" analisando o namorinho de portão, a época das cartas por correios, dos desenhos animados realmente infantis, do futebol na rua, da queimada e do pique-bandeira."No meu tempo era melhor" os meus pais me dizem, eu direi para meus filhos, que por sua vez dirão aos filhos deles. Ou seja, a tendência é piorar. Ou, no mais, a nostalgia, a - agora sim - explicação para a busca da juventude eterna, nos remete à sensação de constante saudade, sensação de vazio quando tratamos do presente, presos aos nossos museus, deixando passar o que pode ser feito de inesquecível aqui, e agora.
E perdemos assim a identidade já perdida a tempos atrás.

___

Me desculpem aos amigos. Ando tenso, passando pela fase de Tensão Pré (Pós) Provas. Irei respondê-los em seus comentários depois de esganar a professora obscuramente criteriosa que tenho.
Tô brincando. Mas repondo logo.

domingo, julho 01, 2007

Um brinde Tin-Tin

Um brinde ao que tem de melhorAo que tem de pior (que só existe porque há o
melhor);A quem canta musicas, e a quem descanta
também;A quem vive alegre e sem vergonha de ser feliz;
Ao Papai Noel que invento pros meus primos acreditarem; Ao mesmo Papai Noel que mandou avisar que vai chegar la pro dia 27 por causa da crise da aviação;Às cegonhas que vão atrasar nascimentos pelos mesmos motivos;
Aos blogueiros que encostam sem saber no coração; À mim por sorrir com meu pai. Aos amigos que farão de tantos carnavais e reveillons especiais; À mamãe que botou essa coisinha no mundo. À pessoa que já me fez sorrir apaixonado e a que amarei loucamente (apesar de não
conhecê-la ou , se a conheço, não sei que me fará assim);
Um brrinde às pessoas que cravaram seus pés na calçada da fama da minha vida e às que
cravaram na calçada da fama de outros, na dos amigos, na dos amigos dos amigos; Às irmãs, melhores amiga, amigos, colegas e orkuteiros, blogueiros, pedreiros, sangue-sugueiros;
Um brinde à quem ta longe, à quem ta perto, à quem tá e não sabe, à quem nem tá e nem
sabe.Um brinde enorme e com gosto ao minuto que passa, à torcida, à barbaridade, à palaçada;
Um brinde ao inimigo e aos feridos;
Um brinde ao futuro, ao passado mal passado
Um presente repassado,
O presente.
À você um brinde de quem não bebe e conta história.
"Tin-Tin"

quarta-feira, junho 27, 2007

À Rua Candida Menina

Você chegou lá toda prosa e eu todo verso. Foi entrando na caverna e eu naquele prédio. Perguntou a hora no relógio digital, mas quando vi a hora pela posição do sol tu ficaste mal. De tanta vergonha pediu pra ver TV e eu queria apenas ver no teto espelhado eu e você.
A cueca foi parar dependurada na janela numa espécie de provas visuais para quem visse de fora. Sua calcinha ainda não se sabe onde foi. Talvez por ser pequenina demais. Você veio com a mão gélida e eu com a boca fervente. Foi descendo mais e eu no final das suas costas. Na borda e no interior, nas cócegas e nos calafrios.
Você me tocou toda deusa e eu todo pobre, acima do muro do prazer abri seu cofre. Quero que grite mas quero discrição. Quero alardar, todavia nem me irrita o seu silêncio.
Eu te toco forte e você suave. Sobe os lábios até marte. Foi encaixando as coxas em mim, eu encaixando o peitoral em você. Punha os olhos fechados, e eu amava você. E amava...
Eu debaixo e tu nos céus. Prova de amor no motel dos réus. Saía sorridente e eu aparente. Fui pra poesia e você versificou por aí. Eterno amor se tornou meu. Virou a esquina e se perdeu.

domingo, junho 24, 2007

Um pé-de-vida






Aquele cheiro desafinado de penitência no ar ainda é notado. Só não se sabe penitência pelo quê. Nem sei se há crime à altura de tal penitência. Meu senhor, à propósito, padecia bem na medida em que pior só se nem pudesse mais abrir os olhos. Cheguei na metade da tarde de domingo, no meio do horário de visitas. Não queria ir desde o início. Tenho o argumento de querer guardar na mente a imagem do velho falastrão, contador de piadas, careca, sorridente e cara-de-pau que estava nessa boa rotina a tão pouco tempo. Anteontem mesmo reclamou que se dependesse de mim não teria bisneto tão cedo. Diz tanto que sou cobra sem veneno, que morde mas não marca. Ah, velho.Aquele ar melancólico de estúpida sensação de invalidez, dos pêsames, do incrédulo olhar de quem atende a quem é atendido. E, pra primeira impressão, um prédio alto e organizado a base de cabisbaixas cabeças. A ordem era calar e esperar.O INCA não é feio, nem bonito. Mas é diferente. Nem sei se por ser o maior da América Latina. Enfim. Dois por vez. E subi com minha mãe. Cruzamos dois corredores vazios, entramos no elevador até o sexto andar. Lá sim começou. A cada portela um retrato diferente. Era alguém que mal se mexia, outro com tubos pra lá, mais um com as pernas estranhas. Eu não identificava nada. Chegamos ao 633. Vi os outros três pacientes, um deles sem olhos, o outro com o rosto todo enfaixado. Era o sol, dizia uma voz inconsciente no meu consciente.Entre duas camas, sentado à vontade lá estava o coroa. Nem tão mal quanto imaginei, nem tão bem como sempre vi. É câncer nas cordas vocais originado de um fumo compulsivo que teve durante grande parte da vida. O principal da história é que foi descoberto a dois meses depois de ter parado de fumar a 15 anos. Tinha um grande curativo envolta do pescoço, um canudinho saindo pelo pescoço. Não podia falar. Daí eu falava, falava...e ele apenas no gestual. Um homem entrou e começou a falar através de gestos também. Só não reparou que meu avô está mal da garganta e não do ouvido. Brinquei, claro. Saudável.Uns minutos mais. Desci. Acabou a visita. Amanha ele já está em casa. A fala volta em um mês. Mesmo assim já andou reclamando que com tantas enfermeiras ele dorme ao lado de um homem. Meu velho e o sofrimento sorridente. Por hora, a eternidade continua. Um pé-de-vida que ainda cresce. Viva!

quarta-feira, junho 20, 2007

Nor...

...mal. Muy mal.

Lembro da série, da fina ironia de que "Os Normais" eram os bitolados da
vez. O que é normal? Diga-me quem é normal que te direi que não és.Não me peça pra pensar como um homicida para entender a sua visão de
normalidade de um crime. Matar é anormal, ou já se tornou normal demais pra
ser barbarizado. Um corpo estirado já é tão normal quanto uma folha de
bananeira caída. "Acontece...", diz a ironia dos céticos.Eu não vou à faculdade hoje. Está em greve novamente. Contei à mamãe. Ah,
e ela fez uma cara de normalidade (ou cara de cú em dia de frio suado, como
diz meu afilhado). E é natural. Faculdade e greve. Normal seria passar um
ano com aulas. Normal.Menino com menina: normal. Menina com menina: anormal. E pra uma dessas
duas meninas, estando feliz, normal é. Morte: normal. Morte de ente querido
gera tanto choro que eu me pergunto se quem inventou isso está errado. Pra
mim está. O normal é relativo mas nem o relativo é normal.Normal é as coisas acontecerem como sempre foram mesmo que a um bom
tempo atrás não terem acontecido da forma como acontecem hoje. O habitual
é costume. Então não me chame de normal, sou insano. Então o normal, por
esses tempos, é o costume a longo prazo.Pra normal, sugiro mais. Sugiro que vejas que tem tanta gente diferente, que
todos são diferentes. E assim sendo, ser diferente é ser normal. Tem tanta
gente excentrica por aí que ser excentrico, ou louco, ou desmiolado, é normal.
Somos todos os normais às avessas do que nossos avós entendiam por normal.Pra mim, normal não é nada. Normal é uma coisa de outro mundo esperando
tradução e, porque não, por comentários dos meus belos normais.

segunda-feira, junho 18, 2007

Soul Cópia


Uma música de mal gosto.


Sou alguém criativo até. Mas não tenho mérito. Isso foi superado. Aliás, o que vale mais? Mérito ou êxito? Então, faça qualquer coisa e se dê bem. Não precisa ser do melhor jeito. E não tenho método. Isso morreu. E não tenho eu.

Eu não sou mais eu.

Sou cópia dos que admiro. Apenas um mal moldado que se fantasia do ídolos. E nem precisa ser ídolo. Basta ser bom. Sou uma xerox desavisada do eu queria ser e nunca serei. O que vence? O original ou a cópia mal fabricada? Óbvio. A cópia mal fabricada. A arte morre, agoniza. Pra quê? Isso morreu. E eu nem arte tenho.

De que vale profundidade se a superficialidade é o que há? Sou superficial, sim. Tudo se tranforma. E eu me tranformei num estúpido poeta que não sabe nada de inspiração, esse bicho cheio de novidades que escapam das minhas mãos.

sábado, junho 16, 2007

Conversa de prima nem tão pequena assim

- Gente, eu acho que a falta de água é por causa das pirâmides. - disse minha prima pra um punhado de três outros pequenos primos, que não são tão pequenos assim.
- Quê?
- É sim. Eu posso explicar a minha teoria.
- Duvido...
- Parece doideira, mas de acordo com a minha teoria, é verdade. Assim, vocês realmente acreditam que aqueles povos foram capazes de colocar aquelas pedras gigantescas umas em cima das outras naquela época? Sem um caminhão, um trator ou qualquer coisa do tipo? Não, eu tenho certeza que não!
- Ahahah, eu nao acredito que ouvi isso.
- Vocês mesmos podem ver que as pirâmides se localizam no meio do deserto! A água lá perto é realmente bem escassa!
- Ahahahah
- Viu? As pirâmides gastaram tanta água que hoje fazemos racionamento pra economizar o gasto excessivo. - continuou
- Tá bem, agora as raízes delas se prolongam por baixo de rios e mares acabando com a água do planeta todo. - ironiza um primo.
- Que historinha simpática!
- É mesmo. Só quem não é simpática nessa história é a esfinge. Ela come as pessoas.
- Então ela é, por asism dizer, uma pedra carnívora?
- É uma pedra tarada, isso sim.
- Parem de ver TV, por favor! Rs - completei.

quinta-feira, junho 14, 2007

CAMPANHA

Gostaria de reaproximação. Do mim, por mim mesmo, feito por vocês.
Gostaria de pedir a ajuda de quem frequenta e constrói este humilde cafofo virtual para atualizar o mesmo. Gostaria de ouvir palpites para um novo nome para o meu blog, já que este "Gol feio" desgastou e nada tem mais haver com a temática (se é que já teve algum dia).

Qual a sugestão de vocês? Me ajudem, por favor a dar um novo nome pra este blog.

Grande ministra

Alguém ouviu o que a querida Ministra do Turismo declarou?


(Répórter) - Qual conselho a senhora daria para aqueles que passam pelos transtornos dos aeroportos?

(Marta Suplicy) - Ah, relaxa e goza.


Só pra constar.

terça-feira, junho 12, 2007

Minutos depois

(Selecione os espaços entre aspas para ler os pensamentos)

- Amor, se veste de coelhinho rosa pra mim?
- ã?
- Ah amorzinho, só uma vezinha.
- Não. Tá louca, amor?
- Ah é? Então tá.

"
Ele não faz nada por mim. Só um pedido. Não é o amor da minha vida, só pode.
"

Se entreolham...

"
Ela quer me testar. Pra quê me fazer pagar um mico desses?
"

Ele vai tirando a mesa. Ela vai lavando a louça.

"
Mas é tão linda. Será que eu faço?

Sei que exagerei. Quem sabe pedir desculpas pra ele?

"
E caminham em diração um ao outro...

- Amor.
- Amor.
- Eu me visto.
- Não precisa amor.
- Mas você pediu tanto.
- Mas não precisa.

"
Ela me irrita.

Ele me irrita.
"

Segundos depois...

- Vai ficar lindo. Ali na loja da esquina vende a fantasia perfeita.
- Mas você disse que não precisava.
- Estava querendo te agradar.
- Também não vou me vestir mais.
- Por favor.
"
Ele tem o poder de adiantar ou estender a minha TPM. Custava se vestir de coelhinho rosa pra mim? Tem prova de amor mais linda?

Ela tem que fazer isso. Sempre! Quando tudo está ótimo inventa algo pra me tirar do sério.

"
Segundos...

- Tá bem. Sabe que eu te amo né?
- Não quero. Durma no sofá. E não me venha com esse sorriso largo e carente que hoje não tem vem-cá-minha-nêga.

...mulheres...

...homens...

- Eu te amo.
- Também te amo.

As horas no dia doze

Às dezesseis horas do dia doze de junho verás o invisível
Saberás do que ninguém sabe
Descobrirá a fantasia das fadas
A identidade do cupido
Detestará passar dias frios sozinho
Conhecerá Carlos Drummond
Lerás poesias até chorar
E chorar, a partir daí, será um feito de dignidade.


















Já às dezesseis horas de qualquer dia de tempos futuros
Saberás que tudo termina
Descobrirá que fantasia é coisa da sua cabeça
E que o cupido é um desocupado
Detestará todos os dias
Lembrará de Drummond como um sonhador
E chorará a cada poesia de sua autoria
Dos tempos em que amava e era amado.

terça-feira, junho 05, 2007

Vinte e dois


Entre berros e sussurros escorrego na ponta passional que tem sido meus dias frios de junho. Belíssimo mês, outono cintilante, gélido e, por assim ser, tão mais quente. É onde desde sempre minhas histórias acontecem mais, onde eu deixo de ter vergonha pra dançar quadrilha, inventar festas e comemorar o que não deveria ser comemorado. É quando as pessoas ficam mais bonitas, se vestem melhor, e as roupas, casacos e tudo mais, são mais bonitos que a diferença entre corpos belos ou não.

Esperei cinco dias para me pronunciar. Em todos os anos era exatamente assim. A partir do segundo dia do mês me batia uma tal coisa má, crise existencial e perguntas martelando no dolorido consciente: o que sou? Mais um ano de vida, o que fiz?

E, no pior, a tristeza. Afinal, não é mais um ano de vida comemorado. Veja sob outra perspectiva. Veja de frente para tras. Sim, menos um ano de vida. Menos um ano pra ser vivido.

Mas o mês é belo. E a cada ano fica melhor. Tonteia os olhos, agita de cá e dali. Violenta qualquer trejeito de tristeza logo após o primeiro sorriso. É um grande dia, triste dia alegre. O vento faz baile à minha porta.

E eu, no final das contas, sou apenas mais um louco. Vinte e dois anos dia oito de junho.

domingo, junho 03, 2007

Sacanagem

Sacanagem não é tudo, mas tudo é sacanagem.
Uns dizem que não sou tudo. Outros dizem que sou tudo.
Se não sou tudo pra uns, tudo bem. Sacanagem também não é tudo.
Se sou tudo pra outros, pra estes sou pura sacanagem.

quarta-feira, maio 30, 2007

O que você vai ser quando crescer?

E quem já não foi pequeno? E quem não entrou no banheiro errado? E quem não se apaixonou pela profissora? E quem já
não teve aquele sonho louco? E pior, quem não sonhou em realizar o sonho
louco? Pois bem...


Quando pequeno sonhava em ser um grande homem, trabalhador e feliz.
Nobre homem me tornei, modestia à parte. É certo, com a visão infantil que
deveria ter ficado não fiquei. Restou os olhos por hora meio puxados, meio
esbugalhados.




- Thiago, o que vai ser quando crescer?


- Eu quero ser pipoqueiro!


- Ahahahahah


- Não ri, não. Eu andei pensando. Já que gosto tanto de pipoca e terei que
ganhar dinheiro irei, então, trabalhar como pipoqueiro. Mas minha barraquinha
será a mais bonita.






Cresci sonhando com isso. Porque não? Ganhava dinheiro e ainda comia pipoca.
Com o passar do tempo fui exercitando meu lado inventivo. E era pipoca com
bacon, óbvio. E depois foi pipoca com grill de temperar carne; pipoca com queijo-ralado, queijo minas direto na panela; sal direto na panela; até
tempero de mijo rolou nisso; sem contar que depois de pronta misturava com fandangos, cheetos ou qualquer derivado. Depois era só sentar na frente da TV e ver trapalhões.
A propósito eu teria o sofá e a TV vendendo pipoca? Quando pequeno o
pipoqueiro era o meu herói. Agora, crescidinho pra caramba ser pipoqueiro
significa ser covarde.


Meu sonho agora é ser jornalista. Mas não deixo de fazer a minha pipoquinha
de vez em quando.

terça-feira, maio 29, 2007

O último quinhão de poesia


Dona Abelha rainha
Rainha das rainhas
Dona de todos os doces
De todo meu mel
Quimeras.

Não me procure mais
Sou fraco alazão.
Perdi o auto-controle
Perdi a razão pela razão
Se for, se não...

Suma, ou sei lá
Porque não consigo sumir.
Me faz mal sonhar
Porque sonho um pesadelo gostoso.
Acordo mal.

Não faz diferença
Se me escondo na abadia.
Tu reapareces de qualquer forma
A qualquer hora
Do amor à covardia.

Não me arrependo
Jamais assim o faria.
Sei dos paraísos que embebedei
Fui de norte a sul na euforia
Do melhor beijo teu.

Mas não há mais sentido.
Pareço mais um estranho
Faço tais coisas
Que me demitem da alcunha de poeta
Desapareço onde antes aparecia.

Por favor,
Apelo ao que for.
Que quer?
Promessas? Não valem
Ou até valem demais

Que quer?
Palavras? Já as derramei.
Perdão? Já os pedi
Sinceridade? Sempre teve.
O que mais?

Não peço retorno.
A vida não permite viagens para trás.
Nem obedeço mais o coração.
Você me ensinou isso.
Quero doce no lugar do amargo. Não?

Quero vida pra ter mais vida
Minuto pra pensar no lugar do segundo impensado.
Quero leveza onde há dureza
Fazer curva onde só há retas
Ser real onde há mentirosa beleza.

E não é drama de desamado.
Recorri a qualquer mistura.
Briguei, amiguei, amiguei mais
Taquei sal nas feridas quando pedia
Que me dissesses sobre aquele jagunço.
E em cada detalhe eu sangrava
Era Jaguncinho pra lá
Jaguncinho pra cá.
E com ele Dona Abelha-Rainha podia rir
Livre, adocicada pela liberdade racional.
Padecido de um mal
Enforquei-me em minha sinceridade.
Prometi coração de pedra.
E assim foi.
Assim será?


A que instituição recorro?
No Tribunal dos destruídos?
No cemitério dos derrotados?
Quero invalidar minha promessa
Onde moram corações amarrotados.

Triste alazão.
Pra carinho nem tem mão
Sai da agonia de dia
Para um ponto e vírgula
Um jamais.

Triste alazão.
Pra voar nem tá são
Entra na conta da vida
Para um ponto final
Um Não.

De três poesias...
Um quinhão.

quinta-feira, maio 24, 2007

Se não sabe brincar, não brinca.

Desde que o mundo é mundo o homem imundo quer brincar de ser Deus. Não lhe foi dado asa, não lhe foi dado barbatana e muito menos foi lhe dado a irracionalidade. Mas foi lhe dado o raciocínio, a criatividade e a tal vontade de satisfação.

- Bem vindo, Senhor. Faça o seu pedido no balcão ao lado.
...
- Bom dia, Senhor. O Senhor já sabe o que pedir?
- Bom dia. Primeiro eu quero um cantinho pra botar as minhas coisas.
- Um cantinho? Uma bacia? Uma caneca? Te darei uma comporta redonda, que abre na metade e tem o botão de liga e desliga. Cabe coisa pra caramba. Quer?
- Aceito.
- O que mais Senhor?
- Uma lâmpada daquelas econômicas.
- Prontinho. Algo mais?
- Um saco de terra ou areia, um pé-de-qualquer-coisa, maçã, banana. Me dê também aquele aquário com todos os peixes dentro. Na verdade, quero um de cada bicho que têm aí.
- Custa os olhos da cara, Senhor.
- Eu pago. E também quero aquele bicho estranho e complexo.
- O pior? O bicho proibido?
- Sim, ele mesmo.
- Mas o senhor tem autorização?
- Tenho. Eu Sou O Cara.
-Um minuto.

...

- Pronto, Senhor. Aqui está todo o pedido.
- Muito obrigado.
- De nada. Boa sorte porque boa coisa isso não vai dar.

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Dia 24 de maio de 2007, Londres.

Cientistas britânicos desenvolveram sangue artificial de plástico que poderia ser usado como substituto em uma situação de emergência.
Pesquisadores da Universidade de Sheffield afirmaram que o sangue de plástico pode ser uma grande vantagem em áreas de conflitos e guerras.
O novo sangue é feito com moléculas de plástico que têm um átomo de ferro em seu centro, como a hemoglobina, que pode levar o oxigênio pelo corpo.
Uma amostra do protótipo do sangue artificial será exibida no Museu da Ciência em Londres, a partir do dia 22 de maior, como parte de uma exibição dedicada à história do plástico.

Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2007/05/11/295715024.asp

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A gente brinca de adoleta, de dominó, de cabra-cega, de mímica, de chicotinho queimado mas não brinca feio, não. Perdemos o controle sobre nós mesmos. Para os céticos esse "sangue moderno" é um abuso. Para os cientistas é a descoberta do "Santo Graal". Revolucinários e clássicos. Abusadinhos e conservadores. Evolução e estagnação.
Quando eu brincava escolhia as pessoas mais espertas e animadas que sabiam brincar.
Mandem avisar pra alguns aí...

Que quem não sabe brincar, não brinca.

segunda-feira, maio 21, 2007

Falou e disse

O poder da declaração é impressionante. Depende muito de quem fala, pra quem fala e quando é falado. Estava neste final de semana assistindo a um dos meus programas favoritos ( http://globosat.globo.com/gnt/programas/programa.asp?gid=51 ), o Saia Justa no GNT quando uma discursão sobre a questão do aborto no Brasil. Lá pras tantas surgiu a declaração do ministro da saúde José Gomes Temporão:
"Essa discussão sobre o aborto já teria sido resolvida se fosse o homem no lugar da mulher em questão"
Ou
"A ladainha sobre a questão do aborto não evolui porque não há mulheres na discussão".
Falou e disse o tal do Temporão.

quarta-feira, maio 16, 2007

Papinho do Papa


O Papa veio com um papinho de querer papar da nossa fé.

Para papai é preciosismo.

Para Péricles, o perna-de-pau, é piada.

Para a pessoa que vos fala é papo furado.


O Papa disse que o povo pré-colombiano esperava pela parada de catequização.

Puta que merda! Pilantragem.

Poxa, o Papa veio com um papinho de querer papar da nossa fé.

Pra papá-la tem que pagar.

Pinóquios, piranhas, palhaços persuadidos?

Pessoas, meu senhor.


Papa vai pra...

Roma.


(Desculpem-me todos. Sou ateu, graças a Deus)
Na imagem o Papa Bento XVI e o Lord Sith do último filme da série Star Wars.

segunda-feira, maio 14, 2007

Cristiane

Tu encantas no olhar de mulher,
Que apesar de menor no tamanho
Que apesar de parecer frágil,
Protege como leoa,
Ou melhor,
Que sob qualquer coisa
A qualquer hora
Contra qualquer um
No céu ou no inferno
É a mais linda mulher.
Nãe sei explicar
Me faltam palavras
É meio clichê
Acima de tudo
Minha guerreira
Eu amo você.

Ps.: Poesia oferecida para Cristiane, minha mãe. Claro, este poema acompanhou uma linda cesta de chocolates com uma surpresa dentro.
Ps2.: A surpresa? Dá-lhe uma. Dá-lhe duas. Dá-lhe três. Apenas um piru de chocolate em tamanho real. Se ela gostou? Adorou a originalidade.

Enfim, Feliz Dia das Mães.

quarta-feira, maio 09, 2007

Substitui. E ponto.

O ponto, só pra início de conversa, pode servir de beijo. Ou o beijo serve de ponto? Numa conversa áspera, logo um ponto/beijo termina tudo.
Troco um atacante por outro; uso sua barriga de travesseiro; troco pra abril as férias de janeiro; vem o meio que eu finjo ser inteiro.
Troco a cama de lugar; você em cima do meu pé pra brincar de andar; no mar sobe em mim e pula pra parecer voar; tropeça de propósito só pro meu beijo sarar.
Às vezes troco seis por meia dúzia; ônibus das cinco por trem das seis; galinha de casa por frango de restaurante; cachorra por amante.
Ou troco ABC por 123; troco o nome da professora; chamo avó de tia (e ela adora parecer mais nova); a mãe de irmã (e ela adora parecer mais nova);
Troco o a colher pela mão; o tchau pelo então; o grandão pelo anão; o primo pelo irmão; o bolo pela manteiga com pão.
Troco a hora de acordar; o turno no trabalho; o dia do aniversário; meu nome, Thiago; e se me chamam de otário...
Troco de humor; troco a música no rádio; mudo de lado no armário; troco a meia da sorte no jogo do Flamengo;torço contra o Romário;
... e o coração...
Mas a vida não é um jogo de futebol. Certas coisas são insubstituíveis. Não é um atacante num mal dia, nem um goleiro com mão escorregadia. Certas coisas ficam. Ou melhoram ou pioram.
Perduram, e são passageiras. Umas são todo o tempo, já outras faz perder o tempo.
Certas coisas nos fincam no peito.
Já outras...substitui. E ponto.

quinta-feira, maio 03, 2007

Linda nos meus 16 anos


Lembro de quando era mais eu. Era eu sendo ela, e ela era ela sendo eu. Éramos um. Dois e um. Era mais homem. Não era mais um. Lembro das facetas de quando nos entreolhávamos. Me metia a pintá-la, tolice. Era no escuro mesmo. Também, nem precisava. Ela lumiava tudo.Lembro de quando contávamos estrelas (todas amigas dela). Lembro de muito, nem tudo.

Lembro que eu era um. E ela era uma comigo. O resto? Ah, o resto pouco importava. Me chamavam babaca. E eu me chamava feliz. Agora sou dois, três, até quatro. Nenhum apaixonante. Nenhum melhor. Todos agonizantes. Do mesmo tamanho, com o mesmo rosto, e tão diferentes. Sofríveis, isso sim. Iguaizinhos nisso, sofríveis.Lembro que nunca tiramos retrato juntos, que nunca beijei nem toquei em seus lábios; sequer os vi. Mas ela sorria rigorosamente todo início de mês.

E ela reapareceu ontem. Me fez lembrar de tudo. De quando eu era mais. Será que nada mudou? A vi de longe. E parecia mais longe que naquela época. De certo, enxergo menos hoje em dia. Afinal, passaram-se 6 ou 7 anos, se não me falha a memória.

Ah! Antes que eu me esqueça, te amo. Te amo linda Lua Cheia.